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Copa 2023: De volta ao Mundial depois de 16 anos, Dinamarca busca reviver glória de passado pré-FIFA

As alvirrubras já foram bicampeãs mundiais antes da entidade máxima do esporte adotar a modalidade e querem retomar as glórias do passado

Por Da Redação

Copa 2023: De volta ao Mundial depois de 16 anos, Dinamarca busca reviver glória de passado pré-FIFA
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Dentre as equipes que promulgaram e praticaram o futebol feminino em sua era pré-FIFA, talvez não exista uma mais regular e exitosa como a Dinamarca. Campeãs dos chamados "Campeonatos Mundiais", a equipe ainda viveu um período de boas campanhas nos anos 90 e ocasionalmente segue entre as principais da Europa, mas amargou um jejum de 16 anos sem participações de copas, encerrado com a recente classificação para o torneio da Austrália e Nova Zelândia.
Origem e Primeiros Títulos
O futebol feminino da Dinamarca já apresentava organização desde os anos 70, quando foi fundadad a Federação Dinamarquesa de Futebol Feminino (DKFU), entidade fundada por três clubes de futebol após a negativa da Federação Dinamarquesa (DBU) negar a criação de um torneio para as mulheres.
No mesmo ano, foi organizada na Itália a primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino, um projeto independente da FIFA e organizada pela recém criada Federação Internacional e Europeia de Futebol Feminino (FIEFF). Convidada para ser uma das participantes, a Dinamarca foi representada integralmente pela equipe do BK Femina, um dos clubes mais populares do país. Na competição eliminatória, o selecionado não teve dificulades em vencer a Alemanha Ocidental (6 a 1) nas quartas de final, derrotando também a Inglaterra (2 a 0) nas semifinais e a Itália, dona da casa, na grande decisão (2 a 0)

Em 1971, o torneio voltou a ser disputado em terras mexicanas e a Dinamarca repetiu o feito do primeiro mundial. Na fase de grupos derrotou a França (3 a 0) e empatou com a Itália (1 a 1), classificando em primeiro da chave. Nas Semifinais, golearam a Argentina por 5 a 0 (que comentamos a sua participação aqui) e depois foram a final com as donas da casa, vencendo por 3 a 0. Um detalhe importante é da partida contar com a presença de 115 mil pessoas no Estádio Azteca.
Em 1979, foi organizado também uma competição europeia não oficial (que já comentamos aqui), na qual a Dinamarca também foi a grande campeã. Depois do vice-campeonato do Mundialito do Japão, em 1981, a Dinamarca participou da primeira Eurocopa oficial em 1984, caindo nas semifinais perante a Inglaterra. Como o torneio era curto e com apenas quatro equipes, selecionado através de eliminatórias continentais, a equipe ficou de fora das edições de 87 e 89, retornando na edição de 1991 ao cair novamente nas semis contra a Noruega.
No mesmo ano, aconteceu a primeira Copa do Mundo da FIFA de Futebol Feminino. E diferente das edições "informais", a Dinamarca fez uma participação tímida na competição. Venceu a Nova Zelândia por 3 a 0 na estreia, empatou com a China em 2 a 2 e perdeu paras as rivais norueguesas por 2 a 1. Nas quartas, caiu para as alemães com um gol na prorrogação.

Na Euro de 93, as alvirrubras caíram mais uma vez perante a Noruega em uma semifinal. Já em 95, nem chegaram a fase final, eliminadas pela Suécia no mata-mata que dava vaga ao torneio. Entretanto, por ter melhor campanha entre as equipes desclassificadas nas eliminatórias, conseguiu uma vaga na Copa do Mundo do mesmo ano.
No torneio mundial, estrearam com goleada sobre a Austrália por 5 a 0 e tropeçaram frente a Estados Unidos e China. Classificadas como um dos melhores terceiros colocados, caíram mais uma vez contra a Noruega, vencedora daquele ano. Por conta da campanha da Euro 95, as dinamarquesas também tiveram vaga para os Jogos Olímpicos de 96. Três derrotas para EUA, China e Suécia sepultaram a única participação do país na história do torneio.
O final da década assinalou um declínio da seleção dinamarquesa. Depois dos Jogos de 96, a participação da equipe na Euro de 97 e na Copa de 99 foram as piores da sua história, com um empate no torneio europeu e derrotas em todos os outros jogos. Enquanto no torneio continental os adversários foram Itália, Alemanha e Noruega, o Mundial contou com tropeços frente a Estados Unidos, Nigéria e Coreia do Norte.
Novo século, melhora continental e fracasso mundial
As péssimas campanhas do final dos anos 90 não se repetiram na EURO 2001. Na primeira fase do torneio, perderam para a Itália por 2 a 1 na estreia e rapidamente se recuperaram ao vencer a França por 4 a 3 e a Noruega por 1 a 0. Entretanto, caíram mais uma vez na "maldição" das semifinais, derrotadas pela Suécia por 1 a 0.
Depois do fracasso de chegar a Copa do Mundo de 2003, caindo na repescagem continental para a França, as alvirrubras voltaram a uma disputa de Eurocopa em 2005 e voltaram a tropeçar na primeira fase por conta de um detalhe curioso: Após empatar com a Suécia e vencer a Inglaterra, a equipe perdeu para a Finlândia e acabou empatada em todos os critérios com as rivais. Com isso, foram eliminadas pelo critério desempate do confronto direto e deram adeus ao torneio.

