“Filhos de militares envolvidos”, diz vítima de assédios após escândalo no Colégio Militar
“Filhos de militares envolvidos”, diz vítima de assédios após escândalo no Colégio Militar
Depois que acompanharam a repercussão dos casos de assédio dentro do Colégio Militar de Salvador, Carolina* e Raiana* tomaram coragem e resolveram abrir o jogo. Elas procuraram o Aratu Online para relatar os casos de assédios moral e sexual que testemunharam e até sofreram dentro da unidade, localizada no bairro da Pituba. As identidades de ambas serão preservadas nessa reportagem, por isso o asterisco inserido nos nomes, que são fictícios.
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Carolina*, com medo de sofrer retaliações dentro do colégio, aceitou falar com a reportagem por telefone. A entrevista você vai ouvir abaixo, com o áudio editado para que a voz da adolescente não seja identificada. Durante a conversa com o Aratu Online, ela lembrou o fato que tornou os casos de assédio públicos: uma conversa entre seus próprios colegas, meninos. No grupo deles, criado no Instagram, havia referências sexuais e racistas. Sem citar nomes, a jovem diz que alguns dos estudantes envolvidos no caso são filhos de oficiais do Exército Brasileiro.
Raiana* confirma a história e diz que, para ela, descobrir as conversas foi constrangedor. “[Tive] muita revolta, ‘né’? É triste ver que pessoas que estão ao seu lado pensam aquelas coisas quando olham para você e para suas amigas. Uma mistura de nojo, tristeza e medo”, disse. Assim que o teor do que era dito no grupo dos meninos veio a público, Raiana* entrou em contato com algumas colegas e descobriu que várias delas tinham sido vítimas ou tinham conhecimento sobre história de assédio ocorridas na instituição.
“Várias das situações [relatadas] eram de Salvador, como o caso do soldado que pediu um beijo em troca de pegar um livro na biblioteca. Lá [no Colégio Militar de Salvador] acontecem palestras sobre como não podemos usar certos tipos de roupa, para não chamar atenção dos meninos, inclusive roupas íntimas. Além disso, eles [professores] pedem para algumas meninas alisarem os cabelos para entrar no padrão “, assegurou.
O caso do soldado relatado por Raiana* foi um dos que mais chamaram atenção depois que o escândalo veio a público.
REPERCUSSÃO
A primeira reportagem do escândalo foi publicada na segunda-feira (22/10) pelo Aratu Online. Logo depois, casos que nunca foram relatados por ex-alunas do Colégio Militar apareceram em grupos de faculdades e escolas.
Na terça-feira (23/10), o comando da unidade enviou um comunicado aos pais e responsáveis sobre o caso. ?É preciso conscientizá-los da responsabilidade do uso consciente da internet, que saibam dizer não diante de desafios apresentados e que possam representar riscos à saúde, integridade física ou até incitar ações que possam ir contra valores ensinados pela família e pela escola?, diz um trecho do documento.
No mesmo texto, a direção do Colégio Militar afirma que “desconhece e repudia a participação de professores e militares em atos ou propagação de conteúdos sobre assédio moral e sexual” na unidade de ensino. Uma sindicância interna foi instaurada para apurar os casos.
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