Érika Hilton denuncia delegado e suspeito de matar mulher trans com ‘mata-leão’
O delegado teria liberado o suspeito de matar uma mulher trans com ‘mata-leão’ após apresentar corpo à delegacia de Luís Eduardo Magalhães
Por Ananda Costa.
A deputada federal Erika Hilton (Psol) anunciou nesta segunda-feira (8) que denunciou ao Ministério Público um delegado e o suspeito de matar uma mulher trans com um golpe de ‘mata-leão’ durante uma corrida por aplicativo em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia.

Em uma publicação no “X” (antigo Twitter), a deputada também cobrou esclarecimentos da Polícia Civil, da Secretaria de Segurança Pública e do Governo da Bahia sobre o caso.
“É inconcebível que um delegado não faça a prisão em flagrante de um ASSASSINO que levou um CORPO até uma delegacia porque ele foi ‘bonzinho’, confessou o crime e jurou de dedinho que vai se comportar. Vamos refletir por um mísero instante: se uma pessoa matasse um colega de trabalho, um vizinho, um idoso ou uma criança, levasse o corpo até a delegacia e confessasse, ela seria liberada?”, questionou.
Erika Hilton também questionou se a ação não pode ser considerada um caso de transfobia e se a Polícia Civil da Bahia considera normal matar pessoas trans.
“E o assassino confessou e falou seu motivo: ele a contratou para um programa e tinha medo de que o caso fosse exposto. Para o assassino, isso foi uma ‘legítima defesa’. E, para o delegado, isso foi o suficiente para liberá-lo. É, ou não é, um caso de transfobia institucionalizada? É, ou não é, a Polícia Civil da Bahia dizendo que está tudo bem matar determinadas pessoas? Que o assassino seja preso e a conduta do delegado seja devidamente investigada”, finalizou.
🚨 Ryana, uma jovem de apenas 18 anos, foi sufocada até a morte com um mata-leão por um motorista de aplicativo, que levou seu corpo até a delegacia, confessou o crime e foi LIBERADO pelo delegado.
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) December 8, 2025
Estou denunciando, ao Ministério Público Estadual, o assassino e o delegado.… pic.twitter.com/A7KNPlxgEJ
Relembre o caso
Uma mulher trans, de 18 anos, identificada como Ryana, foi morta por estrangulamento na noite de sábado (6), no município de Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia.
Segundo a Polícia Civil, o corpo da vítima foi encontrado dentro de um carro, e o autor do crime se apresentou espontaneamente à delegacia, onde confessou a ação.
Ainda de acordo com a corporação, ele responde pelo crime em liberdade por ter se apresentado. Conforme o boletim de ocorrência, ambos viajavam de Barreiras para Luís Eduardo Magalhães quando houve um desentendimento, e o autor aplicou um golpe de “mata-leão” na vítima.
A Polícia Civil informou que foram expedidas guias periciais, colhidos depoimentos e que outras diligências investigativas estão sendo realizadas pela Delegacia Territorial de Luís Eduardo Magalhães para esclarecer o caso.
Violência contra mulheres trans na Bahia

No último mês de novembro, uma mulher trans de 31 anos, identificada como Pamela, denunciou ter sido agredida por um vizinho, um homem de 50 anos, em Salvador. Em entrevista à reportagem da TV Aratu, ela relatou que foi atacada com uma barra de ferro.
Em setembro, uma mulher trans, identificada como Any Sá, foi morta a tiros na localidade conhecida como Escada, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Segundo a Polícia Militar, o corpo apresentava múltiplos disparos.
Em junho do ano passado, uma mulher trans foi espancada na localidade conhecida como "Sussunga", no bairro da Fazenda Grande do Retiro, em Salvador. A vítima teria se envolvido em uma briga com outra mulher trans, durante uma festa tipo paredão.
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