Estudo mostra o que fazer para manter o cérebro jovem; entenda

Uma combinação de dieta equilibrada, exercícios físicos regulares e treinamento cerebral pode melhorar a memória e o raciocínio em pessoas idosas, além de retardar os efeitos do envelhecimento cerebral. É o que revelam os primeiros resultados do estudo US POINTER, divulgado nesta segunda-feira (28) no Journal of the American Medical Association e apresentado durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, em Toronto, no Canadá.

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Com mais de 2.100 participantes entre 60 e 79 anos — todos sedentários e com risco elevado de desenvolver doenças cognitivas como Alzheimer — o estudo mostrou que aqueles submetidos a um programa intensivo de mudança de estilo de vida tiveram melhor desempenho em testes de memória e cognição em comparação com aqueles que apenas receberam orientações básicas.

“Essas pessoas estão obtendo pontuações de função cognitiva semelhantes àquelas apresentadas por pessoas um a dois anos mais jovens”, explicou Laura Baker, uma das autoras do estudo, em entrevista à NPR.

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Intervenção estruturada traz melhores resultados

O grupo de intervenção intensiva passou dois anos com:

• Exercícios aeróbicos quatro vezes por semana;

• Dieta mediterrânea, rica em vegetais, grãos integrais, azeite e peixes;

• Treinamento cognitivo on-line;

• Atividades sociais regulares;

• Monitoramento de pressão arterial e glicemia.

Apesar da dificuldade inicial, a maioria dos participantes conseguiu adotar e manter os novos hábitos, com apoio de coaching, supervisão constante e incentivo contínuo. “Não há como criar um novo hábito ou mudar um comportamento sem um trabalho intencional e regular”, destacou Baker.

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Efeitos potenciais contra demências

Embora os resultados iniciais se limitem ao envelhecimento cerebral normal, os cientistas acreditam que essas intervenções podem adiar o surgimento de sintomas de demências como Alzheimer, Parkinson e Demência Vascular.

O projeto já consumiu quase US$ 50 milhões (R$ 280 milhões) em investimentos da Associação de Alzheimer, com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) aportando recursos adicionais para exames cerebrais, análises sanguíneas e estudos do sono, cujos resultados devem ser divulgados ainda este ano.

Próximos passos

A Associação de Alzheimer planeja investir mais US$ 40 milhões (cerca de R$ 220 milhões) nos próximos quatro anos para aplicar os aprendizados do US POINTER na prática clínica. “A tradução da prescrição do estudo para a forma como a entregamos à comunidade é, sem dúvida, o próximo passo”, disse Heather Snyder, vice-presidente da Associação de Alzheimer.

A meta é que médicos e planos de saúde encarem mudanças de estilo de vida como verdadeiras intervenções médicas, com potencial preventivo comparável ao de medicamentos ou terapias.

Com base nas evidências, os pesquisadores defendem que hábitos saudáveis não apenas mantêm a mente ativa, mas podem, de fato, rejuvenescer o cérebro.