Após invasão, oposição alega sofrer represália em votação de projetos
Vereadores alegam que invasão do plenário na votação dos servidores pode ter gerado maior rigidez ante os projetos apresentados pela oposição
Por João Tramm.
Em votação que precedeu o recesso junino, a Câmara de Salvador votou, nesta terça-feira (18), os projetos que estavam aguardando apreciação dos vereadores. Dentre essas pendências, estava a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mandatária para ser apreciada antes do encerramento do semestre na Casa. Apesar disso, o fator que chamou atenção no plenário foi a rígida avaliação de proposições dos vereadores que, normalmente, eram facilmente aprovados, como Projetos de Indicação e Moções.
A oposição apresentou 40 projetos para serem votados, sendo 9 deles rejeitados, o que gerou revolta no grupo de minoria, em especial porque essas matérias não exigiam cumprimento do Executivo, mas apenas uma sugestão ao Executivo. Apesar de protocolar, a negativa destas pautas gerou revolta na base, levantando questionamentos se seria uma retaliação a da invasão plenária ocorrida no último dia 27 de maio, durante a votação do reajuste dos servidores municipais.
“Retrocesso e arrogância do prefeito e de sua base na Câmara, foi antidemocrática. Eles estão sempre com narrativa do dia da votação dos projetos dos servidores, mas a real é que a falta sensibilidade do Prefeito, o que levou os servidores a irem para Câmara com sua indignação e com os ânimos alterados”, opinou a vereadora Marta Rodrigues (PT) ao Aratu On.
Do lado governista, apesar de reconhecer existir maior rigor com os efeitos do episódio de maio, o líder da bancada do governo, Kiki Bispo (UB), atrelou o resultado da votação desta terça à falta de diálogo do grupo da minoria: “Pesou alguns aspectos ideológicos, mas isso faz parte da democracia. Mas e quando a oposição votou contrário em algumas indicações, por ideologia ou autonomia de cada parlamentar, foi represália a base do governo? Ocorre que a exemplo da votação do fatídico dia 27, a liderança da oposição tem muita dificuldade em buscar acordo que facilitam muito as formalidades legislativas”, ponderou ao Aratu On.
O vereador Cláudio Tinoco (UB), além de reconhecer os efeitos da invasão na votação, afirmou que o grupo está mais coeso e rígido ante a oposição. “O que passamos uniu ainda mais a nossa base e o diálogo está mais intenso e fluido. É verdade que algumas posturas podem ter ficado mais rígidas ou atenciosas mesmo. É verdade que eu fiquei muito tenso nos dias seguintes, mas acaba que nos tornamos mais solidários uns com os outros da bancada”, acrescentou ao Aratu On.
Retirada de pauta
Durante a sessão, a bancada de oposição chegou a ameaçar retirar os projetos da pauta, visto a falta de aprovação para votação dos itens da oposição. Apesar disso, a bancada governista reagiu e negou a possibilidade, regimental, de tirar projetos da votação quando ela já está iniciada. Segundo o vereador Cláudio Tinoco (UB), a oposição tinha muitas propostas que teriam voto a favor da base governista, por isso a retirada seria um erro: “não pode ser caracterizado como uma postura persecutória”, afirmou.
O presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), reiterou que não houve acordo para dificultar a aprovação das pautas da oposição e que, por ele, todos os projetos seriam aprovados.
“A minha parte eu fiz. Não posso pedir para que a base de governo vote nos projetos dos colegas de oposição. Eu falei aos vereadores que cada um pedisse o seu voto, antes até mesmo de colocá-los em votação, para que eles não fossem surpreendidos com os projetos como foram. Por mim, todos os projetos de indicação, resoluções e moções seriam aprovados, mas eu não voto”, declarou.
Projetos aprovados:
Ainda foi destaque no dia, a proposta de resolução para a criação formal do Conselho de Ética da Casa. O colegiado ganhou força desde a invasão da Casa, em que a oposição também entendeu como forma de represália ao grupo, em especial ao vereador Hamilton (PSOL), acusado de insuflar o episódio.
Além do racha exposto, foram aprovados quase 182 matérias de autorias dos vereadores aprovadas, dentre moções, requerimentos e projetos. A principal proposta aprovada foi a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) que previa um orçamento de R$ 13, 1 bilhões para capital em 2026, sendo 50% com previsão para as áreas prioritárias: saúde e educação. A matéria financeira foi aprovada com 34 votos a favor e nove contra. O parecer da vereadora Marta Rodrigues classificou os resultados econômicos da utual gestão como frustrantes
“É uma proposta que não reflete a prudência necessária, não assegura recursos para as políticas públicas municipais, nem se resguarda diante de possíveis imprevistos. Ignora o Plano Plurianual e ainda se apoia na desafetação e leilão de áreas verdes, dentro de uma política imobiliária que já se mostrou ineficaz. E ainda traz a previsão de renúncias fiscais no transporte público municipal, feitas sem qualquer contrapartida que garanta melhorias reais no sistema”, declarou no plenário.
Com a votação da LDO, os edis entram em recesso até 31 de julho.
Projetos rejeitados:
PROJETO DE INDICAÇÃO Nº 200/23
Indica ao prefeito, que revogue o art. 11 do Decreto Municipal 11.228/1996, extinguindo a limitação de uso diário e mensal das meias-passagens estudantis no transporte coletivo público de ônibus em Salvador. Autora: vereadora Marta Rodrigues.
PROJETO DE INDICAÇÃO Nº 201/23
Indica ao prefeito, que, edite o art. 2º do Decreto Municipal 24.088/2013, aumentando de 02(duas) para 03(três) horas o prazo para uso do sistema de integração do transporte coletivo público de ônibus em Salvador. Autora: vereadora Marta Rodrigues.
PROJETO DE INDICAÇÃO 209/25
Indica ao Sr. Prefeito Bruno Reis a previsão e regulamentação de cargo de provimento efetivo de Assistente de Desenvolvimento Infantil (ADI) no Plano de Carreira e Remuneração dos Servidores da Educação do Município de Salvador. Autor: vereador professor Hamilton Assis (PSOL).
MOÇÃO Nº 72/25
Apoio ao deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) que enfrenta um processo injusto de cassação do seu mandato na Câmara dos Deputados. Autor: vereador Professor Hamilton Assis (PSOL).
MOÇÃO Nº 104/25
Apoio aos moradores das comunidades tradicionais de Fundo e Fecho de Pasto e aos militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Oeste da Bahia, que vêm sofrendo um processo de perseguição e criminalização por defenderem seus territórios. Autor: vereador Professor Hamilton Assis (PSOL).
REQUERIMENTO Nº 197/25
Requer à Mesa, ouvido o Plenário, a realização de Sessão Especial Pelo Fim da Escala 6 x 1. Autor: vereador Professor Hamilton Assis (PSOL).
REQUERIMENTO Nº 198/25
Requer à Mesa, ouvido o Plenário, a criação e instalação da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Pagamento Integral do Piso Salarial aos Profissionais da Educação de Salvador. Autor: vereador Professor Hamilton Assis (PSOL).
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