Insônia acelera envelhecimento do cérebro em até 3,5 anos, diz estudo

Pessoas com insônia crônica podem apresentar envelhecimento do cérebro em até 3,5 anos, segundo estudo publicado na revista Neurology

Por Bruna Castelo Branco.

Pessoas com insônia crônica podem apresentar mais alterações cerebrais relacionadas ao declínio da memória e da capacidade de raciocínio com o avanço da idade. A conclusão é de um estudo publicado nesta quarta-feira (10) na revista Neurology.

A insônia crônica é caracterizada pela dificuldade de dormir ou manter o sono por, no mínimo, três dias por semana, durante três meses ou mais. De acordo com a pesquisa, o distúrbio está associado a um risco 40% maior de desenvolver demência ou comprometimento cognitivo leve — o que corresponde a um envelhecimento cerebral equivalente a 3,5 anos adicionais.

Um estudo brasileiro, realizado por pesquisadores do Instituto do Sono, revelou que a insônia não é apenas um sintoma secundário da depressão, mas parte integrante da doença. O resultado veio após pesquisadores examinarem a relação entre o risco genético para problemas de sono e sintomas de depressão, condição que atinge 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, em uma amostra do Estudo Epidemiológico do Sono de São Paulo, com pessoas entre 20 e 80 anos.

+ Carne vermelha em excesso aumenta risco de Alzheimer e Parkinson, diz estudo

Síndrome do Intestino Irritável afeta 17% da população brasileira; saiba o que é

A insônia crônica é caracterizada pela dificuldade de dormir ou manter o sono por, no mínimo, três dias por semana. | Foto: Ilustrativa/Pexels

“A insônia não afeta apenas como você se sente no dia seguinte — ela também pode impactar a saúde do seu cérebro ao longo do tempo”, afirmou o coautor do estudo, Diego Carvalho, em comunicado. “Observamos um declínio mais rápido nas habilidades de pensamento e mudanças no cérebro que sugerem que a insônia crônica pode ser um sinal de alerta precoce ou até mesmo um fator que contribui para futuros problemas cognitivos”.

Além disso, um estudo norte-americano com mais de dois milhões de mulheres, publicado em 2023 na revista Urology, encontrou uma forte associação entre os distúrbios do sono – apneia, insônia ou distúrbio do ciclo circadiano – com disfunção sexual em mulheres. Ou seja, boas noites de sono podem ajudar a melhorar a qualidade das relações sexuais.

Insônia em idosos

O levantamento acompanhou 2.750 idosos cognitivamente saudáveis, com idade média de 70 anos, durante quase seis anos. Desse total, 16% apresentavam insônia crônica.

De acordo com a pesquisa, o distúrbio está associado a um risco 40% maior de desenvolver demência. | Foto: Ilustrativa/Pexels

No início, os participantes responderam a questionários sobre hábitos de sono e passaram por testes de memória e raciocínio. Parte do grupo também foi submetida a exames de imagem para avaliar a substância branca do cérebro — área que pode indicar danos causados por doenças — e a presença de placas amiloides, acúmulo de proteína associado ao Alzheimer.

Os resultados mostraram que 14% dos idosos com insônia desenvolveram demência ou comprometimento cognitivo leve, em comparação com 10% dos que não tinham o distúrbio. Os primeiros também tiveram pior desempenho em testes de cognição e maior incidência de alterações cerebrais.

Em relação à demência, cientistas da Universidade de São Paulo (USP) descobriram, recentemente, uso de adoçantes pode estar associado ao aceleramento do declínio cognitivo em adultos, aponta estudo publicado no último dia 3 na revista científica Neurology.

Alimentos ultraprocessados podem reduzir qualidade do esperma, diz estudo

Os autores reconhecem limitações no estudo, como a possibilidade de subnotificação dos casos de insônia em registros médicos. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Indivíduos com histórico familiar de Alzheimer ou portadores do gene APOE ε4 apresentaram risco ainda mais elevado de comprometimento cognitivo.

“Nossos resultados sugerem que a insônia pode afetar o cérebro de diferentes maneiras, envolvendo não apenas as placas amiloides, mas também pequenos vasos que irrigam o cérebro”, explicou Carvalho. “Isso reforça a importância do tratamento da insônia crônica — não apenas para melhorar a qualidade do sono, mas potencialmente para proteger a saúde do cérebro à medida que envelhecemos”.

Os autores reconhecem limitações no estudo, como a possibilidade de subnotificação dos casos de insônia em registros médicos. Ainda assim, destacam que os achados fortalecem as evidências de que o sono é fundamental não só para o descanso, mas também para a resiliência cerebral.

O levantamento acompanhou 2.750 idosos cognitivamente saudáveis, com idade média de 70 anos, durante quase seis anos. | Foto: Ilustrativa/Pexels

Siga a gente no InstaFacebookBluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).

Comentários

Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria. Conheça nossa Política de Privacidade e consulte nossa Política de Cookies.