A dor é uma experiência individual e, quando crônica, traz muitos prejuízos, comprometendo a qualidade de vida e a funcionalidade daqueles que a possuem. O alívio da dor é um direito de quem a apresenta e dever de quem a assiste, porém, nem sempre o controle da dor ocorre de forma satisfatória.
A condução da dor crônica é desafiadora, principalmente quando se busca compreendê-la a luz dos diferentes fatores demográficos apresentados pelos pacientes, sejam eles idade, raça ou sexo. Apesar da recomendação de que diferenças nos cuidados a saúde independam dessas características imutáveis, sabe-se que a variação da etnia, gênero e idade interferem na evolução dos pacientes portadores de dor crônica.
Observa-se que pacientes do sexo feminino, extremos de idade e pertencentes a minorias raciais sofrem mais frequentemente de dor de forte intensidade, fato que valida o pensamento de haver uma variabilidade de acesso a um atendimento adequado para o manuseio da dor. Acredita-se que a vulnerabilidade apresentada pelos grupos citados seja agravada pela subjetividade da dor, cuja expressão depende de quem a sente e de fatores cognitivos associados à idade, uma vez que, para eles, comunicar a dor envolve ter que superar algumas barreiras adicionais.
Os profissionais de saúde têm ideias preconcebidas e preconceitos implícitos sobre a presença de dor nessas populações. Um exemplo claro disso é que, até recentemente, acreditava-se que recém-nascidos não apresentavam dor, fato que implicou no sofrimento de muitas crianças. Hoje, já se sabe que eles a apresentam em maior intensidade quando comparada às crianças maiores ou aos pacientes adultos, pois as vias que inibem a dor encontram-se imaturas ao nascimento.
Mulheres sentem mais dor do que os homens, isto é um fato. São mais frequentemente acometidas por patologias como fibromialgia e enxaqueca, sendo mais afetadas negativamente pela dor quando comparadas com os indivíduos do sexo masculino. Um trabalho publicado na New England Journal of Medicine mostrou que as mulheres avaliadas em serviços de dor torácica são sete vezes mais propensas do que os homens a serem mal diagnosticadas e liberadas dessas unidades específicas sem tratamento adequado. Acredita-se que fatores culturais e históricos contribuam para um maior impacto da dor na vida das mulheres, seja no âmbito fisiológico, psicológico ou social.
Quando se faz uma interseção gênero-idade-raça verifica-se que as mulheres, em extremos de idade e negras cursam com dor de maior intensidade, maior incapacidade, maior sofrimento afetivo, maior depressão e isolamento social.
Em geral, as mulheres negras sofrem com fatores sociais que precisam ser modificados. Um artigo de revisão publicado na revista da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, “Journal of Pain”, demonstrou que a discriminação racial influenciou no controle da dor em 74% dos estudos selecionados e que dentre estes, a raça negra foi a mais prevalente. Mulheres negras têm menor acesso aos serviços de saúde que disponibilizam tratamentos de dor e recebem menos analgésicos independente da intensidade de dor apresentada, com consequente aumento da morbidade e mortalidade. Isso ocorre por ela ter a sua dor, mesmo quando física, avaliada como de origem psíquica, o que implica em subtratamento.
Essas disparidades na prestação de serviços de saúde e a utilização de cuidados pelas mulheres negras tem como consequência um retardo na tomada de decisão sobre o manejo da dor e no desenvolvimento de ferramentas capazes de atender as suas reais necessidades.
Embora a discriminação relacionada ao gênero e raça no controle da dor tenha origem na antiguidade, a preocupação com esse tema parece ser relativamente recente, considerando que só a partir da década de 1990 que estudiosos da área de saúde, preocupados com o controle adequado da dor, passaram a fazer publicações sobre este tema, envolvendo sociedades e instituições que pudessem agregar no combate a este tipo de comportamento. Eles sugerem que só através da criação de protocolos específicos de avaliação e tratamento da dor, e da implantação de atividades de educação que envolvam as equipes de saúde e a população, será possível modificar esta realidade. As disparidades acerca da avaliação e tratamento da dor só poderão ser eliminadas através do acolhimento das diferenças, de uma escuta empática e diferenciada.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.

