Engenheira fica em coma após erro médico de amiga de infância em MG
Engenheira recebeu aplicações de cloridrato de ropivacaína
Por Da Redação.
O Ministério Público de Minas Gerais e o Conselho Regional de Medicina (CRM-MG) investigam uma denúncia de erro médico apresentada pela família da engenheira de produção Letícia de Souza Patrus Pena, de 31 anos, que se encontra em coma no Hospital Mater Dei Contorno, em Belo Horizonte.
A denúncia envolve a médica anestesista Natália Peixoto de Azevedo Kalil, amiga de infância da vítima, que teria aplicado em Letícia, em duas ocasiões, injeções contendo o anestésico cloridrato de ropivacaína, em sua residência em Nova Lima, na Grande BH, para aliviar dores nas costas da paciente.
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Letícia de Souza Patrus Pena, de 31 anos, que se encontra em coma no Hospital Mater Dei Contorno, em Belo Horizonte. Foto: Reprodução| Redes Sociais
De acordo com a mãe de Letícia, Flávia Bicalho de Souza, de 55 anos, a primeira aplicação da medicação foi realizada em 25 de agosto de 2024, quando Letícia teve uma queda de pressão, mas se recuperou. Porém, o segundo procedimento, em 20 de setembro, teria resultado em uma parada cardiorrespiratória, seguida de hipóxia — falta de oxigênio no cérebro — causando danos neurológicos graves.
Em entrevista ao Estado de Minas, Flávia relatou que, nas duas ocasiões, a família não sabia que Letícia iria até a casa de Natália para tomar as injeções. A mãe ainda questiona a conduta da médica, que, ao invés de chamar uma ambulância imediatamente após a parada cardiorrespiratória, ligou para o marido, que chamou o irmão dele. Os dois levaram Letícia para o hospital, em transporte inadequado. "Ela não acionou o Samu, e o transporte para o hospital foi inadequado, sem espaço para manobras de ressuscitação", afirmou Flávia.
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O começo
"Um neurologista já havia avaliado minha filha e apontado que, muito provavelmente, ela tinha a síndrome de Bertolotti, uma condição congênita que causa dor nas costas. Além disso, um ortopedista indicou uma cirurgia na coluna, mas a Natália e outros médicos desaconselharam a Letícia a passar por esse procedimento, que seria muito invasivo", explicou a mãe.
A primeira aplicação inadequada, de acordo com Flávia, foi realizada no final de agosto. Quase um mês depois, Letícia sentiu fortes dores e procurou novamente Natália, que aplicou a injeção que resultou em graves complicações de saúde.
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Quase um mês depois, Letícia sentiu fortes dores e procurou novamente Natália, que aplicou a injeção que resultou em graves complicações de saúde. Foto: Ilustrativa| Pexels
Danos neurológicos graves
Após a aplicação da medicação, Letícia teve uma parada cardiorrespiratória e sofreu hipóxia, ocasionando danos cerebrais. O relatório médico do atendimento em Belo Horizonte descreve que, durante o trajeto ao hospital, Letícia vomitou e perdeu o pulso. A parada cardiorrespiratória, que durou 18 minutos apenas dentro da unidade de saúde, causou convulsões na paciente.
A médica responsável pela aplicação da injeção utilizou um anestésico de uso restrito, o cloridrato de ropivacaína, que, conforme orientação do fabricante, só pode ser aplicado sob supervisão médica em ambiente hospitalar com condições adequadas para monitorização e ressuscitação de emergência. No entanto, a medicação foi administrada na residência de Natália, sem as condições necessárias.
Tratamento de alto custo
A família estima ter gastado cerca de R$ 500 mil com o tratamento de Letícia, que foi transferida para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, após um mês internada no Mater Dei. No entanto, o estado de saúde de Letícia não apresentou melhora. Em seguida, a família providenciou o retorno dela para Belo Horizonte.
Flávia relatou que tentou mostrar à médica as planilhas de gastos com o tratamento, mas Natália se afastou e não quis mais saber da situação. "É doloroso pensar que elas eram melhores amigas desde a infância, e minha filha chegou a fazer um discurso lindo no casamento dela", disse a mãe.
* Com informações do SBT News
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