Mudança nas unhas ajuda homem a descobrir câncer de pulmão avançado

Um inchaço nas pontas dos dedos levou o educador Brian Gemmell a procurar ajuda médica

Por Da Redação.

Um inchaço nas pontas dos dedos levou o educador físico britânico Brian Gemmell a procurar ajuda médica e, consequentemente, descobrir um câncer de pulmão em estágio avançado. Sem apresentar sintomas respiratórios, Brian identificou por conta própria a alteração conhecida como baqueteamento digital — uma deformação visível nas extremidades dos dedos, caracterizada pelo aumento da curvatura das unhas e do volume das pontas dos dedos.

"Eu não tinha os sintomas considerados 'comuns' de câncer de pulmão. Meu sintoma inicial foi baqueteamento digital; as pontas dos meus dedos inchavam o tempo todo. Pesquisei no Google – como sempre – e encontrei um possível problema respiratório", relatou.

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Unhas com sinais de baqueteamento. | Foto: Murlidhar Rajagopalan/BMJ

Ao procurar um clínico geral, Brian foi rapidamente encaminhado para uma radiografia de tórax. “Comecei a ficar preocupado quando vi o técnico de raio-x chamar um radiologista. Depois fiz uma tomografia, e encontraram um tumor avançado no meu pulmão direito. O médico sugeriu uma biópsia, mas o cirurgião decidiu que o pulmão precisava ser removido. E assim foi”, contou.

De acordo com a instituição britânica Roy Castle, dedicada ao apoio de pacientes com câncer de pulmão, cerca de 90% dos diagnosticados inicialmente procuram um clínico geral, o que reforça a importância da avaliação médica precoce. No caso de Brian, essa agilidade foi decisiva.

“As pessoas acham que o câncer de pulmão é uma sentença de morte. Não é surpreendente, considerando as estatísticas de sobrevivência. Mas não precisa ser assim. Eu sou a prova de que não precisa ser. Mas é preciso que as pessoas certas façam acontecer”, afirmou em vídeo promocional da Roy Castle, que também contou com a participação do ex-treinador do Manchester United, Sir Alex Ferguson.

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Brian Gemmell descobriu câncer de pulmão após notar que estava com baqueteamento digital. | Foto: Roy Castle Lung Cancer Foundation

Após o diagnóstico e o tratamento, Brian retomou sua profissão com um novo foco: ele agora trabalha com a reabilitação física de pacientes com câncer de pulmão. Segundo ele, manter-se ativo durante o tratamento foi fundamental. Um estudo recente corrobora esse benefício, apontando que a prática de exercícios contribui para a força e o bem-estar dos pacientes oncológicos.

Como identificar o baqueteamento digital

O baqueteamento digital, ou hipocratismo digital, é uma alteração que evolui progressivamente. De acordo com artigo da Best Medicine Practice, nos estágios iniciais, a base da unha pode ficar mais macia e apresentar vermelhidão ou inflamação. Com o tempo, as unhas se curvam acentuadamente e os dedos ganham aspecto arredondado e inchado.

Um teste simples para identificar a condição é o teste da janela de Schamroth: ao encostar as unhas dos dedos indicadores uma na outra, deve-se observar um pequeno espaço em formato de losango. A ausência desse espaço pode indicar baqueteamento.

Com o tempo, as unhas se curvam acentuadamente e os dedos ganham aspecto arredondado e inchado. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Essa alteração está associada a doenças que causam deficiência crônica de oxigênio no sangue, incluindo problemas pulmonares, cardíacos, endócrinos e gastrointestinais. Em alguns casos, pode ocorrer de forma isolada.

Segundo o portal médico Medscape, o baqueteamento digital está presente em cerca de 35% dos casos de câncer de pulmão de células não pequenas, a forma mais comum e menos agressiva da doença. Em tumores de células pequenas, mais agressivos, a incidência é de aproximadamente 4%.

Sinais incomuns de câncer de pulmão

Além dos sintomas respiratórios típicos — como tosse persistente, dor torácica e escarro com sangue —, especialistas destacam sinais menos conhecidos:

  • Inchaço e vermelhidão no rosto

  • Voz rouca

  • Alterações nas pálpebras e pupilas

  • Dor no ombro

  • Perda de peso inexplicável

  • Cansaço excessivo

A American Cancer Society e o Hospital Albert Einstein alertam que o diagnóstico deve ser feito por um médico, pois esses sintomas podem estar ligados a diversas condições. Tecnologias como inteligência artificial e radiômica têm sido incorporadas para prever a progressão da doença e personalizar o tratamento.

Prevenção

O tabagismo continua sendo o principal fator de risco para o câncer de pulmão, responsável por cerca de 90% das mortes, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). O radiologista intervencionista Felipe Roth Vargas destaca que ações voltadas à cessação do tabagismo são fundamentais para reduzir a incidência da doença.

"Programas de apoio, como terapia de reposição de nicotina e medicamentos como a vareniclina, são amplamente utilizados para auxiliar os pacientes a parar de fumar", afirma.

A detecção precoce continua sendo o principal aliado contra o câncer de pulmão. O caso de Brian Gemmell exemplifica como atenção a sinais sutis pode mudar o curso da doença.

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