Alerj decide soltar Rodrigo Bacellar, preso por suspeita de vazar operação
Presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar foi preso pela PF no dia 3 de dezembro
Por Juana Castro.
A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) aprovou nesta segunda-feira (8) a soltura do deputado Rodrigo Bacellar (União), preso pela Polícia Federal (PF) no último dia 3 de dezembro, sob suspeita de vazar informações de uma operação realizada em setembro.

O projeto recebeu 42 votos favoráveis e 21 contrários. A sessão chegou a ser interrompida após aliados do governo contestarem o pedido da deputada Dani Monteiro (PSol) para explicar seu posicionamento durante o voto.
Com a decisão de manter a votação em aberto, cada parlamentar precisou ir ao microfone para declarar o voto. Rafael Picciani (MDB) se absteve, afirmando ser “parte no processo”, já que retornou à Casa após substituir TH Joias. Ele havia sido intimado pela PF na época em que chefiava a Secretaria de Esporte e Lazer. O deputado Carlos Augusto (PL) também se absteve.
Decisão da soltura de Bacellar será enviada ao STF
O resultado será enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal), que deverá avaliar possíveis medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.
A sessão foi conduzida por Guilherme Delaroli (PL), atual primeiro vice-presidente da Alerj. Ele poderá assumir a condução dos trabalhos caso a Justiça volte a determinar a prisão de Bacellar.
Durante as falas de bancada, parlamentares de oposição mencionaram possíveis vínculos de Bacellar com o crime organizado. Já a base aliada alegou caráter arbitrário na prisão, destacando que o deputado não havia sido alvo de outras medidas cautelares.

CCJ aprovou soltura de presidente da Alerj na manhã de hoje
Mais cedo, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou a proposta de soltura por 4 votos a 2. Luiz Paulo (PSD) apresentou alternativa para que dois projetos fossem analisados: um sobre a prisão e outro sobre o afastamento da presidência, mas ela não avançou.
Votaram a favor os deputados Alexandre Knolploch (PL), Chico Machado (Solidariedade), Fred Pacheco (PMN) e Rodrigo Amorim (União), presidente da comissão. Carlos Minc (PSB) e Elika Takimoto (PSB) se posicionaram contra.
Após a decisão, Amorim afirmou que a CCJ atua como órgão técnico. “Não somos comentaristas de decisão”, disse. “Não me parece que nenhum de nós esteja habilitado para ser comentarista de decisão judicial. Isso não nos cabe”, afirmou, reforçando que cabia à comissão a análise regimental.
Prisão de Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal (PF), durante a Operação Unha e Carne. Ele foi preso enquanto prestava depoimento à PF.
A ação tem o objetivo de combater a atuação de agentes públicos envolvidos no vazamento de informações sigilosas de investigações.
O foco central da apuração é o vazamento de dados de um inquérito que resultou na prisão de Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias.
De acordo com a PF, essa divulgação indevida de informações resultou na obstrução da investigação realizada na Operação Zargun.
Além do mandado de prisão contra Bacellar, a PF cumpre outros oito mandados de busca e apreensão e um mandado de intimação para cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão, todos expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O Supremo determinou, também, que a PF conduza investigações sobre atuação dos principais grupos criminosos no Rio de Janeiro e suas conexões com agentes públicos.
O SBT News procurou a defesa de Rodrigo Bacellar, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.
A Alerj disse que ainda não foi comunicada sobre a operação e, quando tiver acesso a informações, "irá tomar as medidas cabíveis".
Investigação contra TH Joias
O deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB-RJ), conhecido como TH Joias, está preso desde setembro sob acusações de envolvimento com o crime organizado.
O parlamentar é acusado de utilizar seu mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para intermediar a compra e venda de drogas, armas e equipamentos antidrones. Estes materiais seriam destinados a comunidades dominadas pela facção Comando Vermelho (CV), como o Complexo do Alemão.
TH Joias e outras quatro pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pelos crimes de associação para o tráfico e comércio ilegal de armas de uso restrito. O MPRJ apresentou provas de movimentações financeiras suspeitas e de repasse de grandes somas em espécie que visavam financiar as atividades da facção.
As apurações revelaram que, além de favorecer diretamente o Comando Vermelho, o deputado utilizava empresas e assessores para lavar dinheiro e acobertar as atividades criminosas. Ele também é suspeito de nomear aliados e familiares de criminosos para cargos na Alerj.
O empresário de 36 anos, antes de ingressar na política, ganhou notoriedade por fornecer joias de ouro e diamantes para diversas celebridades, incluindo nomes como MC Poze, Neymar, Vinicius Jr., Ludmilla e Deolane Bezerra.
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