Ônibus gratuito em Salvador é possível? Especialista explica condições
Transporte público com tarifa zero é realidade em mais de 70 cidades brasileiras, mas só uma com mais de 300 mil habitantes
Por Juana Castro.
Há, ainda, um debate sobre a cobrança de taxa do uso do espaço viário pelos proprietários dos veículos automotivos, o que se chama comumente de "pedágio urbano". "Eu não sou muito simpático a essa alternativa, mas é uma proposta que existe", avaliou.
Para Caribé, o mais importante, nesse momento, é que a prefeitura não seja a única responsável pela gestão de financiamento do transporte público. Dessa forma, é preciso envolver, também, os governos estadual e federal, como em outras políticas públicas.
"O metrô de Salvador, por exemplo, é parcialmente subsidiado pelo Governo do Estado, e a ideia é que isso se amplie, que os entes federais participem mais da gestão e do financiamento dos transportes coletivos, para que a gente possa, gradualmente, chegar a uma tarifa módica [mais acessível] ou até mesmo à tarifa zero".
Obstáculos
Caribé cita o preconceito e a ignorância em relação ao transporte público e à tarifa zero como grandes obstáculos para avançar em um debate sobre o tema:
"As pessoas continuam achando que o que é gratuito é impossível de se alcançar; que o gratuito não presta, que vai ser vandalizado ou não terá boa qualidade. Quando, na prática, é exatamente isso que acontece hoje com o transporte coletivo. Que é ruim, precário, ineficiente, caro e não é público. Ou seja, a gente acaba não olhando para o que de fato acontece, enquanto a gente tem várias políticas públicas no país que, mesmo com seus problemas, acontecem com um mínimo de efetividade".
O pesquisador reforça que o importante é que a população tenha direito ao transporte público e, com isso, acesse outros direitos sociais, como saúde, educação, cultura, lazer e emprego. "A mobilidade é o meio para se alcançar outros direitos sociais", refletiu o coordenador do ObMob.
SUM
Na visão dos ativistas que integram o coletivo, a constituição de um Sistema Único de Mobilidade (SUM) a exemplo do Sistema Único de Saúde (SUS) é um passo fundamental na mobilidade urbana. O SUM seria o alinhamento dos governos federal, estadual e municipal nas estratégias de transporte público. Só assim, para Caribé, seria possível viabilizar a "tarifa zero" e outras pautas de mobilidade urbana, como a acessibilidade para pessoas com deficiência. "Deixando isso apenas para as prefeituras, não será possível avançar muito", afirmou.
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