Saúde e Bem-Estar

TCC: Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser uma grande aliada no tratamento da dor

Colunista On: Dra. Anita RochaAlgologista e especialista no tratamento da dor
TCC: Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser uma grande aliada no tratamento da dor

Foto: ilustratia/Pexels

 


A terapia cognitivo-comportamental, também chamada de TCC, é uma terapia da fala que ajuda as pessoas a identificar e desenvolver habilidades para mudar pensamentos e comportamentos negativos. A forma como o indivíduo pensa afeta a maneira como ele se sente diante das experiências por ele vivenciadas, incluindo a dor. Acredita-se que ao mudar os pensamentos e os comportamentos negativos, as pessoas possam alterar sua consciência da dor e desenvolver melhores habilidades de enfrentamento, mesmo que o nível real de dor permaneça o mesmo.


Embora não se saiba exatamente quando surgiu a TCC, observa-se que a TCC ganhou maior valoração a partir dos anos 70, quando os terapeutas cognitivos comportamentais passaram a privilegiar o desenvolvimento de estratégias de alteração do pensamento. Quando se fala o termo TCC tem-se a impressão desta ser um tipo específico de intervenção clínica, entretanto a literatura mostra que existem diferentes modelos de abordagens, as quais apresentam como premissa básica a observação de que a atividade cognitiva afeta o comportamento, o qual representa o modo de proceder, de agir diante de algo ou alguém.


A TCC é uma terapia que tem por objetivo ajudar as pessoas a pensar de maneira saudável. Encontra-se pautada em dois pilares básicos, no pensamento (cognitivo) e na ação (comportamento). Daí o nome terapia cognitivo-comportamental. Trabalha-se o pensamento com o intuito de modificar o comportamento. Através da TCC o paciente é levado a perceber os pensamentos desanimadores que os fazem se sentir mal, os quais, às vezes, são chamados de pensamentos irracionais ou automáticos. Usando a TCC, pode-se aprender a parar esses pensamentos e substituí-los por pensamentos úteis, construtivos, os quais contribuem para acalmar a mente e o corpo. Mais que isto, contribuem para o desenvolvimento de novas ações, as quais serão fundamentais para a superação de algumas questões vivenciados pelo paciente e para a adoção de um comportamento diferente diante das mesmas. Os recursos aplicados neste processo são inúmeros e podem envolver, meditação, ioga, relaxamento muscular ou imagens guiadas.


Estudos demonstram que a TCC é a técnica de escolha para a condução dos pacientes portadores de dor crônica em muitos contextos. Esta indicação ocorre em função da observação de que a percepção da dor física está no cérebro. Acredita-se que abordando pensamentos e comportamentos que a alimentam pode-se ajudar a aliviar a dor. Primeiro, muda a maneira como as pessoas veem sua dor.  Posteriormente há alteração dos pensamentos, das emoções e dos comportamentos relacionados à dor, com consequente melhora das estratégias de enfrentamento. Em verdade a TCC é um treinamento de habilidades, de desenvolvimento de mecanismos de combate da dor e de outros sintomas a ela associados, como estresse, depressão e ansiedade. Mas a TCC não se limita apenas as modificações citadas. A literatura mais moderna reforça a ideia de que a TCC altera algumas respostas fisiológicas a dor, como a liberação de substâncias como a noradrenalina e a serotonina, as quais estão envolvidas com a modulação negativa dos estímulos álgicos e com a sensação de bem-estar vivenciada por muitos pacientes durante a vida. Os pacientes que realizam TCC desenvolvem uma atitude mais otimista e resolutiva diante dos problemas, tornando-se coautores do seu próprio tratamento.


Em geral o terapeuta, juntamente com o paciente estabelecem regras e metas a serem alcançadas. Para isto, é fundamental que o paciente acredite que está sendo escutado em suas demandas e que resultados positivos podem ser alcançados. Só assim ele se tornará proativo no seu processo de “cura”, participando das tarefas propostas e buscando praticar as habilidades adquiridas mesmo nos momentos nos quais não apresenta dor. Para maximizar os resultados, são definidas algumas tarefas de casa, as quais são revisadas a cada sessão. Com isto o paciente aprende que há outras maneiras de conduzir os problemas existentes e que é possível ampliar o seu olhar diante dos obstáculos oferecidos pela vida.


É importante ressaltar que o paciente com dor crônica é um individuo complexo e que a TCC representa apenas uma das abordagens disponíveis. Só através de um tratamento multimodal, que envolva a utilização de diferentes estratégias será possível combatê-la. Recomenda-se sempre que o paciente seja acompanhado por diferentes profissionais, os quais poderão incluir no plano de cuidados a utilização de medicamentos, fisioterapia, orientação alimentar, bloqueios analgésicos e acupuntura, dentre outros.


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Dra. Anita Rocha

Dra. Anita Rocha

Dra. Anita Rocha é médica Algologista , coordenadora do Itaigara Memorial Clínica da Dor, membro titular da Sociedade Brasileira de Anestesiologia; da Sociedade Brasileira de Dor e da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas da Dor. Possui residência médica em Anestesiologia pelo CET Obras Sociais Irmã Dulce; em Clínica da Dor pela UNESP-Botucatu e formação em Técnicas Intervencionistas para o tratamento da dor na Singular/Campinas. 

Instagram: @draanitarocha
 

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