Copa 2023: Após brilhar na repescagem, Haiti quer usar o Mundial para levar esperança à população
Em um país que passa por dificuldades políticas, sanitárias e econômicas, uma nova geração de atletas traz renovação ao futebol do Haiti
Divulgação/FIFA
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
A atual edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino tem uma diferença significativa em relação as edições anteriores. Com o aumento de 24 para 32 nações participantes, a FIFA espera um crescimento mais acelerado da modalidade, principalmente em cenários considerados periféricos que tenham material humano com potencial de evolução.
Dentro desta estratégia, a classificação inédita do Haiti se enquadra perfeitamente: formada por uma geração jovem que atuou no Mundial Sub-20 de 2018, a equipe venceu as adversidades de um país tomado pelo caos e a destruição para brilhar na repescagem internacional e superar nações africanas e sul-americans por uma vaga inédita no maior torneio de seleções femininas do mundo.
Origem tímida e luta por espaço
Com a prática do futebol feminino acontecendo desde o final dos anos 70 e início dos 80, o Haiti tem seus primeiros relatos de partidas oficiais na modalidade apenas nos anos 90, quando sediou o primeiro Campeonato Feminino da Concacaf de 1991.
Na ocasião, as donas da casa conseguiram bons resultados na primeira fase ao vencer Jamaica e Costa Rica, mas caíram perante o Canadá na última rodada e foram eliminadas nas quartas de final com um traumático 10 a 0 contra os Estados Unidos, futura campeã do mundo naquele mesmo ano.
Após esta experiência, Les Grenadières (as Granadeiras) alternaram participações nos torneios continentais de 1998 e 2002 sem muito destaque. Durante estes anos, o Haiti ainda conseguia bons resultados perante a maioria das seleções caribenhas e centr0-americanas, mas era vítima de goleadas frente as maiores equipes do continente e foi gradativamente perdendo espaço para rivais locais como Jamaica e Trinidad e Tobago.
Em 2010, por conta do terremoto que assolou a ilha e afetou completamente a estrutura social do país, o futebol local foi diretamente afetado em suas estruturas físicas e de treinamento, mas não deixou de ser praticado e representar a nação em eventos internacionais.
Assim como aconteceu com o time masculino, as mulheres haitianas seguiram a frente em suas competições e sustentaram a esperança de um povo que passou a viver um conjunto de outras adversidades após a catástrofe.
Dentro deste cenário, que ainda se agravou com crises políticas, corrupção, surto de cólera e instabilidade social, o selecionado haitiano passou por poucos investimentos e tem um ambiente local que desestimula a prática e a captação de atletas.
Além disso, denúncias de assédio sexual do próprio presidente da federação, Yves Jean-Bart, criaram um sinal de alerta sobre as condições de impunidade e violência que existem dentro da entidade esportiva. Entretanto, mesmo com todos esses problemas, uma nova geração foi reunida e serviu de base para uma trajetória que empolga a população local.
Paralelo a equipe principal, que conseguiu ainda participações nos campeonatos da Concacaf de 2010 e 2014, um grupo de jovens atletas foi reunida e conseguiu expressivos resultados nos torneios locais sub-17 de 2016 e 2018.
Com a mesma base, as Granadeiras chegaram ao continental sub-20 e brilharam em uma terceira posição, desclassificando um tradicional Canadá e conseguindo uma inédita vaga para o Mundial Sub-20 do mesmo ano. Esta conquista colocou as jogadoras no cenário internacional, levando a maioria para o futebol francês e norte-americano.
Anos depois, em 2022, a base desta equipe sub-20 foi utilizada no grupo principal para a disputa do Campeonato Feminino da Concacaf do mesmo ano, torneio que agora daria não só quatro vagas diretas para a Copa quanto mais duas para a repescagem internacional. Na primeira rodada, uma nova derrota para as tetracampeãs mundiais dos Estados Unidos por 3 a 0 dava a previsão que os esforços das atletas ainda pareciam pequenos em relação a proposta a ser atingida.
Na segunda, um expressivo e inédito resultado de 3 a 0 sobre o México deu esperanças para a equipe, que foi a última rodada precisando superar as jamaicanas para chegar ao Mundial. Entretanto, uma goleada de 4 a 0 contra as rivais adiou o sonho de classificação, colocando-as na temida repescagem.
