Saúde e Bem-Estar

Enxaqueca também pode ser "coisa" de criança

Colunista On: Dra. Anita RochaAlgologista e especialista no tratamento da dor
Enxaqueca também pode ser "coisa" de criança

Foto: ilustrativa/Pexels

 


Enxaqueca é um tipo de cefaléia caracterizada por crises recorrentes que podem acompanhar-se de náusea, vômito, foto e fonofobia. É usualmente unilateral e pulsátil, de intensidade variável, sendo agravada por atividade física rotineira. Em média, o número de crises é de 1,5 por mês, e a duração varia de duas a 48 horas.


Apesar de estar associada a grande comprometimento da qualidade de vida, ser mais prevalente em mulheres do que em homens e predominar em pessoas com idade variando entre 35 e 45 anos, infelizmente, também pode acontecer em crianças de diferentes idades. A enxaqueca tem sido relatada, inclusive, em crianças com apenas 18 meses de idade. Hoje, sabemos que cerca de 10% das crianças em idade escolar sofrem de enxaqueca e até 28% dos adolescentes entre 15 a 19 anos são afetados por ela.


Outro dado é que metade de todas as pessoas que sofrem de enxaqueca tem seu primeiro ataque antes dos 12 anos de idade. Antes da puberdade, os meninos sofrem de enxaqueca com mais freqüência do que as meninas. À medida que a adolescência se aproxima, a incidência aumenta mais rapidamente nas meninas do que nos meninos. Quando chegam aos 17 anos, 8% dos meninos e 23% das meninas já tiveram enxaqueca.


Esses dados são preocupantes pois esse distúrbio tem marcadas repercussões para a criança, para sua familia e para a sociedade, devido a faltas na escola, redução do desempenho escolar, procura de serviços médicos e setores de emergência. Além do sofrimento relacionado à dor e à própria doença, crianças e adolescentes podem desenvolver ansiedade antecipatória, preocupando-se com a possibilidade de um ataque perturbar suas vidas a qualquer momento. Na verdade, a dor não é o único sintoma que perturba a vida da criança. Indivíduos que têm enxaqueca podem cursar com tontura, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, dificuldade de concentração e fadiga. 


A história natural da enxaqueca compreende três estados - com aura (distúrbios neurológicos prodrômicos), sem aura e aura sem enxaqueca - que podem ocorrer em qualquer momento. A apresentação mais frequente é a enxaqueca sem aura. É importante lembrar que na enxaqueca infantil, a dor de cabeça pode ser menos intensa do que outros sintomas, como náuseas ou vômitos inexplicáveis, dor abdominal ou tontura. Esses sintomas não relacionados à dor de cabeça são chamados de equivalentes da enxaqueca. 


Antes do início da enxaqueca, os pais podem observar mudanças no comportamento de seus filhos, incluindo perda de apetite, irritabilidade, bocejos, desejos por comida, letargia, abstinência e alterações de humor. A sensibilidade à luz, toque, cheiro e/ou som também é comum. Outros indicadores podem incluir sonambulismo, sonolência e terror noturno. Cólicas infantis e enjôo podem ser sinais de alerta de uma predisposição à enxaqueca infantil ou uma forma precoce dela.


Os fatores de risco para um indivíduo ter enxaqueca são representados pela predisposição familiar, estresse, ingestão de álcool, falta de alimentação e sono, mudança climática, odores e perfumes, menstruação e exercício. Os gatilhos mais comuns para a enxaqueca em crianças são sono inadequado ou alterado, refeições omitidas, estresse, mudanças climáticas, luzes fortes, ruídos altos, odores fortes e flutuações hormonais. Ao contrário da crença popular, há poucas evidências ligando alimentos específicos à enxaqueca.


O episódio de enxaqueca é autolimitado e raramente resulta em complicações neurológicas permanentes. Quando uma crise intensa se prolonga por mais de 72 horas, diz-se que o paciente está em estado enxaquecoso (ou migranoso), o qual é freqüentemente causado por abuso de medicamentos, associado à cefaléia de rebote.


O padrão de crise é sempre o mesmo para cada indivíduo, variando apenas em intensidade. O espaçamento entre crises é variável, e o manejo da enxaqueca pode ser agudo (tratamento na vigência da crise) ou prolongado (nos períodos intercrises), sendo, então, considerado profilático, pois visa impedir a repetição dos episódios. Em crianças, justifica-se profilaxia quando a enxaqueca interfere com a vida escolar.


*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Dra. Anita Rocha

Dra. Anita Rocha

Dra. Anita Rocha é médica Algologista , coordenadora do Itaigara Memorial Clínica da Dor, membro titular da Sociedade Brasileira de Anestesiologia; da Sociedade Brasileira de Dor e da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas da Dor. Possui residência médica em Anestesiologia pelo CET Obras Sociais Irmã Dulce; em Clínica da Dor pela UNESP-Botucatu e formação em Técnicas Intervencionistas para o tratamento da dor na Singular/Campinas. 

Instagram: @draanitarocha
 

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