NOVOS HÁBITOS: Por que cachorros quentes de rua diminuíram em Salvador após as hamburguerias?
NOVOS HÁBITOS: Por que cachorros quentes de rua diminuíram em Salvador após as hamburguerias?
Olhares atentos e estômagos nervosos transmitem os sinais para aqueles que trafegam pelas ruas de Salvador. Os cheiros são cada vez mais frequentes e a cada dia surgem em uma nova esquina da cidade. As hamburguerias gourmet, como costumam ser chamadas por proprietários e admiradores, estão tomando conta da cidade e transformando o tempo das lanchonetes e dos carrinhos de cachorro-quente em um passado distante e remoto para alguns.
O chef de cozinha e empresário Rafael Zacarias, 34 anos, sócio da hamburgueria Bravo, ressalta que este mesmo modelo de sucesso não é local. ?Hamburgueria gourmet é um fenômeno mundial há cinco, seis anos. No Brasil, começou por São Paulo e Rio de Janeiro e em Salvador estourou no ano passado?.
No seu caso, a ideia de abrir um espaço dedicado à venda desse tipo de produto surgiu de forma inusitada. ?Trabalhei em restaurantes de alta gastronomia, mas nunca com hambúrguer. Tudo começou quando participei da Feira da Cidade e comecei a vender o produto. Foi um sucesso imediato. A partir daí, montei um plano de negócio?.
E a história tem dado tão certo que, nesta semana, a segunda unidade foi aberta em Salvador. ?Estamos com um ano e meio de vida e duas lojas funcionando, com perspectiva de expansão e abertura de mais duas?, conta.
Comandante do blog gastronômico ?Onde comer em Salvador?, a publicitária Gabriela Martinez, 28 anos, acredita que este é um mercado regido por ciclos. ?Acho que, de tempos em tempos, surgem fenômenos que se difundem. Já houve a época das temakerias, paleterias, brigadeiros. Eles [os empresários] optam por um tipo de produto e incrementam. Quando isso dá certo, é natural que a ideia seja reproduzida?.
E nem os preços, que normalmente variam entre R$ 20 e R$ 30, parecem ser um obstáculo à atração do público que, para ela, é tão grande quanto diverso, indo das classes A a D. ?O valor diferenciado se justifica pela qualidade. As pessoas querem viver a experiência, não só comer um hambúrguer. Até marcas mais estabelecidas, como McDonald?s e o Bob?s, estão preocupadas com isso e alteraram os seus cardápios. Eles já perceberam a necessidade de se adequar à tendência?, finaliza.
Rafael tem um ponto de vista um pouco diferente. Para ele, o seu público é formado por pessoas com um maior poder aquisitivo. Até por isso, ele aponta que não disputa mercado com produtos comercializados a preços mais populares. ?Temos que separar duas coisas. O público por renda e o público que está disposto a pagar pelo novo. Eu tenho um público de classe média, classe média alta?, afirma.
Quando avalia as redes de fast food, ele aponta a qualidade como o diferencial das hamburguerias, além do cuidado com o processo de produção. ?Você precisa estar atento a tudo. Desde a carne escolhida, passando pelo queijo, pão, cebola, frutas orgânicas, até o sorvete que você usa pra fazer o milk shake é fundamental. Quem pode pagar e experimentar, não volta?.
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Obviamente, tudo isso gera um impacto no valor. Na Bravo, os hambúrgueres variam entre R$ 23 e R$ 31, mas com um ticket médio de consumo que fica na casa dos R$ 45, com bebida e batata frita já inclusas, formando o pedido feito pela maioria das pessoas. Até 350 unidades chegam a ser vendidas em um único dia. ?É uma experiência à primeira mordida, mas reconheço que é preciso ter certa condição financeira. Para nós também não é algo barato manter uma estrutura dessas?.
O chef e empresário Rafael Starvale, 28 anos, proprietário da hamburgueria Coz2, inaugurada em maio do ano passado, concorda que o surgimento desse tipo de local tem relação com uma explosão de mercado, mas aponta para um excesso de opções. ?A tendência é que muitas delas fechem as portas nos próximos meses?.
Por isso, ele acredita que um grande diferencial pode ser a variedade. Ampliando o número de opções oferecidas, sem deixar o hambúrguer, prato principal, de fora da lista. ?O novo cardápio, que lançamos recentemente, já reflete essa tendência. A ideia, na verdade, é transformar o local em uma steakhouse?. Confira vídeo:
Mas diante desse cenário, ainda há espaço e público para o bom e velho cachorro-quente? Proprietários do Travessas, tradicional lanchonete localizada há 29 anos no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, o casal Egídio e Ridalva Erhardt acredita que sim. Ambos encaram essa nova concorrência com naturalidade.
Para eles, o maior impacto nos negócios tem sido fruto do cenário econômico e não de uma disputa de mercado. ?O movimento segue bom. Lógico que houve uma redução, mas até hoje, por exemplo, sigo com os meus 17 funcionários?, pontua Ridalva.
Egídio concorda. ?Acho que tem mais relação com a crise do país, do que com o negócio das hamburguerias?. São cerca de 500 cachorros-quentes vendidos por dia durante a semana. Aos domingos, esse número chega a 1.000. ?Já foram 1.200?, diz Ridalva. Apesar disso, ela segue otimista. ?O publico do Travessas é variado e vem de todos os locais de Salvador?.
Como cardápio em mãos e opções postas à mesa, cabe a você decidir o sabor que mais te interessa e claro, aquele que cabe no seu orçamento, sem machucar o seu bolso. Escolha feita, é hora de saborear!
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*Publicada originalmente às 8h