Copa 2023: Sem nunca participar de um torneio da FIFA, Filipinas chega a sua primeira Copa e inspira uma nação
A seleção asiática faz história por ser a primeira do país, independente de gênero ou idade, a chegar em um torneio organizado pela FIFA
Créditos da foto: Divulgação/Twitter
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Dentre as 211 nações que compõem a FIFA, poucas conseguem participar de torneios organizados pela entidade máxima do futebol mundial. Mesmo que somemos Copa Masculina e Feminina, além dos torneios Sub-23 (Jogos Olímpicos), Sub-20, Sub-17 e a extinta Copa das Confederações, um grande número de países jamais conseguiu sair de seus continentes para integrar uma competição de nível global.
E até o ano passado esse era o caso das Filipinas, que mesmo com um extenso histórico no futebol colecionava insucessos por todos as modalidades e categorias que envolvem seleções. Isso mudou com uma emocionante classificação para a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, o que deu as atletas desta equipe um novo papel de inspiração para as futuras gerações do país asiático.
Primeiros anos e luta pela relevância
O futebol feminino tem uma extensa história no continente asiático. Antes mesmo da FIFA ou da Confederação Asiática de Futebol (AFC) incorporarem a gestão e organização desta modalidade, a Confederação Asiática de Futebol Feminno (ALFC) existia de maneira independente e já realizava torneios entre as seleções do continente.
Neste cenário, as Filipinas tiveram sua primeira equipe de mulheres formalizada no início dos anos 80, já participando das Copas Asiáticas de 1981 e 1983 e voltando à competição nos anos 90, com presença nos torneios de 93, 95, 97 e 99, quando sediaram o campeonato. Entretanto, todas essas campanhas mostravam uma equipe coadjuvante que era goleada constantemente e não passava da fase de grupos, com apenas duas vitórias na soma de todos as copas disputados.
Ainda participando das edições de 2001 e 2003, o país insular passou a ter dificuldades de retornar ao campeonato desde os torneios de 2006 em diante, quando foi implementada uma qualificatória para decidir os países participantes de cada edição.
Paralelo a isso, a incorporação da ALFC a Confederação Asiática de Futebol (AFC) - e consequentemente a FIFA - abriu espaço para que novas competições fossem organizadas a nível regional. Desta maneira, as Filipinas se tornaram participantes ativas da Copa do Sudeste Asiático (AFF), mas também sem conseguir demonstrar qualquer reação perante a evolução dos vizinhos que seguiam em um patamar superior.
Revoluções e chegada a Copa do Mundo
A situação do futebol feminino seguiu sem modificações até o ano de 2017, quando a federação local iniciou um largo projeto de qualificação e metas para evolução do futebol nacional. Intensificando a capacitação de descendentes filipinas em solo norte-americano e criando condições melhores de treinamento e captação de atletas, as Filipinas retornaram a Copa Asiática pela primeira desde a implementação das qualificatórias. Além disso, o torneio continental também passou a dar vagas diretas e indiretas (repescagem) aos seus participantes.
Participando do campeonato de 2018, as Filipinas venceram a anfitriã Jordânia por 2 a 1, perderam para a China por 3 a 0 e para a Tailândia por 3 a 1, não se classificando para as semifinais. Entretanto, a terceira posição na chave garantiu a disputa contra a Coreia do Sul por uma vaga na repescagem para a Copa do Mundo 2019. Infelizmente, o resultado de 5 a 0 demonstrou que muito trabalho ainda precisava ser feito para o crescimento da seleção.
Apesar do fracasso no torneio continental, uma aparente evolução já era perceptível na equipe. Em 2019, as Filipinas disputam a Copa do Sudeste Asiático na Indonésia e chegam pela primeira vez a fase de mata-mata da competição, terminando no quarto lugar.
Em 2021, um novo sucesso nas eliminatórias leva o país novamente para a disputa do campeonato asiático de 2022. E seguindo com um projeto de evolução e qualificação, a federação local contrata o experiente treinador australiano Alen Stajcic, que revolucionou o futebol feminino de seu país durante os anos de 2014 a 2019.
Com Stajcic no comando, as Filipinas conseguem uma histórica campanha na competição. Na primeira fase, a equipe ganha da Tailândia por 1 a 0 e encerra um jejum de 13 derrotas seguidas contra o país. Na segunda rodada é derrotada pela Austrália por 4 a 0 e joga todas suas esperanças no confronto final da chave, contra a Indonésia. No confronto, uma goleada de 6 a 0 não só dá a classificação como coloca a equipe como uma grande surpresa do torneio.
