Antídoto do metanol: Anvisa libera fabricação de etanol injetável
Antídoto do metanol faz parte de uma medida temporária e emergencial da Anvisa, em meio ao aumento de casos
Em meio ao surto de intoxicações por metanol em bebidas alcoólicas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a produção de doses de etanol injetável, utilizado como antídoto para casos de intoxicação por essa substância.
A decisão foi publicada na sexta-feira (11), após análise da solicitação do laboratório Cristália, e toda a produção será doada ao Ministério da Saúde.
Até o momento, o país registra 246 notificações relacionadas ao consumo de bebidas adulteradas, sendo 29 casos confirmados e 217 em investigação. Outras 249 ocorrências foram descartadas.
Na quinta-feira (9), o governo brasileiro recebeu um lote com 2.500 unidades do antídoto fomepizol, reforçando o estoque estratégico do SUS destinado ao tratamento de intoxicações por metanol.
Processo de regularização
A Anvisa aprovou, em 3 de outubro de 2025, a Resolução 994/2025, que estabelece procedimentos temporários e emergenciais para a fabricação de álcool etílico injetável destinado ao tratamento de intoxicação por metanol.
Para regularizar o medicamento, a empresa fabricante deve estar sediada no Brasil e atender aos requisitos sanitários previstos pela Agência. Os medicamentos produzidos deverão seguir critérios técnicos de qualidade para uso humano e terão validade de até 120 dias.
O reforço na produção do etanol injetável é uma das medidas adotadas pela Anvisa para enfrentar o aumento dos casos de intoxicação por metanol no país.
O que é metanol?
O metanol, também conhecido como álcool metílico, é um composto químico da família dos álcoois. Líquido, incolor e inflamável, tem cheiro e sabor semelhantes ao do etanol, álcool presente nas bebidas alcoólicas, o que o torna quase indetectável quando misturado a elas.
Diferente do etanol, o metanol é usado principalmente como insumo na indústria química, na fabricação de solventes, adesivos, pisos e revestimentos. Apesar de sua importância industrial, é altamente tóxico para o consumo humano e pode ser letal mesmo em pequenas quantidades.
Antes, as ocorrências estavam, majoritariamente, associadas a pessoas em extrema vulnerabilidade ou população em situação de rua, ambos a partir de ingestão de álcool em postos de gasolina adulterados com a substância.
No entanto, a partir do início do mês de setembro, em um curto intervalo de tempo, os pacientes intoxicados apresentaram histórico de ingestão recente de bebidas alcoólicas destiladas em cenas sociais de consumo alcoólico de padrões inéditos, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky e vodka, entre outros.
Até o momento, não existe nenhum teste caseiro confiável que possa ser feito antes do consumo de bebidas alcoólicas. A única forma de identificar o envenenamento é a partir dos sintomas, que costumam surgir entre seis e 12 horas após a ingestão da substância.
Entre os sintomas estão: desconforto abdominal, visão turva, dor de cabeça intensa, náusea, tontura e rebaixamento do nível de consciência.
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