Diretor da OMS diz que "esperava um desempenho melhor" do Brasil na pandemia; "precisam levar a sério"
"Está ficando muito sério e acho que, começando pelo governo, todos os atores precisam levar a sério", completou.
Sem medidas sociais sérias, agressivas e urgentes no Brasil, o número de mortes pela Covid-19 vai aumentar ainda mais e o Brasil será uma ameaça para o restante do planeta. A declaração é da cúpula da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, nesta sexta-feira (12/3), fez um alerta sobre a crise sanitária brasileira e mandou um recado ao governo alertando que, da forma que está agindo, não conseguirá frear a pandemia.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyeus, contou que ficou "realmente confuso" diante do fracasso do Brasil em lidar com a crise, já que o Sistema Único de Saúde (SUS) é considerado um "modelo" para outros países. "Esperava que o sistema pudesse ter um desempenho melhor, mas vai contra as nossas expectativas", lamentou. "Já passamos de 2 mil mortes por dia. Está ficando muito sério e acho que, começando pelo governo, todos os atores precisam levar a sério", completou.
Ele falou, ainda, em nome da organização, que estão "profundamente preocupados", disse. "Não é só o número de novos casos que aumenta. Mas de mortes também", insistiu. As informações são do colunista Jamil Chade, do UOL.
MEDIDAS
Tedros Ghebreyeus disse também que, para o Brasil melhorar a situação, "deve haver medidas sociais sérias". "As medidas que devem ser tomadas devem ser as mais sérias possíveis para que haja algum progresso significativo", aconselhou Tedros, frisando que a responsabilidade é de governantes para que assumam uma "mensagem clara" sobre qual é a real situação no país e para que adotem medidas concretas e consistentes.
A fala do diretor geral foi acompanhada do posicionamento do diretor de operações da OMS, Mike Ryan, que enfatizou que "a situação no Brasil piorou". Segundo ele, há um rápido crescimento da ocupação de leitos de UTI, com mais de 96% em alguns locais ou se esgotando em termos de espaço. "Há pouca capacidade e resiliência sobrando no sistema", acrescentou
"Gostaríamos de ver o Brasil ir em uma direção diferente. Mas isso vai exigir um enorme esforço para que isso aconteça. O sistema está sob pressão agora. Enquanto muitos países da América Latina estão indo em uma boa direção, o Brasil não está", afirmou. "Isso precisa ser levado a sério no Brasil", insistiu Ryan. "Não tenho dúvida de que a Saúde brasileira, a ciência e o povo podem reverter isso. A questão é se eles terão o apoio que necessitam para fazer isso", alertou, num recado direto ao governo.
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