Copa 2023: Sem nunca participar da Eurocopa, Irlanda chega ao primeiro Mundial com defesa sólida e vontade de surpreender
As Garotas de Verde surpreenderam o mundo com sua campanha nas eliminatórias e agora querem deixar sua marca na Copa do Mundo
Divulgação/FIFA
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Em mais de um século de existência, esse é o melhor momento do futebol feminino irlandês. Sempre com espírito esportivo e vontade de competir, as mulheres da Ilha Esmeralda vem evoluindo e profissionalizando uma modalidade que ainda carece de maior apoio e reconhecimento da nação. E a ida para a Copa do Mundo é o momento perfeito de mudar o cenário e trilhar caminhos mais vitoriosos.
Pioneirismo e Seleção Nacional
Os primeiros relatos do futebol feminino irlandês são descritos do ano 1895, quando o British Ladie's Football Club (BLFC) visitou o país e realizou embates da Irlanda contra a Inglaterra. Já nos anos 10, antes da separação com a Irlanda do Norte, eventos beneficentes motivaram a criação de clubes nas cidades e o aumento da popularidade entre mulheres.
A separação com o Império Britânico fez com que a prática seguisse no país nas decadas seguintes, principalmente no período entre guerras em que partidas de carater mais esportivo e menos festivos eram realizadas no país.
Nos anos 60, ligas femininas distritais eram realidade na Irlanda e dão espaço para o surgimento da Associação Feminina de Futebol da Irlanda, em 1973. No mesmo ano, a entidade estabelece uma seleção nacional e uma liga de futebol. Em 22 de abril, a equipe da Irlanda faz sua estreia em derrota de 10 a 1 para a Escócia.
Em 1982, a Irlanda participa das eliminatórias da primeira Eurocopa Feminina (na época chamada de Competição Europeia de Futebol Feminio), que teria suas finais marcada para o ano de 1984.
Na ocasião, as Garotas de Verde perderam para a Escócia por 3 a 0, venceram a Irlanda do Norte por 2 a 1 e foram derrotadas pela Inglaterra por 1 a 0 nas partidas de ida. Pela volta, empataram com as escocesas, foram goleadas pelo English Team e derrotaram mais uma vez seus vizinhos do Norte. Terminaram na terceira posição da chave, sem conseguir a classificação.
A situação se repetiu nas eliminatórias do Europeu de 1987, onde novamente em um grupo zonal das Ilhas Britânicas acabou no terceiro posto da tabela, e na de 1989, em que os adversários foram Escócio, Suécia e Holanda.
Para o torneio de 1991, outro fracasso nas qualificatórias, desta vez em segundo lugar num grupo de três, demonstrava que a Irlanda apresentava destaque entre seus vizinhos como Irlanda do Norte e Escócia, mas com nenhum outro país continental e muito menos com a Inglaterra.
Já nas eliminatórias de 1993, a lanterna da chave com Espanha e Suécia e a goleada de 10 a 0 sofrida contra as escandinavas mostraram o abandono e descaso vivido pela equipe feminina em relação a federação nacional, que já incorporara a Associação Feminina desde 1991 e administrava a modalidade.
Sem planos ou programas de desenvolvimento, o futebol feminino definhava e contava apenas com a vontade de suas atletas para se tornar minimamente praticável. Entretanto, o resultado foi o suficiente para que a Associação de Futebol Irlandês (FAI) sequer inscrevesse a equipe para as eliminatórias da Euro de 1995.
Plano de desenvolvimento e luta por direitos
Sem uma liga nacional oficial por toda a década, o futebol irlandês vivia um processo tortuoso que perdurou por todo o período. Depois da ausência em 95, o time voltou as eliminatórias de 1997 e ficou na segunda posição de uma chave com Bélgica, Escócia, País de Gales e Ilhas Faroe. Apesar da posição, a equipe não se qualificou para a continuidade da qualificatória.
Com a separação das eliminatórias europeias as da Copa do Mundo, a Irlanda participou da primeira qualificatória para o Mundial em 1999, quando ficou na segunda posição de sua chave, perdendo a vaga a segunda fase do torneio para a Polônia.