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Foto: ilustrativa/Pexels</pre>

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O caf&eacute; e o ch&aacute; est&atilde;o entre as bebidas mais consumidas em todo o mundo, s&oacute; perdendo para a &aacute;gua. Cultivados em diversas regi&otilde;es do mundo, apresentam uma caracter&iacute;stica comum:&nbsp;geralmente s&atilde;o ricos em cafeina, um agente psicoativo, tamb&eacute;m presente em gr&atilde;os de cacau, folhas de erva-mate e no guaran&aacute;.

Em verdade, uma variedade de plantas cont&eacute;m cafe&iacute;na em suas sementes, frutas e folhas. Al&eacute;m disto a cafe&iacute;na tamb&eacute;m pode ser sintetizada para uso medicinal ou para ser adicionada em graus vari&aacute;veis a alimentos e bebidas, incluindo refrigerantes e bebidas energ&eacute;ticas.

Estudos demonstram que nos Estados Unidos da Am&eacute;rica (EUA), 85% dos adultos consomem cafe&iacute;na diariamente, e a ingest&atilde;o m&eacute;dia de cafe&iacute;na &eacute; de 135 mg por dia, o que equivale a uma x&iacute;cara e meia ou 235 ml de caf&eacute; tradicional. Imagina-se que no Brasil este consumo seja ainda maior, uma vez que, segundo a literatura, o Brasil &eacute; o primeiro consumidor global de caf&eacute;. A m&eacute;dia anual de consumo de caf&eacute; do brasileiro &eacute; de 835 x&iacute;caras, o que representa pouco mais de duas x&iacute;caras ao dia. &nbsp;

O teor de cafe&iacute;na varia em fun&ccedil;&atilde;o da sua fonte. Uma x&iacute;cara de caf&eacute; expresso possui 300 mg de cafe&iacute;na;&nbsp;uma x&iacute;cara de caf&eacute; coado 150mg; e uma x&iacute;cara de ch&aacute; mate 20 a 30 mg de cafe&iacute;na. Mesmo o caf&eacute; descafeinado possui cafe&iacute;na, entretanto, a sua quantidade &eacute; bem pequena, sendo esta de 2 mg. O conhecimento do teor de cafe&iacute;na presente nos alimentos e na bebida &eacute; algo importante, pois estudos demonstram que os efeitos observados ap&oacute;s a ingest&atilde;o da cafeina&nbsp;s&atilde;o dependentes da dosagem consumida.

Uma considera&ccedil;&atilde;o importante &eacute; a de que o caf&eacute;, uma das principais fontes de cafe&iacute;na, cont&eacute;m centenas de compostos qu&iacute;micos que podem causar ou potencializar efeitos atribu&iacute;dos erroneamente apenas &agrave; cafe&iacute;na. Acredita-se que esses compostos, por exemplo, possam reduzir o estresse oxidativo, melhorar o microbioma intestinal, e modular o metabolismo da glicose e da gordura.

Na medicina, a cafe&iacute;na tem sido aplicada para o tratamento de apneia em neonatos prematuros, fadiga e como analg&eacute;sico em diferentes contextos, tais como cefaleia tipo enxaqueca e cefaleia p&oacute;s-pun&ccedil;&atilde;o dural. Acredita-se, inclusive, que a cafe&iacute;na tenha um efeito protetor diante de doen&ccedil;as neurol&oacute;gicas, com a doen&ccedil;a de Alzheimer e a doen&ccedil;a de Parkinson.

