Aposentado de 72 anos tem benefício suspenso pelo INSS por 'suspeita de óbito': 'Eu estou vivo!'

Sem receber a única fonte e renda da família, Antônio revela que tem enfrentado problemas para pagar contas e quitar os gastos básicos

Por Da Redação.

Aposentado de 72 anos tem benefício suspenso pelo INSS por 'suspeita de óbito': 'Eu estou vivo!'Antônio Claret, de 72 anos, está há 3 meses sem receber a aposentadoria | Foto: Arquivo Pessoal

Um aposentado de 72 anos, Antônio Claret Moreira Figliagi, teve o benefício interrompido pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em setembro deste ano e foi informado que a medida ocorreu devido à morte do beneficiário. “Vivo da Silva” e enfrentando dificuldades desde então, o contador procurou o Aratu On para denunciar o erro.

À reportagem, Antônio relatou que foi surpreendido com o não pagamento da parcela de setembro da aposentadoria e que só descobriu que "estava morto" após se dirigir ao banco, logo nos primeiros dias de outubro. 

“Eu vi que o dinheiro não tinha caído e eu fui até o banco. Lá, eles viram que [o benefício] tinha sido bloqueado pelo INSS e só na Previdência que eu poderia resolver. Então, eu liguei para saber o motivo. Eles disseram que havia sido cessado por suspeita de óbito. Eu falei: 'Isso é um absurdo! O senhor não está falando com uma assombração, ou com um morto. Eu estou vivo!'. Me pediram para aguardar cinco dias. Esperei até mais”, contou.

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Preocupado, o aposentado agendou um atendimento presencial na agência do INSS em Salvador, no bairro de Brotas, após diversas tentativas por telefone. “Eu liguei no dia 17 e só tinha disponível no dia 31 [de outubro]. Eu cheguei lá, fui o primeiro a ser atendido, levei os documentos, fui lá mostrar que estava vivo. Eles mandaram os detalhes para Brasília e, desde então, ninguém me diz nada”.

Procurado pelo Aratu On, o INSS admitiu que a aposentadoria foi cortada "por conta do batimento dos dados cadastrados nos sistemas da Previdência Social". Segundo a instituição, o benefício já foi reativado e o instituto "lançará os pagamentos retroativos dos últimos meses, com a devida correção monetária, nos próximos dias". Confira a nota na íntegra no final da reportagem.

Benefício suspenso: dificuldades financeiras

A demora para resolver o erro, tem feito com que Antônio e seus familiares enfrentem dificuldades:

“Até agora, estou a ver navios. Estou vivendo de favores, a minha luz estava cortada, foi religada hoje, a geladeira está vazia. Chega essa época de final de ano, e não tem o que comemorar, bate aquele desespero, a angústia de não saber o que fazer. Os netos ficam perguntando: 'Vovô, já voltou a luz? Vovô, você já resolveu a situação?'. Mas, eu vou fazer o quê? Estou aguardando, sem conseguir dormir, angustiado, olhando o aplicativo com a esperança de [o dinheiro] voltar”.

Ele, que é o responsável por levar a neta para a escola e para o estágio, já não está mais tendo condições de ajudá-la devido à falta de dinheiro. "Não estou podendo fazer isso, estou pedindo para amigos que tem Uber. Não tenho dinheiro para a gasolina, não tenho dinheiro para comprar um fósforo. Estou lá no buraco, e não sei como sair", lamentou.

Benefício suspenso: medicamentos

Em 2020, ele sofreu um infarto que o deixou hospitalizado por seis meses. Após ter a instalação de três stents (molas metálicas para alargar artérias), o problema foi resolvido e Antônio foi liberado, mas com a condição de tomar diversos medicamentos para viver normalmente. Sem a aposentadoria, o idoso não consegue comprar as medicações, e já está há cerca de quatro meses sem fazer o tratamento.

“Estou sem tomar os remédios há três meses, as caixas estão aqui todas vazias. Alguns remédios eu consigo pegar no posto de saúde, mas outros eu tenho que comprar e não consigo”.

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Sem dinheiro, Antônio está sem tomar remédios para uma condição cardíaca há cerca de quatro meses. | Foto: Arquivo Pessoal

E os prejuízos não param por aí: por ter um empréstimo consignado, Antônio já está devendo cerca de R$ 2 mil ao banco. "Dependia da Receita para assumir os compromissos, pagando, né?", relatou. Na tentativa de não deixar essa dívida crescer ainda mais, o aposentado chegou a procurar emprego em um posto de gasolina perto de casa e, depois, se candidatou a uma vaga de vigilante, mas foi rejeitado nas duas ocasiões por conta da idade.

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Já esgotado, Antônio diz que a única coisa em que pensa agora é a voltar a receber a aposentadoria, e afirma que "não quer indenização". "Já são três meses. Quero que eles restabeleçam meu dinheiro para que eu possa continuar a minha vida".

Leia, abaixo, o posicionamento do INSS na íntegra:

O INSS informa que o benefício do senhor Antônio Claret foi suspenso por conta do batimento dos dados cadastrados nos sistemas da Previdência Social.

O benefício já foi reativado e o instituto lançará os pagamentos retroativos dos últimos meses, com a devida correção monetária, nos próximos dias. O beneficiário pode consultar a liberação dos valores por meio do aplicativo/site Meu INSS ou do telefone 135. 

O INSS orienta que, em caso de suspensão indevida do benefício, o aposentado ou pensionista deve solicitar a reativação por meio do Meu INSS (app ou site) ou Central 135, escolhendo o serviço “emissão de pagamento não recebido”. É preciso anexar documentos pessoais e comprovante/declaração de residência, para que a situação seja analisada e o pagamento possa ser reestabelecido.

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