Corpo decapitado, casa invadida: Veja relato de moradores após operação no Rio

Corpo decapitado, spray de pimenta em criança e casa invadida: Ação policial mais letal da história da cidade deixou mais de 100 mortos e relatos de extrema violência nas comunidades

Por Da redação.

Fonte: Murillo Otavio, SBT News

Após a megaoperação considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com mais de 100 mortos, a equipe de jornalismo do SBT esteve nos Complexos da Penha e do Alemão para ouvir moradores que presenciaram a ação.

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“No Brasil não existe pena de morte, não. Teve corpo com a cabeça decapitada, arrancaram até a perna. Parece que eles são treinados para subir na comunidade e matar negro pobre”, disse uma moradora, que subiu até a área de mata no alto da Penha para ajudar a retirar os corpos deixados após a operação.

Operacao Rio

Corpo decapitado e casa invadida

Outro relato revela o desespero de famílias que dizem ter sido vítimas da violência policial, mesmo sem ligação com o crime organizado.

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“A polícia invadiu minha casa, bateram na cara do meu filho e jogaram spray de pimenta. Olha o rosto da minha neta. Ela teve febre e acordou hoje com o olho todo inchado. Eu estava com crianças em casa, e eles invadiram mesmo assim. Não me respeitaram”, afirmou uma moradora.
Temendo pelas consequências psicológicas, outra mulher contou que a filha pequena presenciou as cenas de violência e ainda não conseguiu dormir.

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“Eu não durmo, minha filha não dorme. Ainda tenho medo da polícia invadir minha casa. Nós só queremos justiça”, desabafou.

Moradores da região se uniram para ajudar famílias em situação mais delicada e prestar socorro aos feridos. Raul Santiago, líder de uma organização social no Complexo da Penha, afirmou que ainda pode haver mais corpos na mata.

“Eu vim ajudar os familiares a encontrarem os corpos. Vimos um barranco com marcas de sangue e encontramos vários corpos”, contou.
O SBT News entrou em contato com o governo do Rio de Janeiro para comentar os casos relatos, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

Megaoperação No Rio

Megaoperação

A megaoperação das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro, deflagrada na terça-feira (28), nos complexos da Penha e do Alemão, é considerada a mais letal da história fluminense.

A ação, batizada de Operação Contenção, teve como objetivo desarticular lideranças do Comando Vermelho que atuam na região.

Cerca de 2.500 policiais civis e militares cumpriram mandados de prisão e busca na região. Ao todo, 113 suspeitos foram presos e 118 armas apreendidas.

As forças de segurança encontraram forte resistência armada. Houve relatos de intensos tiroteios, barricadas incendiadas em vias expressas e até o uso de drones por criminosos para tentar impedir o avanço policial.

A ação superou em número de mortos as duas operações mais violentas anteriores: a do Jacarezinho, em maio de 2021, que deixou 28 mortos, e a da Vila Cruzeiro, em maio de 2022, com 24 mortes, ambas realizadas durante o governo de Cláudio Castro (PL).

Na madrugada desta quarta-feira (29), moradores dos complexos do Alemão e da Penha encontraram mais de 60 corpos na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia. Os corpos, que não aparecem no balanço oficial divulgado pelo governo do estado, foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, no início da manhã.

Ao menos 17 baianos entre presos e mortos

Ao menos 17 suspeitos baianos entre presos e mortos, foram alvos de uma operação policial realizada nesta terça-feira (28) no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Entre esses detidos estão criminosos com histórico de envolvimento com o Comando Vermelho (CV).

Um dos identificados é Júlio Souza Silva, natural de Salvador, apontado pelas forças de segurança como integrante da facção. No local onde ele foi encontrado, os policiais apreenderam um fuzil calibre 5.56 com a bandeira da Bahia estampada, além de nove motocicletas.

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