Interior

Testemunha contra milícia supostamente chefiada por "Humberto Cachorrão" é sequestrada e MP faz nova operação

A ação foi do Ministério Público, por meio do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em conjunto com a Força Tarefa de combate a crimes praticados por policiais.

Por Da Redação

Testemunha contra milícia supostamente chefiada por "Humberto Cachorrão" é sequestrada e MP faz nova operaçãoCréditos da foto: arquivo/Blog Valdiney Passos

Um homem foi preso na manhã desta quarta-feira (28/4) investigado pelo sequestro de um rapaz identificado como Alex Cirino Barbosa. Ele é uma das principais testemunhas da "Operação Alcateia", que apura, desde outubro de 2020, uma grande milícia instalada no Norte da Bahia. Foram expedidos três mandados de prisão nos municípios de Paulo Afonso, a 469 km de Salvador, e Boca da Mata, em Alagoas. Dois suspeitos são considerados foragidos. 


A ação foi do Ministério Público, por meio do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em conjunto com a Força Tarefa de combate a crimes praticados por policiais, da Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Um dos dois foragidos é um oficial da Polícia Militar. O trio não teve a identidade revelada.


Os investigadores querem saber sobre o possível homicídio de Alex, que foi raptado no dia 07 de abril de 2021, por volta das 19h45, em Paulo Afonso, e ainda se encontra desaparecido, sem qualquer sinal de que ainda esteja com vida. O sequestro foi filmado por câmeras de segurança instaladas na rua, que mostram exatamente o momento em que a vítima é abordada, imobilizada, e colocada dentro do veículo utilizado pelos agressores. 


As imagens possibilitaram a identificação de uma caminhonete, que já havia sido vista na cidade em poder do oficial da PM. As evidências revelam que se trata de uma tentativa de intimidar testemunhas e embaraçar a ação penal resultado da "Alcateia", que se encontra em curso no Juízo Criminal de Paulo Afonso, e cuja audiência de instrução teve início na terça-feira (27/4). No âmbito da operação, PMs foram presos. 


Um dos alvos da ação desta quarta é irmão de um dos policiais que ainda se encontra preso, o que reforça a tese de que o crime teria sido cometido para impedir a oitiva da testemunha.


OPERAÇÃO ALCATEIA 


A situação foi denunciada por reportagem do Aratu On em 2020. A matéria, baseada em um inquérito instaurado pela própria corporação no mês de julho, mostrou que homicídios, extorsões, ameaças e torturas teriam sido praticado por policiais militares entre os anos de 2017 e 2019. 


A publicação coloca o então comandante do 20º Batalhão da PM, tenente coronel Carlos Humberto da Silva Moreira - o "Cachorrão" -, como "líder do grupo criminoso". A unidade então chefiada pelo oficial é localizada em Paulo Afonso. Além dele, é citado também no processo o nome de um outro oficial, o capitão Rodolfo Vieira Santos.


Meses depois, o MP deflagrou a "Operação Alcateia". De acordo com o Ministério Público, foram apurados indícios "veementes" da prática de diversos crimes de homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa, além de outros delitos típicos de atividade de milícia, como tortura e extorsão. 


Documento-Valendo


Com base nesses indícios, diz ainda o MP, foram deferidos pela 1ª Vara Crime, Júri, e Execuções Penais da Comarca de Paulo Afonso os pedidos do MP de prisões temporárias de seis policiais militares, buscas e apreensões em endereços residenciais dos investigados e batalhões.


Mesmo com a investigação em curso na PM, Humberto Moreira chefiava o 1º BEIC, um Batalhão de Ensino, Instrução e Capacitação localizado em Feira de Santana, mas foi afastado por 180 dias - que será encerrado neste final de abril. "Cachorrão" também esteve proibido de acessar todas as unidades da corporação e também não poderia manter comunicação com outros membros da PM e de utilizar dos serviços da Instituição Militar.


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