Uma casa que parou no tempo e conservou marcas deixadas pela execução de Mãe Bernadete. Assim está a residência amarela, que servia como centro das atividades do Quilombo Pitangueira de Palmares, localizado no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Com autorização da família da líder quilombola e ialorixá Bernadete Pacífico, a equipe do Aratu On esteve na casa onde o crime foi cometido.
Os buracos nas paredes, as marcas de sangue e o sofá manchado em tons marrons são reflexos de uma entrada violenta e coordenada, que estirou o corpo da mãe de santo no chão de sua sala. Na parede rosa salmão, que pinta o local do crime, são mais de 10 buracos e ao menos 3 marcas de sangue. A casa de Mãe Bernadete é composta por uma sala, dois quartos e uma entrada traseira que emenda o corredor em uma cozinha, usada como área de limpeza.
No momento da morte, o jovem Wellington Adriel, 22 anos, neto e filho de criação de Mãe Bernadete, sua irmã de 13 anos e um primo de 12 estavam com a vítima. Wellington estava em seu quarto, deitado na cama, enquanto mexia no computador. As crianças assistiam TV na sala de estar com a idosa.
Segundo o neto de Mãe Bernadete, os dois criminosos bateram na porta da casa, como se quisessem conversar com os moradores. Bernadete pediu para que Wellington fosse ver quem era. Foi então que os homens, vestidos com uma capa e capacetes de motocicleta, entraram na residência, armados com pistolas 9mm e tiraram os celulares de todos os integrantes.
“Eu estava no meu quarto, deitado com meu computador no colo. Eles fecharam minha porta, meus primos foram colocados no quarto de minha avó”, detalhou o sobrevivente. Sozinha na sala, ela recebeu cerca de 22 tiros, sendo encontrada primeiramente por Wellington, que chamou amigos da comunidade através do WhatsApp que tinha instalado em seu computador.
“Peguei meu computador para falar com os moradores e avisei ‘estou com o corpo de minha avó no sofá’, venham pra cá”, relembrou.
Após o crime, a casa e o terreno se transformaram em uma localidade “fantasma”, onde os sons de gansos, galinhas e cachorros são aqueles que se consegue ouvir, sem sinal de circulação de pessoas, como sempre aconteceu no local, segundo os familiares. Na casa, Mãe Bernadete realizava feiras e festividades e mediava problemas dos quilombolas. Desde o assassinato, o local é cuidado por um caseiro antigo da família.
“A casa de Bernadete era um polo, recebia muitas pessoas todos os dias, feiras com diversas barracas se espalhavam no terreno. Mantínhamos uma casa de farinha móvel funcionando, distribuição de cestas básicas e celebrações culturais variadas. O silêncio dessas terras, atualmente, representa diretamente o medo que a população sente”, afirmou o advogado David Menezes, que representa os familiares de Mãe Bernadete.
No sofá listrado, que tinha o verde como principal cor, ao menos seis marcas de tiros podem ser vistas. No estofado, manchas grandes de sangues estão no encosto traseiro e acentos.
CONFIRA ABAIXO OS VÍDEOS DA CENA DO CRIME:
O inquérito sobre o assassinato de Mãe Bernadete segue em aberto e as autoridades federais buscam a autoria e a motivação do crime. Até então, ninguém foi preso. Uma nova reportagem, contando os detalhes relacionados às investigações, será divulgada pelo Aratu On nesta quinta-feira (31/8).
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