Obesidade cresce entre grávidas brasileiras, diz estudo; Nordeste é o mais afetado

Um estudo identificou aumento expressivo da obesidade entre grávidas brasileiras entre 2008 e 2022

Por Bruna Castelo Branco.

Um estudo realizado pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e pela Universidade Federal do Ceará (UFC) identificou aumento expressivo da obesidade entre gestantes brasileiras entre 2008 e 2022. Entre as mulheres adultas, a prevalência passou de 13,3% para 29,9%. No grupo de adolescentes grávidas, o índice cresceu de 4,5% para 10,4%. As taxas representam crescimento médio anual de 5,2% e 5,9%, respectivamente. Com informações da Agência Bori.

Publicado na sexta-feira (21) na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, o levantamento também aponta elevado consumo de alimentos ultraprocessados, como biscoitos recheados, salgadinhos e bebidas açucaradas. Embora a variação anual tenha permanecido estável, 90% das gestantes relataram ingerir ao menos um desses produtos no dia anterior à coleta de dados — proporção muito superior à média nacional de 18%.

Um estudo identificou aumento expressivo da obesidade entre grávidas brasileiras entre 2008 e 2022. | Foto: Ilustrativa/Pexels

A pesquisa analisou mais de 6,5 milhões de registros de peso e altura e mais de 319 mil informações sobre consumo alimentar de gestantes adultas e adolescentes cadastradas no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Os autores destacam que, por limitações metodológicas, não é possível estabelecer relação direta entre o alto consumo de ultraprocessados e o aumento da obesidade, mas afirmam que a tendência pode refletir o impacto do consumo contínuo desses produtos, caracterizados por excesso de calorias e baixa qualidade nutricional.

O Nordeste apresentou a maior frequência de consumo de ultraprocessados entre gestantes, especialmente adultas. Entre 2015 e 2022, o consumo anual de macarrão instantâneo, salgadinhos ou biscoitos salgados aumentou 1,8% na região, enquanto o de biscoitos recheados, doces e guloseimas subiu 1,6%. Entre adolescentes gestantes, houve ainda crescimento anual de 4,6% no consumo de hambúrgueres e embutidos.

Entre as mulheres adultas, a prevalência passou de 13,3% para 29,9%. No grupo de adolescentes grávidas, o índice cresceu de 4,5% para 10,4%. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Apesar da alta presença de ultraprocessados na dieta, o estudo identificou redução no consumo de bebidas adoçadas entre gestantes adolescentes: queda de 1% no Brasil e de 1,6% na região Norte entre 2015 e 2022. “A redução deste consumo entre gestantes é um achado inédito em nosso estudo. Tendências semelhantes já vinham sendo observadas na população adulta brasileira, especialmente pela diminuição da presença de refrigerantes nos domicílios”, afirma a pesquisadora da UFC Sthefani da Costa Penha, uma das autoras do trabalho.

Segundo Penha, a mudança pode refletir efeitos de políticas públicas e ações de educação alimentar adotadas nos últimos anos, como a segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, publicada em 2014, e seus materiais complementares.

O Nordeste apresentou a maior frequência de consumo de ultraprocessados entre gestantes, especialmente adultas. | Foto: Ilustrativa/Pexels

A equipe ressalta que o cenário de alta e estável prevalência de ultraprocessados na dieta, aliado ao avanço da obesidade, reforça a necessidade de ampliar iniciativas de vigilância e educação alimentar. “Investir na qualificação e ampliação da cobertura desses registros é essencial para que se possa avançar na promoção da alimentação adequada e no cuidado nutricional das gestantes”, conclui Sthefani Costa.

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