Ap&oacute;s ser administrada, a cafe&iacute;na &eacute; absorvida quase completamente em 45 minutos, tendo o seu pico sangu&iacute;neo nos primeiros 15 a 60 minutos, a depender do formato de ingest&atilde;o e dos alimentos utilizados em associa&ccedil;&atilde;o. Geralmente a cafe&iacute;na &eacute; eliminada do organismo em 2,5 a 4,5 horas, exceto nos indiv&iacute;duos tabagistas, nos quais observa-se um per&iacute;odo de elimina&ccedil;&atilde;o duas vezes maior. O tabagismo, portanto, parece potencializar os efeitos da cafe&iacute;na, contribuindo para uma maior incid&ecirc;ncia de efeitos indesejados. Al&eacute;m do uso medicinal sabe-se que muitos indiv&iacute;duos utilizam a cafe&iacute;na com o intuito de aumentar a vig&iacute;lia e a produtividade durante o trabalho, uma vez que a literatura tem demonstrado que a cafe&iacute;na aumenta a performance nas atividades de grupo.&nbsp;

CAFE&Iacute;NA E DOR

O mecanismo pelo qual a cafe&iacute;na exerce os seus efeitos sobre o desempenho cognitivo e sobre a dor ainda &eacute; pouco compreendido, embora acredite-se que a mesma atue em diversos alvos moleculares, sejam eles receptores ou canais i&ocirc;nicos. J&aacute; em 1969, observou-se que a cafe&Iacute;ina bloqueia os receptores da adesina, uma subst&acirc;ncia que al&eacute;m de promover sonol&ecirc;ncia e redu&ccedil;&atilde;o da disposi&ccedil;&atilde;o, interfere com a percep&ccedil;&atilde;o da dor. Em verdade, a adenosina atua em diversos sistemas fisiol&oacute;gicos e os seus efeitos s&atilde;o geralmente opostos aos da cafe&Iacute;na. Quanto menor a atua&ccedil;&atilde;o da adenosina no organismo, mais ativo, disposto e resistente a dor mostra-se o indiv&iacute;duo. A cafe&iacute;na, portanto, pode contribuir para o al&iacute;vio da dor quando adicionados aos analg&eacute;sicos comumente usados. Especificamente, uma revis&atilde;o de 19 estudos mostrou que 100 a 130 mg de cafe&iacute;na adicionada a um analg&eacute;sico aumentou modestamente a propor&ccedil;&atilde;o de pacientes com sucesso no al&iacute;vio da dor.

RISCO DO USO ABUSIVO

Apesar dos efeitos ben&eacute;ficos relatados, observa-se uma preocupa&ccedil;&atilde;o quanto aos potenciais risco do uso abusivo do caf&eacute; e da cafe&iacute;na. A cafe&iacute;na deve ser utilizada com cautela em indiv&iacute;duos portadores de &uacute;lcera p&eacute;ptica, refluxo gastroesof&aacute;gico, comprometimento da fun&ccedil;&atilde;o renal ou hep&aacute;tica ou doen&ccedil;a cardiovascular, devendo ser evitada nos pacientes portadores de arritmias card&iacute;acas sintom&aacute;ticas, ins&ocirc;nia, ansiedade ou tremores. Quando h&aacute; a orienta&ccedil;&atilde;o de interrup&ccedil;&atilde;o da ingest&atilde;o da cafe&Iacute;na, esta deve ser gradual, pois, quando abrupta, pode causar sintomas de abstin&ecirc;ncia representados por irritabilidade, dor de cabe&ccedil;a, cansa&ccedil;o, redu&ccedil;&atilde;o do estado de alerta e altera&ccedil;&atilde;o do humor. Estes sintomas geralmente duram por dois a nove dias.

