Após denúncia do Aratu On, MP faz operação contra milícia dentro do batalhão da PM de Paulo Afonso

Cerca de três meses após a reportagem do Aratu On denunciar com exclusividade um esquema de extorsões, homicídios, ameaças e torturas que teria sido praticado entre os anos de 2017 e 2019 por policiais militares lotados no 20º Batalhão (Paulo Afonso), sob o comando do tenente-coronel Carlos Humberto Moreira - o "Cachorrão"-, foi iniciada, na manhã desta quinta-feira (29/10), uma operação denominada "Alcateia".

Liderada pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por meio do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Grupo Especial para o Controle Externo da Atividade Policial (Gacep), a ação cumpre mandados de prisões temporárias e de busca e apreensão no municípios de Paulo Afonso, Feira de Santana, Salvador e Petrolina, no Estado de Pernambuco. 

De acordo com o MP, foram apurados indícios "veementes" da prática de diversos crimes de homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa, além de outros delitos típicos de atividade de milícia, como tortura e extorsão. A confirmação das suspeitas da PM, que dá continuidade ao processo, foi registrada no dia 15 de junho, no chamado Boletim Geral Reservado (BGR), uma espécie de diário oficial da instituição. 

A publicação, obtida com exclusividade pelo jornalismo do Aratu On, coloca o então comandante do 20º BPM, tenente-coronel Carlos Humberto da Silva Moreira - o "Cachorrão" -, como "líder do grupo criminoso". Além dele, é citado também no processo o nome de um outro oficial, o capitão Rodolfo Vieira.

Com base nesses indícios, diz ainda o MP, foram deferidos pela 1ª Vara Crime, Júri, e Execuções Penais da Comarca de Paulo Afonso os pedidos do MP de prisões temporárias de seis policiais militares, buscas e apreensões em endereços residenciais dos investigados e batalhões.

Mesmo com a investigação em curso na PM, Humberto Moreira chefiava o 1º BEIC, um Batalhão de Ensino, Instrução e Capacitação localizado em Feira de Santana, cidade onde houve desdobramento da ação desta quinta. Ele tomou posse na unidade em julho de 2019. Agora, deixará a função.

A Justiça acatou o afastamento do oficial das funções públicas pelo período de 180 dias. Ele também está proibido de acessar todas as unidades da corporação. Humberto "Cachorrão" também não pode manter comunicação com outros membros da PM e de utilizar dos serviços da Instituição Militar.

Equipes da PRF cumpriram mandado de busca e apreensão em uma residência de um integrante da organização em Paulo Afonso. Os policiais localizaram uma arma de fogo, havendo a prisão em flagrante de uma pessoa, de identidade não revelada. A operação contou ainda com o apoio do Gaeco do MP de Pernambuco, da Corregedoria da SSP, da Corregedoria da PM, da Polícia Civil, do Batalhão de Choque da Polícia Militar e do DPT.

PRISÕES DE PMS

A Polícia Militar baiana vive, nesta semana, um período conturbado. Com estes seis mandados em Paulo Afonso, sobe para 16 o número de agentes investigados por envolvimento em crimes no período de quatro dias. Na segunda-feira (26/10), nove que atuavam na 14ª Companhia Independente, no bairro do Lobato, em Salvador, foram presos. Na terça (27/10), um PM foi preso por suspeita de extorquir agiotas em Feira de Santana. 

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