Menos de 3% das praias de Salvador são próprias para banho o ano inteiro
Dado revelado pelo Plano Municipal de Saneamento Básico: Menos de 3% das praias de Salvador são próprias para banho o ano inteiro
Por João Tramm.
Salvador, conhecida mundialmente pelo seu litoral extenso e pela beleza de praias como Porto da Barra, Itapuã e Flamengo, enfrenta uma realidade preocupante: menos de 3% das praias de Salvador são próprias para banho o ano inteiro
O dado, revelado pelo Plano Municipal de Saneamento Básico Integrado (PMSBI), mostra que a poluição da água virou regra na capital baiana. Rios e córregos urbanos estão praticamente todos contaminados, e o esgoto irregular lançado sem tratamento acaba desaguando diretamente no mar.
Indicador | Situação em Salvador |
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Praias próprias em 100% das análises | 2,80% |
Pontos de rios/bacias com qualidade de água "Boa" | 2,04% |
Meta até 2026 | 22% de praias próprias |
Meta até 2030 | 42% de praias próprias |
Meta até 2042 | 100% de praias próprias |
Menos de 3% das praias de Salvador são próprias para banho
Apenas 2,80% da sua orla está em condições próprias para banho em todas as análises realizadas. De acordo com o levantamento, as regiões mais críticas estão ligadas a bacias hidrográficas e de drenagem natural que despejam água poluída na orla.
Entre as bacias de drenagem natural, os piores resultados aparecem em:
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São Tomé de Paripe
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Itapagipe
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Amaralina/Pituba
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Armação/Corsário
Já entre as bacias hidrográficas, a poluição é mais grave nos trechos do Lucaia e de Ondina.
Um dos exemplos mais alarmantes é a Bacia de Itapagipe, que concentra 49 Captações em Tempo Seco (CTS) — estruturas criadas para interceptar o esgoto lançado irregularmente nas galerias pluviais. Já a Bacia do Lucaia tem 37 CTS. Esses números revelam que o esgoto continua correndo de forma clandestina, contaminando praias conhecidas da orla.
As bacias da Península, Periperi, Pituba, Barra, Paripe, Lucaia e Itapuã também aparecem como áreas com grande necessidade de intervenção.
Esgoto clandestino: a raiz do problema
Grande parte da contaminação vem de locais conhecidos como “trechos críticos”, geralmente áreas de ocupação irregular, onde o sistema de saneamento não chegou. Nessas regiões, o esgoto é desviado para rios, riachos ou galerias de água da chuva, que acabam levando os dejetos direto para o mar.
Atualmente, Salvador conta com 198 Captações em Tempo Seco (CTS) espalhadas pela cidade. Em teoria, essas estruturas deveriam ser soluções emergenciais, mas, por falta de investimentos estruturais, se tornaram permanentes. O resultado é a sobrecarga do sistema de esgoto e a legitimação do lançamento de dejetos nos cursos d’água.
Situação ainda pior nas ilhas
Se no continente a situação já é grave, nas ilhas de Salvador — Ilha de Maré, Ilha de Bom Jesus dos Passos e Ilha dos Frades — o problema é ainda mais crítico.
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Ilha de Maré: tem 0% de cobertura de esgotamento sanitário. O esgoto corre a céu aberto embaixo das casas e deságua na Baía de Todos os Santos, contaminando o solo e a água.
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Ilha de Bom Jesus dos Passos: possui cobertura de apenas 37,80%.
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Ilha dos Frades: chega a 44,03%, mas ainda enfrenta sérios problemas.
Mesmo onde há estações de tratamento, como na ETE de Ponta de Nossa Senhora, na Ilha dos Frades, a estrutura está em estado precário. Além disso, tanto ali quanto em Bom Jesus, as estações funcionam com menos da metade da capacidade, o que compromete o tratamento.
Falta de banheiros públicos na orla
Outro ponto apontado pelo estudo é a carência de sanitários públicos ao longo da orla de Salvador. Em muitas praias, só existem banheiros químicos, em condições precárias.
Esse problema afeta diretamente não só banhistas, mas também os mais de 14 mil comerciantes informais licenciados que atuam nas praias, além da população em situação de rua. O Plano prevê a instalação de banheiros em trechos como Comércio, Paripe, Periperi, Pituba, Armação, Itapuã, Flamengo, Barra, Península e Baixo Jaguaribe.
Plano Municipal de Saneamento
O Plano apresenta metas para combater a realidade e foi publicado no Diário Oficial da Câmara na última semana. O projeto ainda segue para tramitação. O PMSBI estabeleceu metas para mudar essa realidade: até 2026, a previsão é que 22% das praias sejam próprias em todas as análises; até 2030, o índice deveria chegar a 42%; e, até 2042, alcançar os 100%.
O custo estimado para resolver os problemas de água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos até 2042 é de R$ 41,05 bilhões.
A dificuldade de saneamento atinge não só Salvador, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 92,9% da população brasileira usa internet em casa, mas apenas 66,1% têm acesso a saneamento básico.
Além disso, afeta diversos setores, como o da educação. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 revelou desigualdades preocupantes na infraestrutura das escolas públicas brasileiras, com efeitos particularmente graves para o Nordeste. O levantamento aponta que apenas 30,8% das escolas da região têm rede de esgoto.
Além disso, em janeiro, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) divulgou a lista de praias impróprias para banha em Salvador.
São Tomé de Paripe – Em frente à casa Vila Maria, ao lado da rampa de acesso à praia.
Tubarão – Em frente ao conjunto habitacional abandonado, próximo à antiga fabrica de cimento.
Periperi – Na saída de acesso à praia, após travessia da via férrea.
Penha – Em frente à barraca do Valença.
Bogari – Em frente ao Colégio da PM (antigo Colégio João Florêncio Gomes).
Bonfim – Ao lado da quadra de esportes, em frente à rampa de acesso à praia.
Pedra Furada – Atrás do Hospital Sagrada Família, em frente à ladeira que dá acesso à praia.
Rio Vermelho – Próximo à escada de acesso à praia, em frente à igreja Nossa Senhora de Santana.
Amaralina – Em frente à Rua do Balneário, ao Edifício Atlântico e à Praça do Budião.
Boca do Rio – Em frente ao posto Salva Vidas.
Patamares – Em frente ao posto Salva Vidas Patamares. Próximo ao Coliseu do Forró e Caranguejo de Sergipe.
Itapuã – Em frente à Sereia de Itapuã.
Farol de Itapuã – Em frente à Rua da Música (Rua K).
COSTA DOS COQUEIROS – LITORAL NORTE
Buraquinho – A cerca de 200 m da foz do Rio Joanes.
Praia do Forte – Em frente à igrejinha.
Lord – Chegada, no trecho principal da praia.
Imbassaí – Em frente às barracas de praias da localidade, próximo à foz do Rio Imbassaí.
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