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On&nbsp;

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Foto: ilustrativa/Pexels</pre>

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A vitamina D, embora identificada como uma vitamina lipossol&uacute;vel, est&aacute; cada vez mais conhecida com um pr&oacute;-horm&ocirc;nio sintetizado na pele diante da luz solar e presente em alguns alimentos naturais e fortificados. Independente da sua classifica&ccedil;&atilde;o, o que se sabe &eacute; que ela se encontra associada a uma variedade de fun&ccedil;&otilde;es no corpo humano.&nbsp;

N&iacute;veis suficientes de vitamina D s&atilde;o importantes para que o indiv&iacute;duo tenha um esqueleto saud&aacute;vel, uma vez que a vitamina D ajuda a regular a quantidade de c&aacute;lcio e fosfato no corpo, contribuindo para a preven&ccedil;&atilde;o de osteoporose, osteomal&aacute;cia e raquitismo. Entretanto, evid&ecirc;ncias recentes defendem que o papel da vitamina D vai al&eacute;m da sua colabora&ccedil;&atilde;o no metabolismo do osso.

Acredita-se que a vitamina D participe do metabolismo do col&aacute;geno, da regula&ccedil;&atilde;o do magn&eacute;sio, da libera&ccedil;&atilde;o de insulina pelo p&acirc;ncreas e da prolactina pela hip&oacute;fise, al&eacute;m de contribuir para o controle da press&atilde;o arterial e do peso e para a preven&ccedil;&atilde;o de alguns tumores e doen&ccedil;as autoimunes. Outras a&ccedil;&otilde;es descritas s&atilde;o a manuten&ccedil;&atilde;o do sistema imunol&oacute;gico saud&aacute;vel e o seu efeito anti-inflamat&oacute;rio, atrav&eacute;s da redu&ccedil;&atilde;o da libera&ccedil;&atilde;o de citocinas pr&oacute;-inflamat&oacute;rias e da supress&atilde;o das respostas das c&eacute;lulas T.

Estudos in vitro e observacionais de interven&ccedil;&atilde;o mostram que a vitamina D inibe a s&iacute;ntese de Prostaglandina E2, uma subst&acirc;ncia envolvida com a inflama&ccedil;&atilde;o e tem um papel na regula&ccedil;&atilde;o da intensidade e, portanto, no manejo da dor em v&aacute;rios contextos cl&iacute;nicos.&nbsp;Pacientes com d&eacute;ficit de vitamina D podem cursar com cansa&ccedil;o (fadiga), dor articular, dor muscular, fraqueza, dor &oacute;ssea, problemas respirat&oacute;rios, dorm&ecirc;ncia e altera&ccedil;&atilde;o do humor. Trabalhos que envolvem a pesquisa da falta de vitamina D, demonstram que a hipovitaminose D tem sido associada a um n&uacute;mero vari&aacute;vel de condi&ccedil;&otilde;es de doen&ccedil;a, dentre elas a dor cr&ocirc;nica, seja ela cefaleia, dor nos joelhos, dor na coluna ou dor abdominal.

Apesar desses dados, outras metan&aacute;lises n&atilde;o conseguiram confirmar esta correla&ccedil;&atilde;o entre a defici&ecirc;ncia de vitamina D e dor cr&ocirc;nica, nem tampouco entre a suplementa&ccedil;&atilde;o de vitamina D e a redu&ccedil;&atilde;o da dor. Trata-se de um assunto controverso, mas que tem ganhado corpo nos &uacute;ltimos anos. &nbsp;&nbsp;

Outra preocupa&ccedil;&atilde;o &eacute; a defini&ccedil;&atilde;o precisa dos n&iacute;veis s&eacute;ricos fisiol&oacute;gicos de vitamina D, uma vez que ele parece sofrer influ&ecirc;ncia de fatores gen&eacute;ticos e do polimorfismo presente em alguns indiv&iacute;duos, ou seja, da diversidade de aspecto nas enzimas de processamento da vitamina D, o qual pode contribuir para a manuten&ccedil;&atilde;o do teor de vitamina D aqu&eacute;m dos valores tidos como normais.

