Em agosto deste ano, Diego Paiva dos Santos foi internado com um quadro de choque séptico causado por uma infecção bacteriana em razão de um furúnculo. Passou quatro dias no hospital para o tratamento e quase todos os órgãos melhoraram, fígado, rins e coração, menos um: o pulmão. Ele morreu após ter um infarto pulmonar aos 20 anos.
O jovem foi acometido pela Evali, uma doença causada exclusivamente pelo uso do cigarro eletrônico, segundo o cirurgião torácico pela Universidade de São Paulo, Rodrigo Sardenberg.
A mãe do jovem, Lia Paiva, compartilhou o raio-X do pulmão do filho e contou que ele fumava vape desde os 15 anos. “Eu quero falar para vocês que, de fato, o vape mata”, afirma Lia.
EVALI
Na tradução livre, Evali significa “lesão pulmonar associada à vaporização”. Recente na literatura médica, ela foi descrita pela primeira vez em 2019, nos Estados Unidos, quando pacientes jovens começaram a ser internados com falta de ar, tosse, dor no peito, náusea, vômito, diarreia, fadiga, febre e perda de peso, segundo Sardenberg.
Ainda de acordo com o especialista, essa lesão causada pelo uso do vape pode progredir para um dano permanente no pulmão, levando o órgão a se deparar com um processo de fibrose e o paciente pode precisar de um transplante pulmonar.
Segundo André Nathan, do Hospital Sírio Libanês, a doença, que se caracteriza por uma insuficiência respiratória aguda, é grave e pode levar o paciente para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com indicação de ventilação mecânica.
“Cada doença pulmonar tem uma causa. A asma, por exemplo, você nasce com essa predisposição. Outras doenças pulmonares são infecciosas, como pneumonia, covid, tuberculose. A Evali é uma doença inflamatória causada pela exposição às substâncias do cigarro eletrônico”, afirma André Nathan
O detalhe mais assustador é que a EVALI pode acometer o usuário a curto e médio prazo. Já a longo prazo, há riscos cardiovasculares apontados pelo uso do produto, principalmente relacionados às doenças coronárias, infarto, arritmia e insuficiência cardíaca, segundo Elie Fiss, pneumologista do Hospital Oswaldo Cruz.
REGULAMENTAÇÃO DO CIGARRO ELETRÔNICO
No ano de 2022, a diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, por unanimidade, um relatório técnico que indicava a necessidade de se manter a proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar e a adoção de medidas adicionais para coibir o comércio irregular desse tipo de produto, além do aumento das ações de fiscalização e a realização de campanhas educativas.
Fora o debate no âmbito da Anvisa, tramita no Senado Federal o Projeto de Lei (PL) 5008/2023, de autoria da senadora Soraya Thronicke, que permite a produção, importação, exportação e o consumo dos cigarros eletrônicos no Brasil.
Com um alto número de pessoas que consomem cigarros eletrônicos, a falta de regulamentação e o aumento do consumo irregular preocupam as autoridades.
Cerca de 83 países permitem a venda de cigarros eletrônicos, com prévia regulamentação da distribuição e composição dos dispositivos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que é preciso tratar esses produtos da mesma forma que o cigarro normal, com adoção de medidas de controle e proibição dos dispositivos que tenham sabor. Embora o produto seja proibido no Brasil, cerca de 2,2 milhões de pessoas fumam ‘Vape’, segundo pesquisa do Instituto Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria.
LEIA MAIS: Passa o dia sentado? Estudos mostram quanto tempo de exercício é preciso para compensar
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook e Twitter. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).