No início de 2023, a tabela do torneio qualificatório não se mostrou fácil para as haitianas. No primeiro jogo, Les Grenadières tiveram pela frente o Senegal, que vinha de uma campanha exitosa na Copa Africana, e golearam as Leoas por 4 a 0.
O triunfo as colocou de frente com o Chile, que veio de um quinto lugar na Copa América e queria voltar a Copa do Mundo depois de participar da edição de 2019. No jogo, um dos mais dificieis do torneio seletivo, as caribenhas venceram por 2 a 1 e comemoraram muito a inédita e surpreendente vaga para o Mundial.
https://www.youtube.com/watch?v=HK1DMRpj46E
Haiti na Copa do Mundo 2023
Apesar da festa e da esperança de surpreender no torneio, o Haiti tem pela frente um dos grupos mais difíceis da Copa do Mundo: Com uma chave em solo australiano, as Granadeiras estreiam no dia 22/7 contra a Inglaterra - atual campeã europeia e quarta no ranking da FIFA - no Lang Park, em Brisbane. Logo depois, no dia 28 do mesmo mês, a adversária será a China (atual campeã asiática) no Hindmarsh Stadium, em Adelaide. E o encerramento da fase de grupos acontece no dia 1/8 em partida contra a Dinamarca no Perth Oval.
O grande destaque do Haiti vai para Melchie Dumornay, de apenas 19 anos. Considerada por muitos como uma das melhores da atual geração jovem mundial, Dumornay atua no Lyon da França e participou do Mundial Sub-20 quando tinha apenas 15 anos. Foi o grande destaque da partida contra o Chile, participando ativamente dos dois gols de sua equipe na ocasião.
Além dela, outra jogadora sensação da equipe é Nérilia Mondésir, capitã de apenas 24 anos que foi a primeira a se transferir para solo francês. Hoje, 14 das 23 atletas da equipe atuam no país europeu, como é o caso das artilheiras Batcheba Louis e Roselord Borgella. Já o restante do elenco segue em países como Estados Unidos, Canadá, Portugal e Rússia. Todas se condicionando para, quem sabe, levar alegria ao seu país.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook e Twitter. Quer mandar uma denúncia ou sugestão de pauta, mande WhatsApp para (71) 99940 – 7440. Nos insira nos seus grupos!
A atual edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino tem uma diferença significativa em relação as edições anteriores. Com o aumento de 24 para 32 nações participantes, a FIFA espera um crescimento mais acelerado da modalidade, principalmente em cenários considerados periféricos que tenham material humano com potencial de evolução.
Dentro desta estratégia, a classificação inédita do Haiti se enquadra perfeitamente: formada por uma geração jovem que atuou no Mundial Sub-20 de 2018, a equipe venceu as adversidades de um país tomado pelo caos e a destruição para brilhar na repescagem internacional e superar nações africanas e sul-americans por uma vaga inédita no maior torneio de seleções femininas do mundo.
Origem tímida e luta por espaço
Com a prática do futebol feminino acontecendo desde o final dos anos 70 e início dos 80, o Haiti tem seus primeiros relatos de partidas oficiais na modalidade apenas nos anos 90, quando sediou o primeiro Campeonato Feminino da Concacaf de 1991.
Na ocasião, as donas da casa conseguiram bons resultados na primeira fase ao vencer Jamaica e Costa Rica, mas caíram perante o Canadá na última rodada e foram eliminadas nas quartas de final com um traumático 10 a 0 contra os Estados Unidos, futura campeã do mundo naquele mesmo ano.
Após esta experiência, Les Grenadières (as Granadeiras) alternaram participações nos torneios continentais de 1998 e 2002 sem muito destaque. Durante estes anos, o Haiti ainda conseguia bons resultados perante a maioria das seleções caribenhas e centr0-americanas, mas era vítima de goleadas frente as maiores equipes do continente e foi gradativamente perdendo espaço para rivais locais como Jamaica e Trinidad e Tobago.
Em 2010, por conta do terremoto que assolou a ilha e afetou completamente a estrutura social do país, o futebol local foi diretamente afetado em suas estruturas físicas e de treinamento, mas não deixou de ser praticado e representar a nação em eventos internacionais.
Assim como aconteceu com o time masculino, as mulheres haitianas seguiram a frente em suas competições e sustentaram a esperança de um povo que passou a viver um conjunto de outras adversidades após a catástrofe.
