Brasil ainda gasta muito e mal em sistemas de tecnologias da saúde, afirma cientista
Brasil ainda gasta muito e mal em sistemas de tecnologias da saúde, afirma cientista
O médico, pesquisador e presidente da Associação Brasileira de Economia da Saúde, Sebastião Loureiro, disse nesta quinta-feira (3), que o Brasil ainda gasta muito e mal em sistemas de tecnologias da saúde. Loureiro está coordenando o VI Seminário Gestão Tecnológica e Inovação em Saúde, que ocorrerá até esta sexta-feira (4), no Bahia Othon Palace Hotel, em Salvador.
Para o cientista baiano e professor emérito do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, no país a tecnologia precisa influenciar políticas de saúde de estado. ?Não só a tecnologia relacionada a aparelhos, mas à medicina e processos organizacionais, que podem ser aplicadas num sistema global de saúde.
Ele defende que haja um processo hierárquico para a modernização, sobretudo nos sistemas públicos. ?É preciso organizar o sistema de saúde com mais qualidade, utilizando mais a hierarquia dos procedimentos. Às vezes as pessoas são encaminhadas para fazer exames mais complexos, quando poderia resolver com procedimentos mais simples. Isso faz com que haja mais custos não só financeiros, como de tempo?, avalia.
Atualmente, o Brasil tem um orçamento de R$ 110 bilhões para a Saúde. Entretanto, mais de 10% dos recursos foram cortados. O grande desafio dos pesquisadores é saber quanto exatamente custa cada paciente para o Sistema Único de Saúde (SUS).
A economista Rosa Maria Marques, presidente da Associação Brasileira de Economia da Saúde afirmou que alguns países cuja gestão é universalizada, assim como faz o governo brasileiro, o orçamento chega a ser duas vezes maior. ?Entretanto, esse recurso pode ser maximizado com uma gestão mais eficiente dos gastos.
Ela pondera que já se avançou muito, embora o país esteja longe do ideal. ?Há hospitais de excelência, que consideramos top, mas que ainda estão engatinhando na questão da gestão?, afirmou.
Ela ressalta ainda que no SUS já existe um departamento de economia da saúde e tecnologia e isso já avançou.
Sebastião Loureiro concorda, mas reitera que é preciso aprimorar mais a produção de equipamentos, vacinas e medicamentos. ?Hoje o Brasil é mais importador e as dificuldades econômicas vão adiar esse planejamento?, conclui.
Bahia e Paraíba são referência em controle de gastos
Os estados da Bahia e da Paraíba já contam com 23 unidades hospitalares, cada, com sistemas de gestão de custo implantados. Na Bahia, há um Núcleo de Economia da Saúde, vinculada à Secretaria da Saúde do Estado, que faz a gestão dos gastos, em parceria com o Governo Federal. ?Tratar do custo é uma ferramenta gerencial e facilita a lidar com a alocação dos recursos na ponta, sabendo o peso de cada repasse?, afirmou Shirleyane Brasileiro, gestora do programa de gerenciamento de custos na Saúde do Governo da Paraíba.