Bruno Reis e Jerônimo apresentam Plano de Segurança Pública para Salvador
Plano de Segurança Pública estabelece diretrizes para nortear política de combate e prevenção à violência em Salvador
Por Matheus Caldas.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), realizaram ato em conjunto na manhã desta quinta-feira (6) para anunciar o Plano de Segurança Pública, elaborado pela prefeitura da capital baiana.
O evento com Bruno Reis e Jerônimo marcou a apresentação do Plano de Segurança Pública, que será enviado à Câmara de Vereadores. O planejamento estabelece diretrizes para nortear a política de combate e prevenção à violência em Salvador.
Segundo o prefeito da capital, houve debate entre prefeitura e governo para confeccionar o Plano de Segurança Pública. “Esse trabalho já nasceu integrado. O governador nos pediu para que a Secretaria de Segurança Pública e a de Justiça revisassem o texto, e as sugestões foram incorporadas. Agora ampliamos a cooperação e estabelecemos metas conjuntas para reduzir os índices de criminalidade”, afirmou, em entrevista coletiva.
Para Bruno Reis, a estrutura sofisticada construída pelas facções criminosas exige que as prefeituras também enfrentem o crime organizado. “Historicamente, as prefeituras contribuíam com ações transversais — na educação, no esporte, na cultura, na geração de emprego e renda. Mas hoje, diante da profissionalização do crime organizado, é necessário ir além: unir esforços e integrar ações de forma permanente”, pontuou.
Jerônimo elogiou a postura do prefeito da capital e indicou facilidade para promover discussões para segurança da cidade. “Bruno se colocou na ação de poder pegar as câmeras de imagem de segurança pública que tem em Salvador, e com o sistema poder ter acesso a leitura facial, de placas de automóveis, que não só vai dar objetividade à prefeitura em suas ações, mas vai nos oferecer imagens não só para o campo da inteligência da segurança pública, seja para prender carros e motos roubadas, mas também pessoas que estão devendo à Justiça”, explicou.
O plano começou a ser elaborado em maio deste ano. Em julho, o presidente da Câmara Municipal, Carlos Muniz (PSDB), cobrou o envio do texto para análise dos vereadores.

Plano de Segurança Pública
O Plano Municipal de Segurança Pública e Defesa Social de Salvador (PMSPDS) traz 46 metas e um total de 241 ações, entre contínuas, a curto (1 a 2 anos), médio (3 a 5 anos) e longo prazo (6 a 10 anos).
O documento define princípios, diretrizes e objetivos da segurança municipal, integrando órgãos em ações conjuntas e preventivas, além de estabelecer articulação com o governo estadual e a União.
O orçamento previsto para a área é de R$ 5,6 bilhões até 2028, montante que chegará a R$ 14,3 bilhões até 2035, conforme o plano. Entre as iniciativas de destaque, estão a instalação de mais 6,3 mil câmeras de vigilância em diversos pontos da cidade, a entrega do Centro de Controle e Operações (CCO), cujas obras estão em andamento no bairro do Lobato, e a realização de um novo concurso público para reforçar o contingente da Guarda Civil Municipal (GCM).
Segundo a prefeitura, entre os objetivos estão a prevenção e redução da violência e criminalidade, melhoria da qualidade do ambiente urbano, promoção da cultura de paz e resolução de conflitos.
Para isto, o município deverá ampliar e fortalecer a rede de assistência social, promover educação e capacitação para jovens, realizar vigilância e monitoramento eletrônico para ambientes urbanos, investir em rede integrada e centralização de dados em segurança pública, promover segurança comunitária, modernizar e reequipar a Guarda Civil, entre outras iniciativas.

Violência em Salvador
O Plano de Segurança Pública é lançado em meio às discussões a respeito da megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro, na qual 121 pessoas morreram, incluindo quatro policiais. A ação foi condenada por Jerônimo, que defendeu que o Estado realize mais operações em bairros nobres a fim de combater o crime organizado.
Salvador voltou a ser, em 2024, a capital mais violenta do Brasil. Quem aponta este quadro é o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nem 2025, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo o anuário, a capital baiana ultrapassou Macapá, capital do Macapá. A Bahia, por sua vez, é o segundo estado mais violento do país. Perde apenas para o Amapá.
O índice refere-se à taxa de mortes violentas intencionais, quando há intenção de causar a morte ou lesões graves. No caso de Salvador, a taxa é 52 – a média nacional é 20,4. Foram 1.335 mortes violentas registradas na cidade neste período.
A segunda colocada no quesito é Macapá, com taxa de 44,3. A terceira posição fica com Maceió: 38,6.
Salvador não liderava o ranking desde o anuário de 2021, estudo que se refere a informações coletadas em 2020.
Apesar da liderança do ranking, a capital baiana teve queda de 10,8% na taxa de mortes violentas intencionais. O recuo foi acima da média nacional, de 5,1%.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública se baseia em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da segurança pública.
O número de adolescentes baleados em Salvador e na Região Metropolitana subiu para 58 em 2025, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado. Desse total, 38 morreram em decorrência dos ferimentos.
Entre as ocorrências mais recentes está o ataque registrado na noite de quarta-feira (5), no bairro da Capelinha de São Caetano, em Salvador. Durante o atentado, dois adolescentes foram baleados enquanto jogavam bola em frente às suas casas.
Uma das vítimas, Yasmim Sacramento, de 12 anos, foi atingida na cabeça e morreu no local. Um menino de 13 anos e um jovem de 18 anos também foram feridos. No mesmo ataque, Edson Ferreira de Oliveira, de 47 anos, foi atingido e não resistiu.
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