Relator da ONU para Territórios Palestinos pede demissão
Relator da ONU para Territórios Palestinos pede demissão
O relator especial das Nações Unidas para os Territórios Palestinos ocupados pediu demissão nesta segunda-feira (4) para protestar pela falta de acesso às zonas que supostamente deveria supervisionar – anunciou a ONU.
“O relator especial da ONU Makarim Wibisono apresentou hoje sua demissão ao presidente do Conselho de Direitos Humanos, e será efetivada a partir de 31 de março de 2016”, assinala a entidade em um comunicado.
O texto afirma ainda que Wibisono expressou seu “profundo pesar pelo fato de que, durante seu mandato, Israel não permitiu que tivesse acesso aos Territórios Palestinos ocupados”.
Ele entrega o cargo em 31 de março, após a próxima sessão do Conselho de Direitos Humanos, que acontece entre 29 de fevereiro e 24 de março. No evento, Wibisono apresentará seu último relatório.
Makarim Wibisono assumiu o cargo em junho de 2014, substituindo o americano Richard Falk, que também não foi autorizado por Israel a visitar os Territórios Palestinos.
Nesta segunda-feira, Israel alegou que o mandato do relator especial da ONU era “de saída enviesado em favor dos palestinos”.
“Do ponto de vista israelense, os dados estavam viciados desde o primeiro dia. Considerando-se seu mandato anti-israelense desde o início, ele não podia ter uma visão imparcial”, declarou à AFP um porta-voz do Ministério israelense das Relações Exteriores, Emmanuel Nahshon.
“O mandato do relator estava redigido de tal maneira que ele não poderia fazer seu trabalho de modo objetivo e justo, com toda atenção dirigida para a narrativa palestina e ignorando os ataques contra civis israelenses”, completou.
Desde sua posse, Wibisono solicitou diversas vezes – por escrito e oralmente – às autoridades israelenses o acesso aos territórios palestinos, relatou da ONU.
Em outubro passado, o relator especial fez um novo pedido, mas não obteve resposta, declarou o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU.
“Tenho a esperança sincera de que aquele que me sucederá conseguirá resolver o impasse atual e garantir ao povo palestino que, depois de quase meio século de ocupação, o mundo não esqueceu de sua situação desesperada e que os direitos humanos são universais”, afirmou Wibisono.
É importante que Israel coopere “totalmente, incluindo a permissão do acesso sem obstáculos aos Territórios Palestinos ocupados”, insistiu.
O relator especial é considerado o especialista da ONU no mais alto nível para as questões de direitos humanos nos Territórios Palestinos. É nomeado pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, uma instituição com a qual Israel tem relações conflituosas.
Israel já boicotou sessões desse órgão diversas vezes por considerá-lo “totalmente politizado”.