Para as eliminatórias de 2001 (Euro), a equipe figurou na tabela com um desempenho um pouco melhor que os anos anteriores. Já em 2003 (Copa) e 2005 (Euro), as Garotas em Verde ficaram em um inusitado segundo escalão do futebol europeu, sem acesso a vagas paras os torneios disputados.
Para a Copa de 2007, com chance direta de classificação, ficou penultimo em uma chave com Alemanha, Rússia, Escócia e Suíça. Já pela Euro de 2009, foi a repescagem e acabou eliminada pela Islândia no mata-mata. Neste período, as seleções de base já traziam as atletas que brilhariam no futuro da equipe e conseguiam resultados expressivos em suas categorias: A seleção sub-17 foi vice-campeã europeia e chegou as quartas de final do Mundial sub-17 de 2010. Em 2014, foi a vez do sub-19 chegar as semifinais do Europeu.
Sem destaque nas eliminatórias dos Mundiais de 2011 e 2015, além das Euros de 2013 e 2017, as atletas da Ilha Esmeralda protagonizaram um movimento que ajudou a mudar a situação do futebol local. Em protesto aberto contra a Federação durante as qualificatórias para a Copa 2019, exigiriam melhores condições de trabalho e pagamento aos dirigentes, vencendo uma queda de braço com ameaças de greve e boicote a equipe nacional.
"Acho um pouco desconcertante e realmente não entendo por que não foi resolvido antes de tudo isso. Estamos nesta posição agora, estamos juntos como um time, mas queremos treinar , queremos jogar partidas. Isso é tudo o que queremos fazer - nos concentrar no futebol e jogar da melhor maneira possível.", afirmou a atleta Karen Duggan na ocasião.
Evolução e Copa do Mundo
Além do acordo por melhores condições, a reestruturaçãp da Liga Nacional, que já existia desde 2011, apresentou mudanças gradativas no futebol local e em sua seleção. Além disso, a chegada da treinadora holandesa Vera Pauw deu outra cara para a equipe, apesar das críticas da mídia local sobre seu esquema tático e sua proposta de jogo.
“Não é que gosto de retrancas, mas eu gosto de ganhar. Jogar recuado é o que o time precisa para fazer boas exibições e vencer. Jogo com cinco defensoras porque, apesar de termos atletas fantásticas nesse setor, elas não são as mais rápidas. Se jogarmos aberto, podemos levar um 5 a 0.”, explicou ao rebater o comentário de uma ex-atleta irlandesa.
Pela Euro de 2022, a classificação aos Play-offs não chegou por uma diferença de dois pontos da Ucrânia, que ficou na segunda posição da chave. Já nas eliminatórias da Copa 2023, uma campanha exitosa marcou o país para sempre. Dentro da chave, um empate contra a Suécia, duas goleadas de 9 a 0 e 11 a 0 sobre a Geórgia e dois triunfos sobre a Finlândia - participante do torneio continental do ano anterior - deram o segundo posto e o retorno a repescagem europeia por uma vaga direta.
Na disputa, a vitória heróica por 1 a 0 sobre seu mais antigo rival, a Escócia, levou a Irlanda para um inédito e emocionante Mundial de Futebol Feminino.
Irlanda na Copa do Mundo 2023
Para sua estreia em Copas, a Irlanda tem pela frente um complicado grupo e precisará mostrar força para chegar a próxima fase. Além da Austrália (anfitriã) e do Canadá (atual ouro olímpico), as Garotas de Verde precisarão superar uma experiente e empolgada Nigéria que também luta para passar de fase.
A estreia da equipe será no dia 20/6 contra as Matildas em Sydney, enfrentando as canadenses no dia 26 em Perth e as nigerianas no dia 31 em Brisbane.
https://twitter.com/edimario/status/1675144570412187700
Para a disputa do torneio, o grande destaque da equipe é a meia Denise O'Sullivan, motor da Irlanda no esquema tático de Vera Pauw. Com passagens pelo futebol escocês e agora no norte-americano, a jogadora vem de uma infância atuando em equipes mistas e sempre surpreendeu os garotos pelo seu talento e perserverança nos gramados. Foi vice-campeã sub-17 pela Irlanda no Europeu de 2010 e chegou até as quartas de final do Mundial da categoria, no mesmo ano. Em 2011 já integrava a equipe principal e se tornou uma das artilheiras do grupo.
