New York Times: 'Ninguém desafia Trump como o presidente Lula'

Postura do presidente do Brasil, Lula, em relação a Donald Trump, foi destaque em edição do NYT

Por Juana Castro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista ao The New York Times, publicada na madrugada desta quarta-feira (30), que o Brasil não aceitará imposições do governo norte-americano e buscará novos parceiros comerciais diante do anúncio de tarifas sobre produtos brasileiros.

A reportagem do jornal, intitulada "Ninguém está desafiando Trump como o presidente do Brasil", destacou a postura do líder brasileiro frente ao aumento de tensões comerciais com os Estados Unidos.

Presidente Lula diz que Brasil negociará como país soberano | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Brasil não se comportará como 'um país pequeno', diz Lula

Ao comentar a taxação de 50% sobre as exportações brasileiras para os EUA - o chamado tarifaço - Lula foi enfático: “O Brasil não vai negociar como se fosse um país pequeno diante de um país grande”, afirmou, segundo o NYT. Ainda segundo o jornal, Lula teria dito que “não aceitará ordens do presidente Trump” e que o republicano estaria “violando a soberania do Brasil”.

As novas tarifas, anunciadas pelo governo Trump, devem entrar em vigor já nesta sexta-feira (1º), caso não haja mudança de cenário.

Lula diz que buscará novos mercados

Lula afirmou ao jornal norte-americano que, caso os Estados Unidos deixem de comprar produtos brasileiros, o país buscará alternativas. “Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo de nós, nós vamos atrás de quem queira. Temos uma relação comercial extraordinária com a China”, disse o presidente.

Ele também relatou que tenta contato com Donald Trump para discutir as tarifas, mas que “ninguém quer conversar”. Apesar disso, Lula afirmou que está aberto ao diálogo: “Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim - para quem pagar mais”, declarou, ao rejeitar qualquer tipo de alinhamento automático com China ou Estados Unidos.

Donald Trump oficializou tarifaço nesta quarta-feira (30) | Foto: arquivo

Lula: sem preferência ideológica

O presidente brasileiro disse que não tem nada contra a ideologia de Trump e ressaltou que a eleição do republicano é uma decisão interna dos norte-americanos. “Trump é uma questão para o povo americano lidar. Eles votaram nele. Fim da história”, afirmou.

Lula também rechaçou comparações com o período da Guerra Fria: “Se os Estados Unidos e a China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos”.

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'No Brasil, a lei é para todo mundo', afirma Lula

Em vídeo publicado no perfil oficial do presidente Lula no Instagram, o chefe do Executivo do Brasil relembrou a carta de Trump colocando "condições" favoráveis a Bolsonaro para evitar o "tarifaço" e reforçou: "Possivelmente ele [Donald Trump] não saiba que aqui no Brasil a Justiça é independente do Poder Executivo e do Poder Legislativo. Aqui são três poderes totalmente autônomos".

Lula continuou: "O Brasil tem uma constituição e esse presidente [Jair Bolsonaro] está sendo julgado pela Suprema Corte Brasileira, com total direito de defesa. As acusações não são feitas pelo governo; são feitas pelas delações de amigos generais e coroneis dentro do Governo Bolsonaro - e a acusação é feita pela Procuradoria Geral da República que tem total autonomia. E, pra mim, o processo tem que transcorrer livremente, sem intromissão da política nesse processo, porque aqui no Brasil a lei é para todo mundo".

Veja abaixo:

 

 

China sinaliza apoio ao Brasil

Diante da escalada de tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, a China indicou disposição para ampliar a parceria com o governo brasileiro. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, afirmou que o país está pronto para trabalhar com o Brasil para “defender conjuntamente o sistema multilateral de comércio centrado na OMC e proteger a justiça e a equidade internacional”.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de maior abertura às exportações brasileiras, Jiakun declarou que a China está disposta a “promover a cooperação com base em princípios de mercado”.

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