Saúde e Bem-Estar

Melatonina melhora o sono e atua na prevenção da enxaqueca

Colunista On: Dra. Anita RochaAlgologista e especialista no tratamento da dor
Melatonina melhora o sono e atua na prevenção da enxaqueca

Foto: ilustrativa/Pexels

 


A melatonina representa um hormônio sintetizado e secretado pela glândula pineal, localizada na região cerebral, tendo a sua produção iniciada a noite, ao escurecer, com pico de produção às 21 horas. Ela tem sido prescrita com frequência em pacientes adultos e pediátricos portadores de insônia inicial, tardia ou em casos de despertares noturno, com o intuito de regularizar o sono. Porém, apesar da melatonina ser conhecida por seu papel neurobiológico no sono há vários anos, hoje já se sabe que ela se encontra envolvida com inúmeros processos fisiológicos e patológicos. Em verdade, o que muitos desconhecem é que a melatonina apresenta propriedades antioxidantes, antineoplásicas, antiinflamatórias e imunomoduladoras, estando diretamente ligada com o ciclo de sono vigília, com a regulação da temperatura corpórea, com a secreção de outros hormônios, com a função do trato gastrointestinal, com a capacidade de regular o humor e os transtornos de ansiedade, dentre outros.


Evidências revelam, inclusive, que a melatonina tem um papel importante na modulação da dor, papel este que ocorre através de diferentes mecanismos, principalmente ao atuar em receptores específicos localizados no sistema nervoso periférico e no sistema nervoso central, exercendo efeito antinociceptivo em modelos de dor, tanto nociceptivos quanto neuropáticos. Síndromes de dor crônica geralmente estão associadas a vários graus de alterações nos ritmos biológicos. Diversos estudos, por exemplo, confirmaram que o uso de melatonina foi capaz de reduzir muito a frequência das crises de enxaqueca, em pacientes de diferentes faixas etárias. Nestes estudos, 62 e 78% dos participantes adultos e crianças obtiveram uma diminuição das crises de enxaqueca superior a 50% após fazerem uso de melatonina durante um período de 2 a 6 meses.


A enxaqueca representa um tipo de dor de cabeça com elevada prevalência nos consultórios médicos e com grande impacto negativo na vida daqueles que a apresentam. Geralmente o paciente apresenta ataques recorrentes de dor de cabeça, unilateral, pulsátil, de intensidade moderada a intensa, que se agrava com atividade física, com duração de 2 a 72 horas. Sintomas comumente associados são representados por: alteração visual, náusea, vômito, tontura, sensibilidade a luz, som e cheiro forte, sensação de formigamento na face e em extremidades. Há relato de cansaço, dificuldade de concentração e rigidez no pescoço, e é importante ressaltar que alguns pacientes apresentam alterações neurológicas focais temporários como afasia, disartria, vertigem e fraqueza motora, os quais preocupam ao paciente e a equipe de saúde.


Existem diferentes tratamentos para a enxaqueca. Fala-se, por exemplo, em tratamento preventivos e em tratamentos abortivos, mas o que representa tudo isto? A literatura define o tratamento preventivo como aquele que é utilizado com o intuito de reduzir o número de crises, estando indicado para aqueles pacientes que apresentam uma dor de cabeça com frequência e severidade suficientes para causar incapacidade. Já o tratamento abortivo é aquele aplicado com o intuito de bloquear a crise de enxaqueca. Este deve ser instituído precocemente, com o intuito de reduzir não apenas o sofrimento, mas também para evitar o uso abusivo de analgésicos.    


Dentre as medicações preventivas, encontra-se a melatonina, a qual tem se mostrado não apenas efetiva neste contexto, mas também na redução da duração e da intensidade da dor da enxaqueca. Muitos buscam entender como isto ocorre. Acredita-se que a o papel exercido pela melatonina na prevenção da enxaqueca esteja relacionado a sua ação sobre o sono, uma vez que a privação do sono pode ser um fator desencadeante e/ou agravante da enxaqueca.


Entretanto, apesar de se reconhecer este papel da melatonina, estudos mais recentes demonstram que a mesma atua também de forma direta, interferindo nas vias que promovem inflamação, potencialização e inibição da dor, estando relacionada a um maior perfil de segurança quando comparado a outros fármacos utilizados com frequência neste contexto.


Em geral, a melatonina é bem tolerada. Há relato apenas de leve sonolência, boca seca, sensação de cansaço, tontura e constipação. Apesar destas observações, é importante ressaltar, que a melatonina não se encontra indicada para todos os pacientes e que não deve ser utilizada de forma isolada. Só através da adoção de hábitos de vida saudável e da orientação multiprofissional será possível modificar a evolução da enxaqueca.


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Dra. Anita Rocha

Dra. Anita Rocha

Dra. Anita Rocha é médica Algologista , coordenadora do Itaigara Memorial Clínica da Dor, membro titular da Sociedade Brasileira de Anestesiologia; da Sociedade Brasileira de Dor e da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas da Dor. Possui residência médica em Anestesiologia pelo CET Obras Sociais Irmã Dulce; em Clínica da Dor pela UNESP-Botucatu e formação em Técnicas Intervencionistas para o tratamento da dor na Singular/Campinas. 

Instagram: @draanitarocha
 

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