Além da meio-campista, outras atletas de destaque pela Irlanda são as defensoras Áine O'Gorman e Louise Quinn, a capitã Katie McCabe e a atacante Amber Barrett.
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Em mais de um século de existência, esse é o melhor momento do futebol feminino irlandês. Sempre com espírito esportivo e vontade de competir, as mulheres da Ilha Esmeralda vem evoluindo e profissionalizando uma modalidade que ainda carece de maior apoio e reconhecimento da nação. E a ida para a Copa do Mundo é o momento perfeito de mudar o cenário e trilhar caminhos mais vitoriosos.
Pioneirismo e Seleção Nacional
Os primeiros relatos do futebol feminino irlandês são descritos do ano 1895, quando o British Ladie's Football Club (BLFC) visitou o país e realizou embates da Irlanda contra a Inglaterra. Já nos anos 10, antes da separação com a Irlanda do Norte, eventos beneficentes motivaram a criação de clubes nas cidades e o aumento da popularidade entre mulheres.
A separação com o Império Britânico fez com que a prática seguisse no país nas decadas seguintes, principalmente no período entre guerras em que partidas de carater mais esportivo e menos festivos eram realizadas no país.
Nos anos 60, ligas femininas distritais eram realidade na Irlanda e dão espaço para o surgimento da Associação Feminina de Futebol da Irlanda, em 1973. No mesmo ano, a entidade estabelece uma seleção nacional e uma liga de futebol. Em 22 de abril, a equipe da Irlanda faz sua estreia em derrota de 10 a 1 para a Escócia.
Em 1982, a Irlanda participa das eliminatórias da primeira Eurocopa Feminina (na época chamada de Competição Europeia de Futebol Feminio), que teria suas finais marcada para o ano de 1984.
Na ocasião, as Garotas de Verde perderam para a Escócia por 3 a 0, venceram a Irlanda do Norte por 2 a 1 e foram derrotadas pela Inglaterra por 1 a 0 nas partidas de ida. Pela volta, empataram com as escocesas, foram goleadas pelo English Team e derrotaram mais uma vez seus vizinhos do Norte. Terminaram na terceira posição da chave, sem conseguir a classificação.
A situação se repetiu nas eliminatórias do Europeu de 1987, onde novamente em um grupo zonal das Ilhas Britânicas acabou no terceiro posto da tabela, e na de 1989, em que os adversários foram Escócio, Suécia e Holanda.
Para o torneio de 1991, outro fracasso nas qualificatórias, desta vez em segundo lugar num grupo de três, demonstrava que a Irlanda apresentava destaque entre seus vizinhos como Irlanda do Norte e Escócia, mas com nenhum outro país continental e muito menos com a Inglaterra.
Já nas eliminatórias de 1993, a lanterna da chave com Espanha e Suécia e a goleada de 10 a 0 sofrida contra as escandinavas mostraram o abandono e descaso vivido pela equipe feminina em relação a federação nacional, que já incorporara a Associação Feminina desde 1991 e administrava a modalidade.
Sem planos ou programas de desenvolvimento, o futebol feminino definhava e contava apenas com a vontade de suas atletas para se tornar minimamente praticável. Entretanto, o resultado foi o suficiente para que a Associação de Futebol Irlandês (FAI) sequer inscrevesse a equipe para as eliminatórias da Euro de 1995.
Plano de desenvolvimento e luta por direitos
Sem uma liga nacional oficial por toda a década, o futebol irlandês vivia um processo tortuoso que perdurou por todo o período. Depois da ausência em 95, o time voltou as eliminatórias de 1997 e ficou na segunda posição de uma chave com Bélgica, Escócia, País de Gales e Ilhas Faroe. Apesar da posição, a equipe não se qualificou para a continuidade da qualificatória.
Com a separação das eliminatórias europeias as da Copa do Mundo, a Irlanda participou da primeira qualificatória para o Mundial em 1999, quando ficou na segunda posição de sua chave, perdendo a vaga a segunda fase do torneio para a Polônia.
Para as eliminatórias de 2001 (Euro), a equipe figurou na tabela com um desempenho um pouco melhor que os anos anteriores. Já em 2003 (Copa) e 2005 (Euro), as Garotas em Verde ficaram em um inusitado segundo escalão do futebol europeu, sem acesso a vagas paras os torneios disputados.