Dentro deste cenário, que ainda se agravou com crises políticas, corrupção, surto de cólera e instabilidade social, o selecionado haitiano passou por poucos investimentos e tem um ambiente local que desestimula a prática e a captação de atletas.
Além disso, denúncias de assédio sexual do próprio presidente da federação, Yves Jean-Bart, criaram um sinal de alerta sobre as condições de impunidade e violência que existem dentro da entidade esportiva. Entretanto, mesmo com todos esses problemas, uma nova geração foi reunida e serviu de base para uma trajetória que empolga a população local.
Paralelo a equipe principal, que conseguiu ainda participações nos campeonatos da Concacaf de 2010 e 2014, um grupo de jovens atletas foi reunida e conseguiu expressivos resultados nos torneios locais sub-17 de 2016 e 2018.
Com a mesma base, as Granadeiras chegaram ao continental sub-20 e brilharam em uma terceira posição, desclassificando um tradicional Canadá e conseguindo uma inédita vaga para o Mundial Sub-20 do mesmo ano. Esta conquista colocou as jogadoras no cenário internacional, levando a maioria para o futebol francês e norte-americano.
Anos depois, em 2022, a base desta equipe sub-20 foi utilizada no grupo principal para a disputa do Campeonato Feminino da Concacaf do mesmo ano, torneio que agora daria não só quatro vagas diretas para a Copa quanto mais duas para a repescagem internacional. Na primeira rodada, uma nova derrota para as tetracampeãs mundiais dos Estados Unidos por 3 a 0 dava a previsão que os esforços das atletas ainda pareciam pequenos em relação a proposta a ser atingida.
Na segunda, um expressivo e inédito resultado de 3 a 0 sobre o México deu esperanças para a equipe, que foi a última rodada precisando superar as jamaicanas para chegar ao Mundial. Entretanto, uma goleada de 4 a 0 contra as rivais adiou o sonho de classificação, colocando-as na temida repescagem.
No início de 2023, a tabela do torneio qualificatório não se mostrou fácil para as haitianas. No primeiro jogo, Les Grenadières tiveram pela frente o Senegal, que vinha de uma campanha exitosa na Copa Africana, e golearam as Leoas por 4 a 0.
O triunfo as colocou de frente com o Chile, que veio de um quinto lugar na Copa América e queria voltar a Copa do Mundo depois de participar da edição de 2019. No jogo, um dos mais dificieis do torneio seletivo, as caribenhas venceram por 2 a 1 e comemoraram muito a inédita e surpreendente vaga para o Mundial.
https://www.youtube.com/watch?v=HK1DMRpj46E
Haiti na Copa do Mundo 2023
Apesar da festa e da esperança de surpreender no torneio, o Haiti tem pela frente um dos grupos mais difíceis da Copa do Mundo: Com uma chave em solo australiano, as Granadeiras estreiam no dia 22/7 contra a Inglaterra - atual campeã europeia e quarta no ranking da FIFA - no Lang Park, em Brisbane. Logo depois, no dia 28 do mesmo mês, a adversária será a China (atual campeã asiática) no Hindmarsh Stadium, em Adelaide. E o encerramento da fase de grupos acontece no dia 1/8 em partida contra a Dinamarca no Perth Oval.
O grande destaque do Haiti vai para Melchie Dumornay, de apenas 19 anos. Considerada por muitos como uma das melhores da atual geração jovem mundial, Dumornay atua no Lyon da França e participou do Mundial Sub-20 quando tinha apenas 15 anos. Foi o grande destaque da partida contra o Chile, participando ativamente dos dois gols de sua equipe na ocasião.
Além dela, outra jogadora sensação da equipe é Nérilia Mondésir, capitã de apenas 24 anos que foi a primeira a se transferir para solo francês. Hoje, 14 das 23 atletas da equipe atuam no país europeu, como é o caso das artilheiras Batcheba Louis e Roselord Borgella. Já o restante do elenco segue em países como Estados Unidos, Canadá, Portugal e Rússia. Todas se condicionando para, quem sabe, levar alegria ao seu país.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook e Twitter. Quer mandar uma denúncia ou sugestão de pauta, mande WhatsApp para (71) 99940 – 7440. Nos insira nos seus grupos!