Em 2007 a Dinamarca viria para o seu último mundial em 16 anos. Em um grupo com a China, donas da casa, perderam para as anfitriãs por 3 a 2, venceram a Nova Zelândia por 2 a 0 e perderam para o Brasil - vice-campeão daquele ano - por 1 a 0. Dois anos depois, em mais uma Euro, tropeços para Finlândia e Holanda fizeram a equipe também sair na primeira fase.
Renascimento e retorno à Copa do Mundo
Com a chegada da nova década, a seleção feminina da Dinamarca voltou a ter resultados melhores que suas últimas apresentações internacionais. Na Euro de 2013, mesmo fazendo apenas dois pontos na fase de grupos frente Suécia e Finlândia (perdendo para a Itália), se classificou para as quartas de final e eliminou a França em disputa de penalidades. Porém, foi do mesmo método que acabou eliminada nas semifinais.
Quatro anos depois, em 2017, chegou a sua melhor marca na era UEFA/FIFA: Na primeira fase, venceu Bélgica e Noruega, caindo apenas para a Holanda. Nas quartas, desbancou a super favorita Alemanha por 2 a 1 e chegou a semifinal contra uma surpreendente Áustria, vencendo-a também em disputa de penalidades. Este resultado levou o país a uma inédita final europeia moderna contra a mesma Holanda da primeira fase, o que infelizmente deu o vice-campeonato as escandinavas depois de um intenso jogo que terminou em 4 a 2.

Apesar do vice-campeonato, este resultado levou a uma revolução no futebol dinamarques, tanto dentro quanto fora dos gramados. Enquanto o público para o esporte crescia mais e mais no país, lotando estádios e comovendo uma nação na final europeia, existia uma outra dentro dos gramados, em que as atletas eram mal remuneradas em jogos oficiais e não recebiam qualquer pagamento em amistosos - apenas ganhavam ingressos e não tinham direito nem a jantar pós-jogo - o vice-campeonato europeu acabou determinante para que os ânimos entre atletas e federação se esgotassem.
Após a disputa do torneio, as atletas resolveram não participar de um jogo válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo, o que causou uma punição a federação e a perda de pontos da respectiva partida. Dentro disso, foram expostas indignações das jogadoras e uma longa briga por melhorias salariais e de estrutura que já existia antes da Euro de 2017. Apesar dos riscos de ser desqualificada do torneio, a Dinamarca seguiu na competição e foi até a repescagem continental, perdendo para a Holanda na ocasião.
Em 2022, a expectativa por uma campanha histórica na Eurocopa era realidade entre a população local. Depois de conseguirem quebrar o recorde de publico em um triunfo sobre o Brasil, em partida amistosa, a realidade ainda se mostrou dura para as alvirrubras.
Em um grupo complicado com Alemanha, Espanha e Finlândia, a Dinamarca venceu apenas a sua rival escandinava e foi derrotado pelas outras duas rivais, dando adeus ao sonho de um título. Entretanto, meses depois foi iniciada uma campanha histórica que colocou o time em uma série invicta de oito jogos com 100% de aproveitamento e o retorno à Copa do Mundo. Com 16 anos de espera, enfim a volta para um mundial de futebol.
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Dinamarca na Copa do Mundo 2023
Para o torneio, a equipe branca e vermelha tem um trunfo que inveja a muitos rivais: Pernille Harder. A jogadora tem uma média de um gol por jogo, é a força-motriz da equipe e ainda tem em seu currículo títulos pela Champions League Feminina, Jogadora do ano pela World Soccer's, IFFHS e UEFA.
Atualmente no Bayern de Munique, Harder também é ativista a favor da igualdade e dos direitos LGBTQIA+ no esporte e tem uma ONG em que destina 1% de seu salário para ajudar a resolver questões sociais no futebol. Um detalhe curioso é que sua companheira, e também sócia nos projetos, defende as cores de outro país: A defensora Magdalena Eriksson é um dos nomes de destaque da seleção sueca de futebol.

A Dinamarca estará no Grupo D da Copa do Mundo, ao lado de Inglaterra, China e Haiti. Sua estreia acontece no dia 22/7 ao enfrentar as Rosas de Aço em Perth. Já no dia 28, as escandinavas enfrentam as britânicas em Sidney e encerram a primeira fase no dia 1/8 contra as caribenhas.
Além de Harder, outros destaques da equipe são a atacante Signe Bruun, a experiente defensora Katrine Veje, e as meias Sanne Troelsgaard e Kathrine Kuhl.

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