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NOVOS HÁBITOS: Por que cachorros quentes de rua diminuíram em Salvador após as hamburguerias?

NOVOS HÁBITOS: Por que cachorros quentes de rua diminuíram em Salvador após as hamburguerias?

Por Diorgenes Xavier

NOVOS HÁBITOS: Por que cachorros quentes de rua diminuíram em Salvador após as hamburguerias?Divulgação Coz2/Instagram

Olhares atentos e estômagos nervosos transmitem os sinais para aqueles que trafegam pelas ruas de Salvador. Os cheiros são cada vez mais frequentes e a cada dia surgem em uma nova esquina da cidade. As hamburguerias gourmet, como costumam ser chamadas por proprietários e admiradores, estão tomando conta da cidade e transformando o tempo das lanchonetes e dos carrinhos de cachorro-quente em um passado distante e remoto para alguns.


O chef de cozinha e empresário Rafael Zacarias, 34 anos, sócio da hamburgueria Bravo, ressalta que este mesmo modelo de sucesso não é local. ?Hamburgueria gourmet é um fenômeno mundial há cinco, seis anos. No Brasil, começou por São Paulo e Rio de Janeiro e em Salvador estourou no ano passado?.


Foto: Rafael Zacarias/Divulgação Bravo/Instagram


No seu caso, a ideia de abrir um espaço dedicado à venda desse tipo de produto surgiu de forma inusitada. ?Trabalhei em restaurantes de alta gastronomia, mas nunca com hambúrguer. Tudo começou quando participei da Feira da Cidade e comecei a vender o produto. Foi um sucesso imediato. A partir daí, montei um plano de negócio?.


E a história tem dado tão certo que, nesta semana, a segunda unidade foi aberta em Salvador. ?Estamos com um ano e meio de vida e duas lojas funcionando, com perspectiva de expansão e abertura de mais duas?, conta.


Foto: Divulgação Bravo/Instagram


Comandante do blog gastronômico ?Onde comer em Salvador?, a publicitária Gabriela Martinez, 28 anos, acredita que este é um mercado regido por ciclos. ?Acho que, de tempos em tempos, surgem fenômenos que se difundem. Já houve a época das temakerias, paleterias, brigadeiros. Eles [os empresários] optam por um tipo de produto e incrementam. Quando isso dá certo, é natural que a ideia seja reproduzida?.


Foto: Gabriela Martinez/Divulgação Onde Comer em Salvador/Instagram


E nem os preços, que normalmente variam entre R$ 20 e R$ 30, parecem ser um obstáculo à atração do público que, para ela, é tão grande quanto diverso, indo das classes A a D. ?O valor diferenciado se justifica pela qualidade. As pessoas querem viver a experiência, não só comer um hambúrguer. Até marcas mais estabelecidas, como McDonald?s e o Bob?s, estão preocupadas com isso e alteraram os seus cardápios. Eles já perceberam a necessidade de se adequar à tendência?, finaliza.


Rafael tem um ponto de vista um pouco diferente. Para ele, o seu público é formado por pessoas com um maior poder aquisitivo. Até por isso, ele aponta que não disputa mercado com produtos comercializados a preços mais populares. ?Temos que separar duas coisas. O público por renda e o público que está disposto a pagar pelo novo. Eu tenho um público de classe média, classe média alta?, afirma.


Quando avalia as redes de fast food, ele aponta a qualidade como o diferencial das hamburguerias, além do cuidado com o processo de produção. ?Você precisa estar atento a tudo. Desde a carne escolhida, passando pelo queijo, pão, cebola, frutas orgânicas, até o sorvete que você usa pra fazer o milk shake é fundamental. Quem pode pagar e experimentar, não volta?.


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Obviamente, tudo isso gera um impacto no valor. Na Bravo, os hambúrgueres variam entre R$ 23 e R$ 31, mas com um ticket médio de consumo que fica na casa dos R$ 45, com bebida e batata frita já inclusas, formando o pedido feito pela maioria das pessoas. Até 350 unidades chegam a ser vendidas em um único dia. ?É uma experiência à primeira mordida, mas reconheço que é preciso ter certa condição financeira. Para nós também não é algo barato manter uma estrutura dessas?.


Divulgação Coz2/Instagram


O chef e empresário Rafael Starvale, 28 anos, proprietário da hamburgueria Coz2, inaugurada em maio do ano passado, concorda que o surgimento desse tipo de local tem relação com uma explosão de mercado, mas aponta para um excesso de opções. ?A tendência é que muitas delas fechem as portas nos próximos meses?.


Por isso, ele acredita que um grande diferencial pode ser a variedade. Ampliando o número de opções oferecidas, sem deixar o hambúrguer, prato principal, de fora da lista. ?O novo cardápio, que lançamos recentemente, já reflete essa tendência. A ideia, na verdade, é transformar o local em uma steakhouse?. Confira vídeo:



Mas diante desse cenário, ainda há espaço e público para o bom e velho cachorro-quente? Proprietários do Travessas, tradicional lanchonete localizada há 29 anos no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, o casal Egídio e Ridalva Erhardt acredita que sim. Ambos encaram essa nova concorrência com naturalidade.


Para eles, o maior impacto nos negócios tem sido fruto do cenário econômico e não de uma disputa de mercado. ?O movimento segue bom. Lógico que houve uma redução, mas até hoje, por exemplo, sigo com os meus 17 funcionários?, pontua Ridalva.


Foto: 365 Salvador


Egídio concorda. ?Acho que tem mais relação com a crise do país, do que com o negócio das hamburguerias?. São cerca de 500 cachorros-quentes vendidos por dia durante a semana. Aos domingos, esse número chega a 1.000. ?Já foram 1.200?, diz Ridalva. Apesar disso, ela segue otimista. ?O publico do Travessas é variado e vem de todos os locais de Salvador?.


Como cardápio em mãos e opções postas à mesa, cabe a você decidir o sabor que mais te interessa e claro, aquele que cabe no seu orçamento, sem machucar o seu bolso. Escolha feita, é hora de saborear!


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*Publicada originalmente às 8h


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