A decisão da vaga para a Copa aconteceu nas quartas de final, quando um empate em 1 a 1 contra Taiwan levou a classificação para a disputa de penaltis. Com um triunfo de 7 a 6, a equipe conseguiu um feito histórico não só para a modalidade como também para qualquer seleção nacional do país independente de gênero e categoria: a primeira classificação para um torneio intercontinental da FIFA.
Nas semifinais, as Filipinas caíram perante a Coreia do Sul e dividiram a terceira posição com o Japão, uma potência mundial. Meses depois, a nação sedia os Jogos do Sudeste Asiático e faz mais história: conquistam o título inédito sobre a rival Tailândia.
https://twitter.com/AttackingThird/status/1487833496643014658?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1487833496643014658%7Ctwgr%5E531af7878b8e08efb3249e88f443ffea618aa496%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.fifa.com%2Ffifaplus%2Fpt%2Farticles%2Fcopa-mundo-feminina-2023-contagem-regressiva-45-dias-australia-nova-zelandia
Filipinas na Copa do Mundo
Presentes no Grupo A da Copa do Mundo, as Filipinas fazem sua estreia no dia 21/6 contra a Suíça no Forsyth Barr Stadium, em Dunedin. Já no dia 25 elas encaram as anfitriãs da Nova Zelândia no Wellington Regional Stadium e encerram a primeira fase contra a Noruega no Eden Park, em Auckland.
Com um grupo que passou a ganhar o mundo depois de sua histórica classificação, o país tem poucas atletas que ainda atuam no futebol do país. Isso fez com que o treinador Alen Stajcic reunisse as jogadoras em solo australiano/neozelandes meses antes da realização da Copa do Mundo.
“Para a Copa do Mundo, não sei o quão bom seremos, mas sei que estamos indo na direção certa. Minha analogia é que acabamos de escalar e conquistar uma pequena colina, que é o sudeste da Ásia. Os desafios pela frente serão uma montanha muito maior: tentar conquistar o resto da Ásia e depois o mundo”, afirma o comandante da equipe.
Entre as atletas destaque, a sensação Sarina Bolden desponta como uma das sensações do selecionado. Artilheira da equipe, a atacante nascida nos Estados Unidos até participou da equipe sub-17 norte-americana, mas se converteu mais tarde a estrela das Filipinas. Além dela, a meia Tahnai Annis e a também atacante Katrina Guillou são peças-chave da equipe asiática.
Dentre as 211 nações que compõem a FIFA, poucas conseguem participar de torneios organizados pela entidade máxima do futebol mundial. Mesmo que somemos Copa Masculina e Feminina, além dos torneios Sub-23 (Jogos Olímpicos), Sub-20, Sub-17 e a extinta Copa das Confederações, um grande número de países jamais conseguiu sair de seus continentes para integrar uma competição de nível global.
E até o ano passado esse era o caso das Filipinas, que mesmo com um extenso histórico no futebol colecionava insucessos por todos as modalidades e categorias que envolvem seleções. Isso mudou com uma emocionante classificação para a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, o que deu as atletas desta equipe um novo papel de inspiração para as futuras gerações do país asiático.
Primeiros anos e luta pela relevância
O futebol feminino tem uma extensa história no continente asiático. Antes mesmo da FIFA ou da Confederação Asiática de Futebol (AFC) incorporarem a gestão e organização desta modalidade, a Confederação Asiática de Futebol Feminno (ALFC) existia de maneira independente e já realizava torneios entre as seleções do continente.
Neste cenário, as Filipinas tiveram sua primeira equipe de mulheres formalizada no início dos anos 80, já participando das Copas Asiáticas de 1981 e 1983 e voltando à competição nos anos 90, com presença nos torneios de 93, 95, 97 e 99, quando sediaram o campeonato. Entretanto, todas essas campanhas mostravam uma equipe coadjuvante que era goleada constantemente e não passava da fase de grupos, com apenas duas vitórias na soma de todos as copas disputados.
Ainda participando das edições de 2001 e 2003, o país insular passou a ter dificuldades de retornar ao campeonato desde os torneios de 2006 em diante, quando foi implementada uma qualificatória para decidir os países participantes de cada edição.
Paralelo a isso, a incorporação da ALFC a Confederação Asiática de Futebol (AFC) - e consequentemente a FIFA - abriu espaço para que novas competições fossem organizadas a nível regional. Desta maneira, as Filipinas se tornaram participantes ativas da Copa do Sudeste Asiático (AFF), mas também sem conseguir demonstrar qualquer reação perante a evolução dos vizinhos que seguiam em um patamar superior.
