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Paulo Pimenta, 56 – O afogado acostumado com tragédias, mas sem protagonismo

Paulo Pimenta, 56 – O afogado acostumado com tragédias, mas sem protagonismo

Por Da Redação

Paulo Pimenta, 56 – O afogado acostumado com tragédias, mas sem protagonismoAratu Online

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De forma inesperada, nossa reportagem encontrou mais um sobrevivente daquele fatídico 24 de agosto de 2017, em Mar Grande. O perito do Instituto Médico Legal (IML) de Salvador, Paulo Pimenta, de 56 anos, estava em um restaurante quando contou para a equipe do Aratu Online como foi aquele momento em sua vida.


Morador local há 40 anos, ele faz a travessia para ir ao trabalho. Naquele dia, não foi diferente. Pimenta convive separado da família, que reside em Salvador, mas fez questão de frisar a sua presença constante na vida dos filhos. O sobrevivente disse que, naquela oportunidade, entrou na lancha, cumprimentou a família toda por meio do Whatsapp e foi dormir na embarcação, como sempre fazia. “Hoje, já não durmo mais por conta do trauma”, frisou.


VEJA A ENTREVISTA DE PAULO E OUTROS SOBREVIVENTES: 



O perito lembra que, quando a lancha saiu, estava um dia muito escuro e nebuloso. Segundo ele, apesar disso, tudo parecia bem, mas o vento mudou repentinamente. “Eu estava dormindo no porão e já acordei submerso, mas tive a tranquilidade de ver o clarão da janelinha e dar um murro nela”, relatou, exibindo as cicatrizes que tem na mão.


Logo em seguida, já fora da embarcação, ele disse que viu muitos corpos e pessoas em desespero. “Ninguém conseguia ajudar ninguém. Quem salvou a gente foi Romário, um pescador que mora na Gamboa, com a ajuda de outros pescadores, mas foram duas horas e quarenta minutos à deriva”.


Trabalhando no IML, Paulo Pimenta já conviveu com muitas histórias trágicas, mas nunca tinha sido protagonista de uma delas. “Eram mães em desespero, senhoras machucadas, gente presa na embarcação, enfim, foi desesperador”.


O pior, segundo o sobrevivente, é que nada mudou nesta travessia. “A única diferença é que agora eu tenho um trauma no meu dia a dia. As pessoas que viajam comigo tentam me acalmar quando a lancha balança demais, mas não tenho outra saída, tenho que ir trabalhar”, desabafou.


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