Para a Copa de 2007, com chance direta de classificação, ficou penultimo em uma chave com Alemanha, Rússia, Escócia e Suíça. Já pela Euro de 2009, foi a repescagem e acabou eliminada pela Islândia no mata-mata. Neste período, as seleções de base já traziam as atletas que brilhariam no futuro da equipe e conseguiam resultados expressivos em suas categorias: A seleção sub-17 foi vice-campeã europeia e chegou as quartas de final do Mundial sub-17 de 2010. Em 2014, foi a vez do sub-19 chegar as semifinais do Europeu.
Sem destaque nas eliminatórias dos Mundiais de 2011 e 2015, além das Euros de 2013 e 2017, as atletas da Ilha Esmeralda protagonizaram um movimento que ajudou a mudar a situação do futebol local. Em protesto aberto contra a Federação durante as qualificatórias para a Copa 2019, exigiriam melhores condições de trabalho e pagamento aos dirigentes, vencendo uma queda de braço com ameaças de greve e boicote a equipe nacional.
"Acho um pouco desconcertante e realmente não entendo por que não foi resolvido antes de tudo isso. Estamos nesta posição agora, estamos juntos como um time, mas queremos treinar , queremos jogar partidas. Isso é tudo o que queremos fazer - nos concentrar no futebol e jogar da melhor maneira possível.", afirmou a atleta Karen Duggan na ocasião.
Evolução e Copa do Mundo
Além do acordo por melhores condições, a reestruturaçãp da Liga Nacional, que já existia desde 2011, apresentou mudanças gradativas no futebol local e em sua seleção. Além disso, a chegada da treinadora holandesa Vera Pauw deu outra cara para a equipe, apesar das críticas da mídia local sobre seu esquema tático e sua proposta de jogo.
“Não é que gosto de retrancas, mas eu gosto de ganhar. Jogar recuado é o que o time precisa para fazer boas exibições e vencer. Jogo com cinco defensoras porque, apesar de termos atletas fantásticas nesse setor, elas não são as mais rápidas. Se jogarmos aberto, podemos levar um 5 a 0.”, explicou ao rebater o comentário de uma ex-atleta irlandesa.
Pela Euro de 2022, a classificação aos Play-offs não chegou por uma diferença de dois pontos da Ucrânia, que ficou na segunda posição da chave. Já nas eliminatórias da Copa 2023, uma campanha exitosa marcou o país para sempre. Dentro da chave, um empate contra a Suécia, duas goleadas de 9 a 0 e 11 a 0 sobre a Geórgia e dois triunfos sobre a Finlândia - participante do torneio continental do ano anterior - deram o segundo posto e o retorno a repescagem europeia por uma vaga direta.
Na disputa, a vitória heróica por 1 a 0 sobre seu mais antigo rival, a Escócia, levou a Irlanda para um inédito e emocionante Mundial de Futebol Feminino.
Irlanda na Copa do Mundo 2023
Para sua estreia em Copas, a Irlanda tem pela frente um complicado grupo e precisará mostrar força para chegar a próxima fase. Além da Austrália (anfitriã) e do Canadá (atual ouro olímpico), as Garotas de Verde precisarão superar uma experiente e empolgada Nigéria que também luta para passar de fase.
A estreia da equipe será no dia 20/6 contra as Matildas em Sydney, enfrentando as canadenses no dia 26 em Perth e as nigerianas no dia 31 em Brisbane.
https://twitter.com/edimario/status/1675144570412187700
Para a disputa do torneio, o grande destaque da equipe é a meia Denise O'Sullivan, motor da Irlanda no esquema tático de Vera Pauw. Com passagens pelo futebol escocês e agora no norte-americano, a jogadora vem de uma infância atuando em equipes mistas e sempre surpreendeu os garotos pelo seu talento e perserverança nos gramados. Foi vice-campeã sub-17 pela Irlanda no Europeu de 2010 e chegou até as quartas de final do Mundial da categoria, no mesmo ano. Em 2011 já integrava a equipe principal e se tornou uma das artilheiras do grupo.
Além da meio-campista, outras atletas de destaque pela Irlanda são as defensoras Áine O'Gorman e Louise Quinn, a capitã Katie McCabe e a atacante Amber Barrett.
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