ENEM DO BEM: Grupo organiza festa para pagar inscrição de prova para jovens negros; Veja vídeo
ENEM DO BEM: Grupo organiza festa para pagar inscrição de prova para jovens negros; Veja vídeo
Em seu uso formal, o termo quebrança significa o momento em que as ondas se quebram nos rochedos do mar. Para os produtores e o público da festa Quebrança, a ser realizada nesta sexta-feira (5/5), no Rio Vermelho, a palavra significa a chance de jovens negros e periféricos de se inscreverem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Trata-se de um evento atípico, de uma festa beneficente que se solidariza com quem não pode arcar com os custos da inscrição da prova anual. Neste ano, a taxa do exame é de R$ 82. Em 2016 e 2015, era de R$ 68 e R$ 63, respectivamente.
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Outra mudança significativa é o novo critério de seleção para a isenção do pagamento. Até ano passado, bastava ter o ensino médio feito na rede pública. Agora, é preciso ter registro no CadÚnico do Governo Federal, isto é, ter registrado um ganho familiar de até três salários mínimos (R$ 2.811) ou de até um salário mínimo e meio por pessoa (R$ 1.405,11).
A estudante de psicologia Jéssica Dantas, de 23 anos, tem registro no CadÚnico, mas lembra que vários amigos e familiares seus, que também não recebem muita renda, não o tem. A filha de empregada doméstica e de auxiliar de serviços gerais já deixou de fazer a prova, que serve como vestibular para todas as universidades federais do país, por falta de dinheiro.
?Por isso tive a ideia montar, com a ajuda dos outros produtores da cidade, um evento para ajudar quem não vai poder bancar a inscrição deste ano?, explica Jéssica, que desde 2015 está envolvida com a produção da festa Batekoo, voltada para jovens negros de Salvador.
A Batekoo ganhou fama no país inteiro pelo seu material de divulgação, que não economiza em dança, suor e sexualidade e é ao mesmo tempo assumidamente político. Empoderamento e representatividade são termos usuais em suas campanhas online.
Os baianos Maurício Sacramento, Wesley Miranda e Jack Nascimento são as cabeças por trás da festa. Dos três apenas o último continua em Salvador; os demais se dedicam a comandar as edições do evento no Rio de Janeiro e em São Paulo, conquistando uma horda de jovens de pele escura e de tranças coloridas.
A ideia da festa beneficente veio de um projeto semelhante que ela conheceu no Facebook para ajudar jovens periféricos a arcar com os 160 reais da taxa de inscrição da Fuvest, prova que é porta de entrada para instituições como a Universidade de São Paulo (USP), principal cátedra do país.
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Junto com cinco jovens a frente de outras festas feitas por e para negros na cidade (como na Batekoo, na Tombo, na Afrobapho e na TBT a pista de dança é dominada por ritmos essencialmente negros, como funk, pagode e hip hop), Jéssica engatou o projeto. Em poucos dias, providenciou espaço e divulgou o evento nas redes sociais, plataforma nas quais estas festas encontram seu público e marcam seu discurso.
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?Se o objetivo do governo é quebrar nosso acesso à educação e aos outros meios de acesso ao poder, nós, através de uma união, faremos uma verdadeira quebrança?, anunciam os organizadores do evento, em sua página no Facebook.
A ambição dos produtores é de ajudar com pelo menos 30 estudantes, com o lucro obtido através dos ingressos da festa, que custam R$ 10. Eles disponibilizaram um formulário online, no qual os jovens que quiserem a colaboração devem se manifestar.
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