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13/07/2022 14h22 | Atualizado em 13/07/2022 14h23

Vereadora de Camaçari diz que colega encostou mão na sua perna e a chamou de “negra de cabelo de fio”; defesa fala em “acalmar ânimos”

Vereador Dentinho do Sindicato (PT) encosta o braço na perna esquerda de Angélica e, em seguida, dá um abraço na vereadora, sem consentimento dela, e diz que ela é uma "negra do cabelo de fio".

Vereadora de Camaçari diz que colega encostou mão na sua perna e a chamou de Foto: divulgação
Matheus Caldas

A vereadora Professora Angélica (PP), única mulher com mandato na Câmara Municipal de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, denunciou um caso de assédio moral, sexual e racismo sofrido pelo colega Dentinho do Sindicato (PT) durante sessão ordinária realizada no dia 28 de junho. Ela ingressou com uma representação contra o petista.

Em entrevista concedida nesta quarta-feira (13/7) à TV Aratu, a parlamentar disse que vem sofrendo com o assédio há meses. Na sessão do fim de junho, um vídeo flagra o momento em que o vereador encosta o braço na perna esquerda de Angélica e, em seguida, dá um abraço na vereadora, sem consentimento dela. "No momento, eu fiquei travada".

Logo em seguida, ela se levantou e começou a discutir com Dentinho. A discussão teria se iniciado após ele exigir que ela se retirasse da cadeira em que estava sentada. Isto aconteceu após ele abraçá-la e afirmar que ela é uma "negra do cabelo de fio".

Os casos de assédio, segundo Angélica, começaram desde abril, durante as comemorações pelos 74 anos da Câmara Municipal. "Ele chegou e perguntou por que eu não ia logo pelada para o plenário. Eu já tinha meses sofrendo abuso sobre minhas vestimentas. Ele diz que ele tem que dizer o que eu tenho que vestir, onde tenho sentar e o que tenho que falar, porque é o chefe do partido dele", denunciou.

Ela ainda lamenta a postura dos outros vereadores. Segundo a pepista, apenas quatro dos outros 20 parlamentares, todos homens, ligaram para ela para manifestar apoio após o episódio. "Os outros vereadores já sabiam o que ele ia fazer desde a chegada dele", criticou.

RESPOSTA

Dentinho do Sindicato optou por não se manifestar, mas enviou seus advogados, Thiago Bianchi e Iago Moreira, que afirmaram que o petista vem sofrendo "acusações equivocadas" e que "não é momento adequado pra ele se pronunciar". 

Segundo Bianchi, não há comprovação de que o vereador assediou ou proferiu ofensas racistas à colega. Ele diz que, apesar do "debate acalorado", não há contexto que "transborde para a área criminal". 

"Discussão já estava se encerrando e há uma tentativa do vereador Dentinho de acalmar os ânimos e conversar com a vereadora e pôr ponto final naquela discussão que estava sendo travada", disse Bianchi.

VEJA AS ENTREVISTAS:

POSIÇÃO DA CÂMARA

Na última semana, o Legislativo camaçariense publicou nota e informou que notificou Dentinho do Sindicato a respeito da representação ingressada por Professora Angélica.

"Será aberto o prazo para que o parlamentar apresente resposta à representação, que deverá ser analisada pela Casa Legislativa, avaliando se o teor das acusações é passível de abertura de processo disciplinar", diz trecho do comunicado.

"A Câmara de Camaçari reitera que repudia todo e qualquer ato de preconceito e reafirma o compromisso com o desenvolvimento de políticas públicas de enfrentamento. A Casa Legislativa seguirá com apuração rígida dos fatos, zelando pela observância dos preceitos contidos no Código de Ética e Decoro Parlamentar", finaliza a Casa.

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Fonte: Fábio Gomes e Matheus Caldas