Esposa e filho de deputado Binho Galinha são presos em operação da PF
Ação conjunta com o MP-BA mira grupo acusado de lavar dinheiro de jogo do bicho e agiotagem; Binho Galinha seria líder do esquema
Por Matheus Caldas.
A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público da Bahia (MP-BA) deflagraram, na manhã desta quarta-feira (1º), a operação Estado Anômico. Entre os alvos estão a esposa e o filho do deputado estadual Binho Galinha (PRD), que foram presos em Feira de Santana. As informações são do jornal A Tarde.
Mayana Cerqueira da Silva e João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano já haviam sido detidos em 2023, mas foram soltos em abril de 2024.
Além deles, outras seis pessoas foram presas no município. Ao todo, os agentes cumprem dez mandados de prisão preventiva, incluindo um contra o parlamentar. Até o momento, ele não foi localizado.
De acordo com a PF e o MP-BA, o objetivo é desarticular uma organização criminosa supostamente comandada por Binho Galinha. O grupo é investigado por lavagem de capitais oriundos do jogo do bicho, agiotagem, extorsão, receptação qualificada e outros crimes.
A operação mobilizou cerca de 100 policiais federais, 11 auditores-fiscais e três analistas tributários da Receita Federal. Também estão sendo cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em Feira de Santana, São Gonçalo dos Campos e Salvador.
A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 9 milhões das contas dos investigados e a suspensão das atividades econômicas de uma empresa.
Segundo os órgãos, “se condenados pelos crimes cometidos, os investigados se sujeitarão a penas máximas que, somadas, podem ultrapassar 50 anos de reclusão”.
O nome da operação faz referência ao conceito de “estado anômico”, caracterizado pela ausência ou enfraquecimento das normas e valores sociais, o que gera desorganização e incerteza.
A Estado Anômico é um desdobramento da operação El Patrón, deflagrada em dezembro de 2023, que já resultou em denúncias contra 15 pessoas, incluindo o deputado e familiares.
Operação El Patrón
Em agosto, o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), reverteu decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que havia anulado provas colhidas na Operação El Patrón contra Binho Galinha e outros investigados por integrar milícia em Feira de Santana. Além do deputado, são réus a esposa, Mayana Cerqueira da Silva, e o filho, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano.
A decisão monocrática de Zanin, à época, acatou recurso do Ministério Público da Bahia (MP-BA) contra a alegação de problemas processuais. O ministro reconheceu a legalidade do compartilhamento de informações financeiras.
O STF frisou que não houve indícios de abuso por parte das autoridades, como o chamado “fishing expedition”, e que a solicitação da Polícia Federal foi precedida de procedimento investigativo formal. A Primeira Turma da Corte ainda rejeitou recurso apresentado pelo parlamentar.
Quem é Binho Galinha
Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, é apontado pelo MP-BA como líder de uma organização criminosa atuante em Feira de Santana. A denúncia atribui ao grupo atividades de milícia, receptação, jogo do bicho, extorsão, agiotagem, lavagem de dinheiro e outros crimes.
Deflagrada em dezembro de 2023, a Operação El Patrón cumpriu dez mandados de prisão preventiva, 33 de busca e apreensão, bloqueio de R$ 200 milhões em contas bancárias e sequestro de 40 imóveis urbanos e rurais, além da suspensão de atividades de seis empresas.
O Ministério Público calculou em R$ 700 milhões o valor total cobrado, incluindo danos morais supostamente causados pela organização.
Na época, o deputado afirmou, em nota, que confiava na Justiça e que estava à “disposição para dirimir dúvidas e contribuir quanto à transparência dos fatos”.
Binho Galinha foi denunciado em 2023, pelo MP-BA, pela prática de receptação, contravenção do jogo do bicho, extorsão, agiotagem, lavagem de capitais e outros delitos. Outras 14 pessoas também foram denunciadas pelo Ministério Público.
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