MC Maneirinho critica comemoração após operação no Rio: 'Não têm noção'
Nas redes sociais, MC Maneirinho criticou quem comemora as mortes e relatou terror vivido por moradores
Por Juana Castro.
O cantor e compositor MC Maneirinho publicou um vídeo nas redes sociais, na noite de terça-feira (28), em que critica a comemoração de mortes ocorridas durante a megaoperação no Rio de Janeiro, considerada a mais letal da história do estado. No desabafo, o artista relatou o medo e o desespero vividos por quem mora em áreas afetadas pelos confrontos no Complexo da Penha.
'Vocês não sabem o que é uma operação', diz MC Maneirinho
Em tom de indignação, o funkeiro afirmou que muitos não têm ideia do que significa viver sob o som de tiros e explosões. “Vocês não sabem como é aterrorizante essa po*ra: barulho de tiro, tu debaixo da cama, gritaria — parece um inferno”, disse. Maneirinho relatou que, embora seus filhos estejam seguros, familiares e amigos vivem no meio do caos.

O artista também criticou quem celebra as ações policiais sem compreender o impacto nas comunidades. Segundo ele, “quem pode acabar com a guerra não quer que a guerra acabe”, apontando que os verdadeiros chefes do tráfico estão fora do país, “fazendo negócio pra entrar mais arma e mais droga”.
'Quem se f*de é o morador'
No vídeo, MC Maneirinho afirmou que o maior prejuízo das operações recai sobre os moradores das favelas, especialmente crianças. “As crianças estão lá, sem aula, se jogando no chão, marido com filho deficiente, desespero. Vocês não têm noção do que é uma operação”, declarou. O cantor lembrou ainda que a maior apreensão de fuzis do Rio ocorreu em um condomínio de luxo, sem disparos, e que as ações nas favelas “só trazem caos”.
Ele concluiu dizendo que muitos de seus amigos continuam vivendo em meio à violência e que só conseguiu escapar dessa realidade graças à música. “Se eu não tivesse o funk, eu estaria na favela criando meus filhos no meio dessa operação. Não tem como eu estar tranquilo”, afirmou.
Veja abaixo o desabafo completo:
Megaoperação deixa dezenas de mortos no Rio
O desabafo de MC Maneirinho ocorre após uma megaoperação no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, que deixou dezenas de mortos e feridos. Na madrugada desta quarta-feira (29), moradores levaram ao menos 50 corpos para a Praça São Lucas, em protesto. A ação ocorreu um dia depois da operação policial que já havia contabilizado 64 mortes, incluindo quatro policiais, segundo dados oficiais.
De acordo com o ativista Raull Santiago, os corpos foram encontrados na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde ocorreram intensos confrontos entre forças de segurança e traficantes. Ele afirmou que as vítimas foram levadas à praça a pedido dos familiares, “para que fique exposta a realidade do que está acontecendo no Complexo da Penha”.

O governo do estado informou que as mortes registradas na madrugada ainda não constam no balanço oficial. Caso sejam confirmadas, o número total de mortos pode ultrapassar 100. As autoridades prometeram perícia para determinar a relação entre os corpos encontrados e a operação.
Baianos entre os mortos e presos no Rio de Janeiro
Ao menos seis suspeitos baianos estão entre os mortos e presos na operação. Um deles foi identificado como Júlio Souza Silva, natural de Salvador, apontado pelas forças de segurança como integrante do Comando Vermelho. No local onde ele foi encontrado, a polícia apreendeu um fuzil calibre 5.56 com a bandeira da Bahia e nove motocicletas.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) destacou a importância da integração entre as polícias dos dois estados no combate ao crime organizado.
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