ONU se diz "preocupada" com combate à pandemia no Brasil e teme pelos mais vulneráveis
ONU se diz "preocupada" com combate à pandemia no Brasil e teme pelos mais vulneráveis
Representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmaram durante entrevista coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (27/4), em Genebra, na Suíça, estarem preocupados com o comportamento de autoridades brasileiras diante da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A entidade deixou claro que mensagens do governo demonstram a falta de capacidade do país em conter o avanço do vírus, além de possíveis respostas que reforcem tendência anti-democráticas.
Georgette Gagnon, diretora de Operações do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, disse que está "preocupado" com as "mensagens conflitantes de autoridades, por vezes reduzindo a seriedade da situação, e isso pode minar os esforços do Brasil para lidar com a pandemia". Segundo ela, isso poderia, potencialmente, levar o país a uma situação difícil. Desde o início da pandemia, o governo federal e governos estaduais vivem conflitos nas estratégias propostas para lidar com a crise.
"É nossa posição que governos, em todos os lados, precisam proteger valores democráticos e direitos humanos, evitar respostas que alimentem tendências anti-democráticas, certamente num pais e numa região", disse a diretora. Vale lembrar que o presidente apoiou uma manifestação que defendia o fechamento do Congresso e do Superior Tribunal Federal (STF), além de vozes que pediam medidas de cunho autoritárias. No ano passado, Bolsonaro atacou a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, por alertar que o espaço cívico no Brasil estava encolhendo e por criticar a violência policial.
A entidade disse estar também preocupada com o impacto que o vírus pode ter na população, com ênfase nos mais vulneráveis, como os detentos e pessoas em situação de rua e disse estar analisando implementar medidas nas prisões do país. A ONU teme a chegada do vírus em comunidades indígenas, pois segundo ela, isso coloca "um desafio, inclusive para sua sobrevivência". O escritório da ONU tem recebido registro de casos e pede novas investigações sobre a situação.
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