Os valores de refer&ecirc;ncia praticados para a vitamina D, s&atilde;o: abaixo de 20 ng/ml &eacute; considerada defici&ecirc;ncia; de 20 a 29,9 ng/ml, insufici&ecirc;ncia e acima de 30 ng/ml &eacute; tido como normal. Apesar disso,&nbsp;argumenta-se que o chamado intervalo &ldquo;normal&rdquo; deva ser definido de maneira individual e conforme o contexto cl&iacute;nico vivenciado pelo paciente. A obesidade &eacute; um exemplo. Sabe-se que o teor de gordura corporal &eacute; inversamente correlacionado com os n&iacute;veis s&eacute;ricos de vitamina D, o que indica que os indiv&iacute;duos com alto teor de gordura corporal tenham uma tend&ecirc;ncia a apresentar valores menores de vitamina D no organismo.&nbsp;

&Eacute; importante refor&ccedil;ar que embora a vitamina D seja produzida pelo pr&oacute;prio organismo atrav&eacute;s da exposi&ccedil;&atilde;o solar, uma vez que a pele transforma a pr&oacute;-vitamina D3 em 1,25-(OH)2D3, ela tamb&eacute;m pode ser adquirida pela dieta e atrav&eacute;s da suplementa&ccedil;&atilde;o. A 1,25-(OH)2D3 &eacute; a forma biologicamente ativa da vitamina D, enquanto que a 25-(OH)D3 &eacute; a principal forma circulante de vitamina D, representando a vitamina D dosada no sangue. Os principais alimentos ricos em vitamina D s&atilde;o: gema de ovo, cogumelos e peixes oleosos como salm&atilde;o, sardinha em conserva e atum enlatado.

Quanto &agrave; suplementa&ccedil;&atilde;o, em fun&ccedil;&atilde;o das controv&eacute;rsias citadas, s&oacute; est&aacute; indicada quando prescrita pelo m&eacute;dico, quando o n&iacute;vel de vitamina D est&aacute; abaixo do ideal ou em condi&ccedil;&otilde;es cl&iacute;nicas especiais. O uso excessivo de vitamina D est&aacute; associado ao risco de desenvolvimento de toxicidade, a qual &eacute; caracterizada pela presen&ccedil;a de anormalidades gastrointestinais, aumento exagerado da diurese, encefalopatia, nefrocalcinose, pancreatite e at&eacute; mesmo a maior incid&ecirc;ncia de quedas e fraturas &oacute;sseas, principalmente em mulheres na p&oacute;s-menopausa.

A vitamina D n&atilde;o &eacute; um analg&eacute;sico, entretanto, acredita-se que a manuten&ccedil;&atilde;o dos valores normais de vitamina D sangu&iacute;neos, contribui para uma melhor evolu&ccedil;&atilde;o do paciente com dor cr&ocirc;nica. Os potenciais mecanismos pelos quais a vitamina D modula a dor s&atilde;o pouco compreendidos, entretanto, dados emergentes sugerem que a vitamina D e seus receptores modulem os genes envolvidos com o surgimento e com a perpetua&ccedil;&atilde;o da dor. Al&eacute;m disso, v&aacute;rios estudos indicam que a suplementa&ccedil;&atilde;o e/ou a defici&ecirc;ncia de vitamina D altera o perfil da microbiota intestinal, fato que est&aacute; associado a dor visceral, a inflama&ccedil;&atilde;o intestinal cr&ocirc;nica e a outras doen&ccedil;as.&nbsp;

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On.