Revoluções e chegada a Copa do Mundo
A situação do futebol feminino seguiu sem modificações até o ano de 2017, quando a federação local iniciou um largo projeto de qualificação e metas para evolução do futebol nacional. Intensificando a capacitação de descendentes filipinas em solo norte-americano e criando condições melhores de treinamento e captação de atletas, as Filipinas retornaram a Copa Asiática pela primeira desde a implementação das qualificatórias. Além disso, o torneio continental também passou a dar vagas diretas e indiretas (repescagem) aos seus participantes.
Participando do campeonato de 2018, as Filipinas venceram a anfitriã Jordânia por 2 a 1, perderam para a China por 3 a 0 e para a Tailândia por 3 a 1, não se classificando para as semifinais. Entretanto, a terceira posição na chave garantiu a disputa contra a Coreia do Sul por uma vaga na repescagem para a Copa do Mundo 2019. Infelizmente, o resultado de 5 a 0 demonstrou que muito trabalho ainda precisava ser feito para o crescimento da seleção.
Apesar do fracasso no torneio continental, uma aparente evolução já era perceptível na equipe. Em 2019, as Filipinas disputam a Copa do Sudeste Asiático na Indonésia e chegam pela primeira vez a fase de mata-mata da competição, terminando no quarto lugar.
Em 2021, um novo sucesso nas eliminatórias leva o país novamente para a disputa do campeonato asiático de 2022. E seguindo com um projeto de evolução e qualificação, a federação local contrata o experiente treinador australiano Alen Stajcic, que revolucionou o futebol feminino de seu país durante os anos de 2014 a 2019.
Com Stajcic no comando, as Filipinas conseguem uma histórica campanha na competição. Na primeira fase, a equipe ganha da Tailândia por 1 a 0 e encerra um jejum de 13 derrotas seguidas contra o país. Na segunda rodada é derrotada pela Austrália por 4 a 0 e joga todas suas esperanças no confronto final da chave, contra a Indonésia. No confronto, uma goleada de 6 a 0 não só dá a classificação como coloca a equipe como uma grande surpresa do torneio.
A decisão da vaga para a Copa aconteceu nas quartas de final, quando um empate em 1 a 1 contra Taiwan levou a classificação para a disputa de penaltis. Com um triunfo de 7 a 6, a equipe conseguiu um feito histórico não só para a modalidade como também para qualquer seleção nacional do país independente de gênero e categoria: a primeira classificação para um torneio intercontinental da FIFA.
Nas semifinais, as Filipinas caíram perante a Coreia do Sul e dividiram a terceira posição com o Japão, uma potência mundial. Meses depois, a nação sedia os Jogos do Sudeste Asiático e faz mais história: conquistam o título inédito sobre a rival Tailândia.
https://twitter.com/AttackingThird/status/1487833496643014658?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1487833496643014658%7Ctwgr%5E531af7878b8e08efb3249e88f443ffea618aa496%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.fifa.com%2Ffifaplus%2Fpt%2Farticles%2Fcopa-mundo-feminina-2023-contagem-regressiva-45-dias-australia-nova-zelandia
Filipinas na Copa do Mundo
Presentes no Grupo A da Copa do Mundo, as Filipinas fazem sua estreia no dia 21/6 contra a Suíça no Forsyth Barr Stadium, em Dunedin. Já no dia 25 elas encaram as anfitriãs da Nova Zelândia no Wellington Regional Stadium e encerram a primeira fase contra a Noruega no Eden Park, em Auckland.
Com um grupo que passou a ganhar o mundo depois de sua histórica classificação, o país tem poucas atletas que ainda atuam no futebol do país. Isso fez com que o treinador Alen Stajcic reunisse as jogadoras em solo australiano/neozelandes meses antes da realização da Copa do Mundo.
“Para a Copa do Mundo, não sei o quão bom seremos, mas sei que estamos indo na direção certa. Minha analogia é que acabamos de escalar e conquistar uma pequena colina, que é o sudeste da Ásia. Os desafios pela frente serão uma montanha muito maior: tentar conquistar o resto da Ásia e depois o mundo”, afirma o comandante da equipe.
Entre as atletas destaque, a sensação Sarina Bolden desponta como uma das sensações do selecionado. Artilheira da equipe, a atacante nascida nos Estados Unidos até participou da equipe sub-17 norte-americana, mas se converteu mais tarde a estrela das Filipinas. Além dela, a meia Tahnai Annis e a também atacante Katrina Guillou são peças-chave da equipe asiática.