Sete em cada dez alunos de ensino médio usam IA em pesquisas escolares
Apesar de 70% dos alunos de ensino médio usarem IA em pesquisas escolares, apenas 32% receberam orientações de professores sobre o uso da tecnologia
Por Júlia Naomi.
Sete em cada dez alunos do ensino médio afirmam utilizar IA em pesquisas escolares. Apesar do amplo uso de aplicações como ChatGPT, Gemini e Copilot entre os adolescentes, apenas 32% deles receberam orientações de professores sobre como utilizar estas tecnologias.
Os números foram obtidos pela pesquisa TIC Educação do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação, publicada nesta terça-feira (16). O Cetic.br consultou 7.476 alunos, 1.462 professores, 864 coordenadores e 954 gestores escolares, formando uma amostra de 10.756 entrevistados. As respostas fazem referência aos três meses anteriores à realização da pesquisa.
A pesquisa TIC Educação é realizada desde 2010 para mapear o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em escolas públicas e privadas da educação básica. O estudo mais recente foi feito entre agosto do ano passado e março deste ano. O conjunto de instrumentos utilizados por alunos para fazer tarefas escolares foi delineado pela primeira vez.
Uso de IA em pesquisas escolares avança conforme etapa da educação básica
O estudo identificou que o percentual de uso de inteligência artificial em pesquisas para trabalhos escolares aumenta de acordo com a etapa da educação básica cursada pelos estudantes.
Entre os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (1° ao 5° ano), este tipo de tecnologia foi utilizada por 15% dos estudantes, nos três meses anteriores à pesquisa. Nos anos finais do ensino fundamental (6° ao 9° ano), o valor é de 39%. Quando consideradas todas as etapas da educação básica analisadas, o uso médio é de 37%.
De acordo com Daniela Costa, coordenadora do estudo, a busca de informações em ferramentas de inteligência artificial pelos estudantes representa uma nova demanda para que as escolas orientem os alunos sobre como avaliar fontes de informação, sua integridade e autoria.
"Além disso, é importante também que os alunos saibam como se valer desses recursos para construir o próprio conhecimento e ampliar as suas estratégias de aprendizagem, além de receber uma resposta pronta e considerá-la como única resposta possível, a mais adequada ou a verdadeira”, disse, em entrevista à Agência Brasil.
Ainda de acordo com o levantamento, o percentual de estudantes que usam de canais e aplicativos de vídeo, como o YouTube e o TikTok para pesquisas escolares é muito próximo da porcentagem que utiliza sites de busca, como Google e o Bing. Entre o total de alunos entrevistados, a média de procura de informações em sites de busca é de 74%, frente a 72% em aplicativos de vídeo.
Quando considerada apenas a etapa do ensino médio, a fração de estudantes que utiliza aplicativos de vídeo para os trabalhos é de 89%. Este número supera em 1 ponto percentual o uso de sites de busca na mesma faixa educacional. Do total de estudantes desta etapa de ensino, 65% afirmam ter recebido orientações sobre quais sites deveriam usar para cumprir com as tarefas solicitadas.
Formação continuada de professores sobre tecnologias digitais diminui
A TIC Educação também analisa a participação docente em atividades de formação continuada. Dentre os entrevistados, 54% relatam que receberam capacitações relacionadas a tecnologias digitais nos 12 meses que antecedem a pesquisa. Em 2021, o percentual era de 65%.
Dos professores que participaram de formações continuadas no período observado, 68% foram treinados em relação a educação midiática e uso crítico das mídias em sala de aula. Já em relação à inteligência artificial em atividades educacionais, o valor foi de 59%.
A coordenadora do estudo também considera que o acesso dos professores a atualizações em cursos de formação seria essencial, “especialmente em um contexto de mudanças nas formas de lidar com a aprendizagem, como a inserção de tecnologias emergentes, entre elas a IA, nas práticas pedagógicas”.
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