Jornalistas enaltecem Wanda Chase: 'Elegante, generosa e precursora'
Colegas de profissão como Zé Raimudo e Casemiro Neto homenagearam Wanda Chase durante velório
Por Juana Castro.
Durante o velório da jornalista Wanda Chase, na tarde desta sexta-feira (4), no Cemitério Campo Santo, em Salvador, amigos e colegas de profissão prestaram homenagens e lembraram o legado da comunicadora, que morreu na última quarta-feira (2), aos 74 anos. Reconhecida como uma referência no jornalismo baiano, especialmente na cobertura de temas ligados à cultura e à identidade negra, Wanda foi lembrada com carinho por quem conviveu e trabalhou com ela.
O jornalista Osmar Marrom, parceiro de longa data de Wanda, falou sobre a relação de amizade e admiração. “Trabalhei com Wanda Chase dez anos, mas já a conhecia há muito tempo. Wanda era meu contraponto. Ela sempre foi uma pessoa séria e eu mais palhaço", iniciou, destacando como "admirável" a luta dela pela causa dos pretos e da música da Bahia.
Ele também destacou o compromisso de Wanda com os artistas, preocupando-se principalmente com os que vinham da periferia e começavam a ganhar dinheiro através da música. "Ela orientava, falava pra comprar apartamento", lembrou. "Era uma baiana nata. Pena que não deu tempo de receber o título [de cidadã baiana]", completou.
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Casemiro Neto, que também trabalhou com Wanda por mais de 20 anos, somando TV Bahia e TV Aratu, afirmou que só tem lembranças boas da amiga e ressaltou o pioneirismo dela na transformação do jornalismo local: "Ela rompeu barreiras no jornalismo da Bahia. Abriu caminhos para que gente preta assumisse postos de comando no jornalismo", comentou. "Acima de tudo, tem minha admiração, o meu amor e a minha amizade por uma pessoa que fará uma falta imensa. Não só a mim, mas acho que a toda a Bahia", concluiu Casé.
O apresentador Léo Sampaio disse que, antes de tudo, era fã de Wanda Chase, e depois teve o privilégio de se tornar um amigo. "Nos transformamos em bons amigos, parceiros de transmissão, colegas de trabalho. Uma saudade imensa e uma lacuna absurda que ela vai deixar no nosso setor do jornalismo.”
Ele lembrou o último encontro com a jornalista, no podcast dela, do qual participou junto com Marrom, em fevereiro: "Foi super descontraído, com histórias incríveis. Mas faz parte. Grande saudade. Uma profissional e amiga querida, que com certeza está nos braços do nosso pai maior, Jesus Cristo.”
'Jornalismo padrão Wanda Chase'
A jornalista Silvana Freire falou que foi acolhida por Wanda logo no início da carreira e destacou a generosidade da colega. "Me estendeu a mão, me acolheu e depois se tornou minha amiga. Sempre foi uma pessoa de acolher, ensinar e estar disposta a ajudar. Como aprendemos ao lado de Wanda!", afirmou.
"A gente vê aqui, hoje, uma unanimidade: pessoas de todas as religiões, de todas as emissoras... Ela é isso, essa unanimidade. Uma pessoa querida por todos nós, por sempre ser elegante, gentil, discreta, correta. Um jornalismo padrão Wanda Chase", finalizou.
Também presente na cerimônia, o jornalista Zé Raimundo endossou a generosidade de Wanda e a relevância dela para o jornalismo e a cultura da Bahia. "Wanda era uma amiga tão querida, uma colega tão generosa, uma pessoa tão importante para o jornalismo baiano e brasileiro. Para a classe artística também. Wanda já deixou uma lacuna que dificilmente será preenchida", refletiu.
Ele relembrou o início da amizade entre os dois, em Campina Grande, na TV Paraíba, e o encontro posterior em Salvador. "Wanda abriu muitas portas, deu exemplos de generosidade e solidariedade. Wanda é uma pessoa querida e inesquecível", concluiu Zé Raimundo.
Velório de Wanda Chase
Sob aplausos e ao som de música percussiva. Assim que o caixão com o corpo da jornalista Wanda Chase saiu da capela do Cemitério Campo Santo, em Salvador, na tarde desta sexta-feira (4). O empresário e agitador cultural Clarindo Silva e o cantor e multi-instrumentista Carlinhos Brown fizeram a condução, ao passo que integrantes da Banda Didá, do Olodum e do Ilê Aiyê acompanharam o cortejo até o crematório.
A cerimônia começou às 13h e reuniu amigos, familiares, colegas de profissão, artistas e representantes da cultura afro-baiana. Estiveram presentes para prestar as últimas homenagens nomes como a cantora Gilmelândia, Vovô do Ilê, o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, e jornalistas como Giácomo Mancini, Patrícia Nobre, Andrea Silva, Ana Valéria, Thiago Mastroiani, Gustavo Castelucci, Georgina Maynart, Tarsila Alvarindo, Naiá Braga, Luana Assis, Casemiro Neto, Silvana Freire e Léo Sampaio.
Morte de Wanda Chase
Wanda Chase morreu na quarta-feira (2), vítima de um aneurisma dissecante da aorta. Ela deu entrada na terça-feira (1º) no Hospital Teresa de Lisieux, em Salvador, após sentir-se mal. Foi submetida a uma cirurgia de urgência, mas não resistiu e faleceu na unidade de saúde.
Natural de Manaus, Wanda construiu sua carreira jornalística na Bahia, onde se tornou referência em coberturas de festas populares, especialmente o Carnaval. Atuou por 27 anos na TV Bahia, e também teve passagens pela TV Aratu, TVE e pelo portal Ibahia.
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