Ministério Público pede prisão preventiva do deputado Binho Galinha
Foi solicitado a prisão preventiva do deputado Binho Galinha após politico não ser encontrado durante operação contra organização criminosa
Por Ananda Costa.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) pediu a prisão preventiva do deputado Binho Galinha durante a Operação Estado Anômico, deflagrada na manhã desta quarta-feira (1º).
+ Deputado Binho Galinha é acusado de chefiar esquema criminoso de R$ 100 milhões
Segundo as investigações, o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha, é apontado como líder de uma organização criminosa com estrutura complexa, supostamente envolvida em lavagem de dinheiro, exploração do jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada, comércio ilegal de armas e associação para o tráfico.
Ao todo, dez pessoas foram alvo de mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão em Salvador, Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos. O deputado não foi localizado até o momento.
A Justiça determinou o bloqueio de até R$ 9 milhões em bens dos investigados e a suspensão das atividades de uma empresa usada para a lavagem de capitais.
A ação, que é um desdobramento da Operação El Patrón, é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), em parceria com a Polícia Federal, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), a Força Correcional Integrada (Force) e a Corregedoria da Polícia Militar.
Quem é Binho Galinha
Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha, é apontado pelo MP-BA como líder de uma organização criminosa atuante em Feira de Santana. A denúncia atribui ao grupo atividades de milícia, receptação, jogo do bicho, extorsão, agiotagem, lavagem de dinheiro e outros crimes.
Deflagrada em dezembro de 2023, a Operação El Patrón cumpriu dez mandados de prisão preventiva, 33 de busca e apreensão, bloqueio de R$ 200 milhões em contas bancárias e sequestro de 40 imóveis urbanos e rurais, além da suspensão de atividades de seis empresas.
O Ministério Público calculou em R$ 700 milhões o valor total cobrado, incluindo danos morais supostamente causados pela organização.
Na época, o deputado afirmou, em nota, que confiava na Justiça e que estava à “disposição para dirimir dúvidas e contribuir quanto à transparência dos fatos”.
Binho Galinha foi denunciado em 2023, pelo MP-BA, pela prática de receptação, contravenção do jogo do bicho, extorsão, agiotagem, lavagem de capitais e outros delitos. Outras 14 pessoas também foram denunciadas pelo Ministério Público.
Julgamento
No último dia 23 de setembro, três delegados foram ouvidos como testemunhas de acusação das audiências de instrução e julgamento dos réus da Operação El Patrón. Um deles é o deputado estadual Binho Galinha (PRD), apontado como líder de grupo miliciano com atuação em Feira de Santana.
A audiência ocorre deste a última terça-feira e segue durante esta semana, no Fórum Filinto Bastos, em Feira. Segundo a TV Subaé, um dos delegados ouvidos é federal.
De acordo com a reportagem, Binho Galinha acompanhou pessoalmente o primeiro dia de depoimentos. Além dele, outras 13 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). Os julgamentos acontecerão até esta quinta-feira (25).
Na próxima semana, Binho Galinha comparecerá ao Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), em Salvador, para julgamento um habeas corpus pedido por ele. O mérito será julgado pela Segunda Turma da Primeira Câmara Criminal da Corte.
O colegiado vai julgar um habeas corpus apresentado pela defesa de Binho Galinha contra decisões da 1ª Vara Criminal de Feira de Santana. O processo tramita em segredo de Justiça, portanto, não há mais detalhes a respeito do processo.
Relembre todo o caso antes do pedido de prisão preventiva do deputado Binho Galinha
Por que Binho Galinha é apontado pela PF como chefe de milícia? No dia 7 de dezembro de 2023, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação El Patrón, com o objetivo de desarticular uma sofisticada organização criminosa liderada pelo deputado estadual Binho Galinha (Patriota), em Feira de Santana. Segundo as investigações, o grupo era especializado em práticas ilícitas como lavagem de dinheiro, jogo do bicho, agiotagem, extorsão e receptação qualificada.
A operação revelou o envolvimento de três policiais militares, que atuavam como o braço armado do grupo, realizando cobranças mediante violência e grave ameaça. Relatórios da Receita Federal também apontaram inconsistências fiscais, movimentações financeiras incompatíveis e bens não declarados.
As investigações revelaram que a organização movimentou mais de R$ 100 milhões ao longo de uma década. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 200 milhões em bens, incluindo fazendas, imóveis urbanos, veículos e contas bancárias de empresas ligadas ao grupo. Além disso, seis delas tiveram suas atividades suspensas.
À época, em nota enviada à imprensa, Binho Galinha negou o cometimento de todos os crimes e afirmou colaborar com a Justiça no processo. Confira abaixo:
“O deputado estadual Binho Galinha (Patriota) se manifesta para afirmar que está à disposição da Justiça para esclarecer os fatos envolvendo seu nome e de familiares na operação denominada de “El Patron”, deflagrada pela Polícia Federal.
Binho Galinha ressalta, ainda, que tem acompanhado os desdobramentos das investigações com tranquilidade e colaborado com o Poder Judiciário.
Esposa de Binho Galinha é presa
- Em dezembro de 2023, a Justiça denunciou a esposa de Binho, Mayana Cerqueira da Silva, de 43 anos, e o filho deles, João Guilherme Cerqueira, 18.
- Em fevereiro deste ano, a polícia prendeu um dos assessores de Binho Galinha na Assembleia Legislativa (AL-BA), Bruno Borges França, de 43 anos.
- Em março, Mayana teve a prisão domiciliar decretada e, no mês seguinte, a prisão foi convertida para preventiva, durante deflagração da Operação Hybris, um desdobramento da Operação El Patrón, em Feira de Santana.
Na Operação Hybris, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão – dentre eles, aparecem um tenente-coronel da Polícia Militar e quatro PMs, que dariam apoio armado ao grupo miliciano. A Justiça ainda bloqueou, aproximadamente, R$ 4 milhões das contas bancárias dos investigados.
Segundo a entidade, o objetivo da Hybris é desarticular “uma estruturada e sofisticada organização criminosa especializada na lavagem de capitais advindos de jogo do bicho, agiotagem, extorsão, receptação qualificada, entre outras infrações penais”, que atuaria em Feira de Santana e cidades vizinhas.
Em denúncia oferecida à Justiça, o Ministério Público apontou que foram achados mais de 120 contatos de policiais na agenda telefônica de Binho Galinha.
No dia 21 de agosto, outra pessoa foi presa pela PF, em Feira de Santana. O detido, que estava foragido desde a primeira fase da operação, deflagrada em 7 de dezembro do ano passado, é suspeito de atuar como operador financeiro do grupo. Ele é acusado de movimentar grandes quantias em sua conta bancária, com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos valores e criar uma falsa desconexão das atividades criminosas.
Até o momento, 15 pessoas foram denunciadas pela Justiça na 'El Patrón'. Confira abaixo:
1. Kléber Cristian Escolano de Almeida (Binho Galinha);
2. Thierre Figueiredo Silva;
3. Nilma Carvalho Pereira;
4. Ruan Pablo Pereira Carvalho;
5. Alexandre Pereira dos Santos;
6. Washington Martins Silva;
7. Mayana Cerqueira da Silva;
8. João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano;
9. Jorge Vinícius de Souza Santana Piano;
10. Jackson Macedo Araújo Júnior;
11. Vagney dos Santos Aquino;
12. Josenilson Souza da Conceição;
13. Roque de Jesus Carvalho;
14. Bruno Borges França;
15. Kleber Herculano de Jesus
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