Mortes no Brasil crescem 4,6% em 2024, maior alta fora anos de pandemia

Exceto durante a pandemia de covid-19, nenhuma alta no número de mortes no Brasil havia ultrapassado 3,5% de um ano para o outro

Por Júlia Naomi.

Com 1,5 milhão de registros, o número de mortes no Brasil cresceu 4,6% em 2024, em relação a 2023. Trata-se da maior alta dos últimos 20 anos, quando excluídos os anos da pandemia de covid-19. Os dados são da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (10).

Exceto durante a pandemia de covid-19, nenhuma alta no número de mortes no Brasil havia ultrapassado 3,5% de um ano para o outro. Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Sem contar os anos de crise sanitária, que resultou em mais de 700 mil mortes de 202 a 2023, nenhuma alta registrada pelo Instituto tinha superado 3,5% de um ano para o outro. Em 2022, quando o Brasil ainda enfrentava efeitos do período pandêmico, o percentual a alta no número de mortes foi de 5,2% em relação a 2021.

A demógrafa e analista da pesquisa Cintia Simões Agostinho afirma, em entrevista à Agência Brasil, que o número de mortes é uma tendência esperada, devido ao envelhecimento da população brasileira. 

“Então, o que a gente espera daqui para frente é um aumento do número de óbitos, porque a população vai envelhecendo”, diz. 

Além disso, a especialista destaca que o número de mortes no Distrito Federal cresceu 11,6% de 2023 para 2024 e indica o suro de dengue como um dos motivos possíveis.

Quase 7% das mortes no Brasil são por causas não naturais

De acordo com a pesquisa, 90,9% das mortes aconteceram por causa natural e 6,9% por causas não naturais, como assassinatos, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos, quedas acidentais. Em 2,2% das ocorrências, a causa não foi informada.

Para obter os dados, o IBGE coletou informações em mais de 8 mil cartórios do país.

Doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morte no Brasil. Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Homens morrem mais do que mulheres no Brasil, diz IBGE

O levantamento mostra também um desequilíbrio significativo no número de mortes entre os sexos. Para cada 100 mulheres que morreram, 120 homens foram a óbito.

O total de mortes não naturais entre homens (85,2 mil) foi 4,7 vezes superior ao registrado entre mulheres (18 mil). A disparidade é ainda mais acentuada na faixa de 15 a 29 anos, em que a mortalidade masculina por causas não naturais supera a feminina em 7,7 vezes.

Menor número de mortes violentas no mês de novembro

A Bahia registrou o menor número de mortes violentas no mês de novembro em 13 anos, segundo a Polícia Civil. Ao todo, foram contabilizados 273 casos em 2025, número 28% inferior ao registrado no mesmo período de 2024, quando houve 379 ocorrências de homicídio, latrocínio e lesão dolosa seguida de morte.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) atribui a redução às megaoperações contra facções criminosas, principalmente no bloqueio de recursos financeiros, e ao reforço no patrulhamento ostensivo em diversas regiões do estado.

O secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, afirmou que o resultado é fruto do trabalho integrado das forças policiais. Ele lembrou que a Bahia já havia registrado reduções de 6% em 2023 e de 8,2% em 2024.

Werner destacou ainda o aumento do efetivo: cerca de seis mil policiais e bombeiros foram contratados nos últimos dois anos, e outros 2 mil policiais militares devem ser incorporados na próxima sexta-feira (5). O Departamento de Polícia Técnica também teve o quadro ampliado, e um concurso com 750 vagas para delegados, escrivães e investigadores está previsto para 2026.

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Os percentuais referentes à pesquisa Estatística e Registro Civil do IBGE foram calculados pela reportagem da Agência Brasil.

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