Dia Mundial sem Tabaco: quanto tempo o corpo leva para se recuperar?
Em celebração ao Dia Mundial sem Tabaco, pneumologista Larissa Abrahão esclarece dúvidas sobre o vício
Neste sábado (31), é celebrado o Dia Mundial sem Tabaco — e não há data mais propícia para refletir sobre os perigos do tabagismo, agravados nos últimos anos, principalmente pelo avanço dos cigarros eletrônicos, entre os jovens. Parar de fumar, no entanto, é um processo complexo e desafiador. Entre os desejos mais comuns de quem decide abandonar o vício está o de não sentir mais os sintomas da abstinência.
Dados recentes do Ministério da Saúde mostram um crescimento de 25% no número de fumantes no Brasil entre 2023 e 2024. Pela primeira vez desde 2007, o país voltou a registrar aumento no número de pessoas que consomem tabaco.
Embora a Bahia tenha uma das menores taxas de fumantes do país — 9,7% da população adulta, segundo a Secretaria da Saúde do Estado — os impactos à saúde provocados pelo fumo, em suas diversas formas, continuam alarmantes e crescentes.
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Por isso, o Aratu On conversou com a pneumologista Larissa Abrahão para entender quanto tempo, em média, um ex-fumante leva para deixar de sentir os efeitos da falta do cigarro — e, sobretudo, quais os cuidados necessários durante esse processo.
De onde vem a dependência?
Para entender quando a abstinência diminui, é importante compreender os três tipos de dependência associados ao cigarro, segundo Larissa:
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Física (química): causada pela nicotina, apresenta sintomas mais intensos nas primeiras 3 a 4 semanas, como irritabilidade, ansiedade e insônia.
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Psicológica (comportamental): ligada ao ato de fumar, aos gatilhos mentais e emocionais.
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Social: associada ao convívio com pessoas ou ambientes em que fumar faz parte da rotina — e pode durar meses.
Ação e reação
Durante o vício, o fumante perde parte do funcionamento natural de sentidos como o olfato, o paladar e a respiração. Mas os benefícios da cessação começam quase imediatamente.
Segundo estudos da American Cancer Society, em apenas 48 horas já é possível notar melhora no paladar e no olfato. Entre 2 e 12 semanas, a função pulmonar começa a se recuperar.
"É importante ressaltar que a velocidade e a intensidade dessas melhoras dependem de diversos fatores, como o tempo de tabagismo, a carga tabágica acumulada e a idade do paciente", afirma a especialista.
Estratégias para lidar com a abstinência
De acordo com Larissa, o tratamento contra o tabagismo exige uma "abordagem multidisciplinar", incluindo terapia cognitivo-comportamental e uso de medicamentos.
Entre os recursos terapêuticos mais utilizados estão:
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Bupropiona e vareniclina (com prescrição médica);
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Terapias de reposição de nicotina (TRN), como adesivos e gomas, disponíveis inclusive pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Ela ressalta ainda que, em seus 15 anos de profissão, percebe um padrão nos pacientes bem-sucedidos: "Meus pacientes que obtiveram sucesso geralmente estavam decididos a parar, buscaram apoio médico e psicológico, definiram uma data para cessação e iniciaram uma verdadeira reorganização de hábitos", disse.
As consequências que permanecem
O tabagismo pode causar cerca de 50 doenças diferentes, entre elas doenças respiratórias, cardiovasculares e diversos tipos de câncer: pulmão, boca, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim e bexiga, entre outros.
Mesmo após parar de fumar, o histórico com o cigarro pode deixar sequelas irreversíveis. Um dos exemplos mais graves é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), condição que compromete a respiração e reduz significativamente a qualidade de vida.
A DPOC inclui doenças como bronquite crônica e enfisema pulmonar, provocadas pela exposição prolongada à fumaça — ativa ou passiva. Os sintomas incluem tosse crônica, falta de ar, chiado no peito e cansaço constante. “É uma doença debilitante, que compromete a capacidade de realizar atividades simples do dia a dia e pode evoluir para necessidade de oxigênio contínuo”, explica Fernanda Aguiar.
Fumar afeta todo o corpo
Além das doenças respiratórias e cardiovasculares, o cigarro compromete visivelmente a saúde geral:
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Boca: mau hálito, escurecimento dos dentes, maior risco de infecções gengivais e câncer bucal;
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Pele e unhas: amarelamento, perda do viço e envelhecimento precoce;
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Imunidade e energia: queda das defesas do organismo e cansaço crônico.
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