Caiado ataca segurança da BA após críticas ao RJ: ‘Sangue do baiano vale menos?’

Governador de Goiás, Ronaldo Caiado crê que, na prática, Bahia não aplica políticas de menor letalidade da polícia sugeridas pelo governo federal após operação no Rio de Janeiro

Por Matheus Caldas.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), rebateu as críticas feitas pelo governo federal à megaoperação no Rio de Janeiro e indicou semelhanças entre as políticas de segurança pública da Bahia e do Rio.

Em entrevista à GloboNews, Caiado afirmou que “a maior barbárie” do país está na Bahia. “Eles vêm com essa frase de ‘menos sangue e mais inteligência’. Quer dizer que o sangue do cidadão baiano é menos importante do que o sangue de quem morreu na operação do Rio?”, afirmou.

Para o governador de Goiás, na prática, a Bahia não aplica políticas de menor letalidade da polícia. “Por que eles não tomam iniciativa e mostram ao Brasil o que conseguiram fazer lá?”, questionou Caiado, ao criticar o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o governador Jerônimo Rodrigues (PT), e o presidente Lula (PT).

As críticas do governador de Goiás são direcionadas ao governo Lula, no âmbito de uma postagem realizada pela gestão federal, na qual há críticas à operação realizada no Rio de Janeiro, em que morreram 121 pessoas, incluindo quatro policiais.  

Dados do instituto Fogo Cruzado mostram que, entre janeiro e junho de 2025, a polícia da Bahia foi a mais violenta do Brasil com a taxa de 40,6 mortes por 100 mil habitantes decorrentes de intervenções policiais. Em 2023, o estado foi o único a ter mais de mil mortes em decorrência de ações policiais. 

Segundo o Anuário da Segurança Pública de 2024, em 2022 Jequié foi a cidade do Brasil na qual a polícia mais matou pessoas

A Bahia apareceu, ainda, como o segundo estado mais violento do Brasil em 2024, de acordo com dados do Anuário de Segurança Pública, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Ronaldo Caiado, governador de Goiás | Foto: Adalberto Ruchelle/divulgação

Megaoperação no Rio de Janeiro

Ao menos 17 suspeitos baianos entre presos e mortos, foram alvos de uma operação policial realizada nesta terça-feira (28) no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Entre esses detidos estão criminosos com histórico de envolvimento com o Comando Vermelho (CV).

Um dos identificados é Júlio Souza Silva, natural de Salvador, apontado pelas forças de segurança como integrante da facção. No local onde ele foi encontrado, os policiais apreenderam um fuzil calibre 5.56 com a bandeira da Bahia estampada, além de nove motocicletas.

A operação Contenção, deflagrada nessa terça (28) nos complexos do Alemão e da Penha, mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares com o objetivo de prender lideranças do Comando Vermelho (CV). As equipes apreenderam 118 armas e prenderam 113 suspeitos.

+'Crime organizado continua': Fogo Cruzado repreende Operação letal contra CV

Segundo a Polícia Militar, houve forte resistência de criminosos armados, com uso de barricadas incendiadas e ataques com drones. Entre os mortos, estão quatro policiais.

O governador Cláudio Castro (PL) afirmou nesta quarta que a megaoperação foi um "sucesso" e que as únicas "vítimas" foram os quatro policiais mortos. "Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem, só tivemos esses policiais", declarou.

Jerônimo condena operação no Rio de Janeiro

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) condenou, nesta quinta-feira (30), a politização da segurança pública e voltou a criticar a operação policial realizada no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos. Segundo ele, o enfrentamento ao crime organizado não pode ser conduzido com motivações eleitorais.

“Estou preocupado com o que aconteceu: pessoas inocentes mortas, policiais em trabalho mortos. Não creio que a gente resolva a questão da segurança pública no formato que foi. Nós, enquanto governantes, temos que eliminar, tirar da relação de gestão nessas atitudes, qualquer elemento que possa se confrontar com um critério eleitoral”, afirmou Jerônimo, em entrevista coletiva.

A declaração ocorreu após o deputado estadual Leandro de Jesus (PL) apresentar na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) um projeto de resolução que propõe conceder a Comenda Dois de Julho ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), em reconhecimento à sua atuação no combate ao crime organizado.

A honraria é a mais alta do Legislativo baiano e costuma ser concedida a personalidades que prestam serviços relevantes à Bahia, ao Brasil e à sociedade.

O petista também reforçou a defesa da PEC da Segurança Pública, proposta que tramita no Congresso Nacional e busca fortalecer o sistema e o financiamento da área. “Nós temos uma PEC que tem elementos importantes, inclusive que fortalece o sistema de segurança pública nacional. [...] Eu não creio que seja o momento de a gente poder fazer uma disputa enquanto nós não encontramos saída para enfrentarmos de forma definitiva no Brasil o tema do crime organizado. E eu repito sempre ao máximo que bandido bom é bandido preso”, destacou.

Caiado critica segurança pública do governo Jerônimo | Foto: Adriel Francisco/GOVBA

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