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Foto: ilustrativa/Pexels</pre>

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Pesquisas demonstram uma liga&ccedil;&atilde;o entre dor e autoestima. Sabe-se que a dor &eacute; uma experi&ecirc;ncia sensorial e emocional desagrad&aacute;vel, um sintoma subjetivo que sofre influ&ecirc;ncia de in&uacute;meros fatores, sejam eles f&iacute;sicos, ps&iacute;quicos ou sociais. Dentre estes destacam-se os fatores gen&eacute;ticos, o tipo de les&atilde;o, o contexto em que esta aconteceu, a personalidade do individuo, a sua forma de se relacionar com as informa&ccedil;&otilde;es que lhe s&atilde;o apresentadas no dia a dia e sobretudo das intera&ccedil;&otilde;es sociais vivenciadas pelo mesmo at&eacute; ent&atilde;o.

A autoestima, por sua vez, representa os pensamentos e os sentimentos das pessoas sobre si mesmas, corresponde a capacidade de estar satisfeito com quem elas s&atilde;o, de confiar em si e de reconhecerem o seu valor. Em verdade, a autoestima reflete a autovaloriza&ccedil;&atilde;o que o indiv&iacute;duo faz em diferentes situa&ccedil;&otilde;es e momentos da vida, a partir de um determinado conjunto de preceitos eleitos por ele como negativos ou positivos. Neste contexto &eacute; f&aacute;cil compreender que a dor e a autoestima est&atilde;o diretamente relacionadas e que quanto maior a autoestima apresentada pelo paciente, maior ser&aacute; a sua capacidade de superar a dor e o sofrimento por ela desencadeado. &nbsp;

Acredita-se que a autoestima sofra influ&ecirc;ncia da percep&ccedil;&atilde;o individual de como a pessoa &eacute; vista e avaliada pelos outros, tanto no momento no qual ela inconscientemente est&aacute; sendo convidada a fazer esta reflex&atilde;o, como ao longo do tempo. Autoestima, portanto, reflete a intera&ccedil;&atilde;o do indiv&iacute;duo consigo mesmo e com a sociedade, num mecanismo de &ldquo;feedback&rdquo; cont&iacute;nuo.

Este pensamento &eacute; bastante interessante e fundamenta a &ldquo;teoria do soci&ocirc;metro&rdquo;, segundo a qual, as rea&ccedil;&otilde;es dos outros exercem influ&ecirc;ncia sobre o que a pessoa &eacute; e sobre como ela se v&ecirc;, elementos importantes para a constru&ccedil;&atilde;o da autoestima, uma vez que o pr&oacute;prio sistema de autoestima funciona como um monitor subjetivo do grau em que o indiv&iacute;duo est&aacute; sendo inclu&iacute;do e aceito versus exclu&iacute;do ou rejeitado por outras pessoas. Como a inclus&atilde;o social e os relacionamentos s&atilde;o essenciais para uma boa sa&uacute;de f&iacute;sica e psicol&oacute;gica, os seres humanos presumivelmente desenvolvem um motivo fundamental para manter algum grau de conex&atilde;o positiva com aqueles que est&atilde;o ao seu redor. Segundo a &ldquo;teoria do soci&ocirc;metro&rdquo; a autoestima responde as experi&ecirc;ncias sociais de cada um. Casos espec&iacute;ficos de aceita&ccedil;&atilde;o ou rejei&ccedil;&atilde;o causam mudan&ccedil;as agudas no &lsquo;estado&rsquo; de autoestima de algu&eacute;m, contribuindo ou n&atilde;o para a o seu crescimento.&nbsp;

&Eacute; importante ressaltar que a autoestima est&aacute; relacionada &agrave; natureza cognitiva do indiv&iacute;duo e a tra&ccedil;os de sua personalidade, elementos essenciais na defini&ccedil;&atilde;o e na constru&ccedil;&atilde;o das rela&ccedil;&otilde;es sociais. Pessoas com baixo tra&ccedil;o de autoestima e com comportamento de negativismo podem ser mais propensas a perceber as rea&ccedil;&otilde;es dos outros como indicativas de rejei&ccedil;&atilde;o.

