Hamilton na mira? Comitê de Ética deve apurar invasão na Câmara
Com aprovação do Comitê de Ética, Vereador Hamilton Assis (PSOL) entra na mira de governistas como incitador de invasão na Câmara
Por João Tramm.
A Câmara Municipal de Salvador oficializou nesta terça-feira (17), última sessão antes do recesso legislativo, a criação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Embora os discursos neguem que a medida tenha endereço certo, o nome do vereador Hamilton Assis (PSOL) surge como um dos principais principais focos da nova comissão. Governistas falam abertamente sobre apurações que devem mirar a conduta do parlamentar durante a invasão que tomaram o plenário da Casa no fim de maio.
“O Conselho foi instalado pra apurar os fatos do dia 27 e a participação do vereador Hamilton como incitador da violência”, afirmou o vereador Maurício Trindade (PP). Para ele, a postura da base do governo será mais firme a partir de agora: “Os governistas deverão ter uma postura mais rigorosa em relação às iniciativas da oposição, pois alguns oposicionistas têm agido abertamente contra os vereadores do governo", acrescentou.
Apesar do contexto punitivo a Hamilton, o presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), reafirmou o tom institucional à medida.
“O Conselho de Ética não foi criado por causa do vereador Hamilton. Nós teríamos que criar de qualquer forma. É algo que tanto ele quanto qualquer vereador, seja de oposição ou da base, pode vir a responder”, explicou Muniz.
Ele também destacou que o novo colegiado poderá atuar em casos diversos: “Vou dar como exemplo o da vereadora Eliete [Paraguassu], que se sentiu ofendida pelo vereador Cláudio Tinoco. Ela pode pedir que esse Conselho faça alguma investigação sobre isso”, acrescentou.
Conselho surge após invasão
A criação do Conselho ocorre pouco mais de três semanas após a invasão ao plenário do Centro de Cultura, liderada por servidores públicos, em sua maioria ligados à APLB Sindicato e ao Sindseps, durante a polêmica votação do reajuste salarial enviado pelo Executivo. O episódio elevou a tensão entre parlamentares e culminou na proposta apresentada por Claudio Tinoco (União Brasil), aprovada com apoio da maioria.
A comissão terá como presidente o vereador Alexandre Aleluia (PL), com Tinoco como vice e Cris Correia (PSDB) na secretaria. Completam o grupo os vereadores Duda Sanches (União Brasil), Cezar Leite (PL), Marta Rodrigues (PT) e Hélio Ferreira (PCdoB).A escolha foi definida respeitando a proporcionalidade partidária.
O novo Conselho poderá propor sanções por quebra de decoro, desde advertências até a cassação de mandato. Para Tinoco, Hamilton deu declarações que inflamaram o ambiente e precisam ser apuradas.
“Penso que Hamilton contribuiu muito para a quebra de decoro. Ao dizer que havia sido votado numa ‘sessão secreta’, lançou uma mentira que acirrou os ânimos e jogou combustível naquela fogueira que se transformou a Câmara”, declarou.
Segundo Tinoco, o processo de cassação é político-administrativo, e tudo pode acontecer “inclusive nada”. De todo modo, a Casa entra entrou em recesso, com a votação da LDO na última terça-feira (17), e volta apenas em agosto.
Procurado, o vereador Hamilton Assis (PSOL) não retomou nosso contato.
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