Por outro lado, pessoas com altos tra&ccedil;os de autoestima, que estabelecem relacionamentos de maior qualidade com familiares, amigos e parceiros rom&acirc;nticos apresentam n&iacute;veis mais altos de tra&ccedil;os de autoestima e tendem a adotar uma &ldquo;postura positiva&rdquo; diante do adoecimento, da dor e das experi&ecirc;ncias do dia a dia.&nbsp;Isto &eacute; algo interessante. Os seres humanos s&atilde;o sociais e muitas vezes dependem da aceita&ccedil;&atilde;o dos outros para estarem bem, para se sentirem fortalecidos diante dos desafios da vida. Mas realmente &eacute; preciso se moldar aos valores dos outros e da sociedade para superar a dor e ser feliz? Estudos mostram que n&atilde;o.

&Eacute; preciso identificar e fortalecer aquilo que tem valor para o individuo e n&atilde;o apenas para o coletivo. &Eacute; poss&iacute;vel estar bem e ter sucesso apesar da dor, seja ela f&iacute;sica, espiritual, emocional ou social. A dor social representa uma rea&ccedil;&atilde;o emocional negativa espec&iacute;fica &agrave; percep&ccedil;&atilde;o de que algu&eacute;m est&aacute; sendo exclu&iacute;do dos relacionamentos desejados ou est&aacute; sendo desvalorizado por parceiros ou grupos de relacionamentos desejados.&nbsp;

Trabalhos de resson&acirc;ncia magn&eacute;tica funcional do c&eacute;rebro demonstram um aumento da ativa&ccedil;&atilde;o do c&oacute;rtex cingulado anterior dorsal, &aacute;rea cerebral relacionada a dor, seja ela dor f&iacute;sica, ps&iacute;quica ou social. Este dado sugere que o grau de inclus&atilde;o social e, consequentemente de autoestima, est&aacute; diretamente relacionado a dor e ao sofrimento dela decorrente, mas tamb&eacute;m sugere que trabalhando a dor em qualquer dos seus aspectos, &eacute; poss&iacute;vel reduzir a ativa&ccedil;&atilde;o de &aacute;reas cerebrais relacionadas a mesma. Pacientes com doen&ccedil;as cr&ocirc;nicas precisam fortalecer a sua autoestima e tratar a dor social. Para tal, &eacute; fundamental refletir sobre o que realmente tem valor para ele.

Muitos associam o sucesso a receber elogios e a ser aceito socialmente. Entretanto, deve-se lembrar que viver com uma doen&ccedil;a cr&ocirc;nica, ou com a dor, n&atilde;o &eacute; sin&ocirc;nimo de n&atilde;o aceita&ccedil;&atilde;o. N&atilde;o significa que o individuo n&atilde;o possa ter sucesso naquilo que se prop&otilde;e a fazer. Muitas vezes, s&oacute; &eacute; preciso rever os objetivos, entender que a vida &eacute; din&acirc;mica e que se modifica continuamente e perceber que atrav&eacute;s da autoaceita&ccedil;&atilde;o e do aumento da autoestima&nbsp;&eacute; poss&iacute;vel a recupera&ccedil;&atilde;o do prazer de viver e principalmente a supera&ccedil;&atilde;o do sofrimento e da dor.

&Eacute; importante dissociar a autovaloriza&ccedil;&atilde;o do olhar externo e agreg&aacute;-la a aquilo que realmente tem significado para cada um. Esta sim, deve ser a base da autoestima, do sucesso e da supera&ccedil;&atilde;o da dor. Pode-se trabalhar a origem da dor no intuito de modificar o comportamento doloroso, mas tamb&eacute;m &eacute; poss&iacute;vel trilar o caminho inverso, trabalhar a autoestima e o comportamento doloroso para controlar a dor.

*Este material n&atilde;o reflete, necessariamente, a opini&atilde;o do&nbsp;Aratu On

Dra. Anita Rocha

Todos os textos de Dra. Anita Rocha

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