Um ano e três meses após tragédia, moradores do Barro Branco sentem novos deslizamentos: “o medo de morrer voltou”
Um ano e três meses após tragédia, moradores do Barro Branco sentem novos deslizamentos: “o medo de morrer voltou”
Moradores da comunidade do Barro Branco, na Avenida San Martín, continuam a sofrer com as ameaças de deslizamentos de terra. A Prefeitura investiu R$ 7,7 milhões em obras de contenção de encosta, mas ainda sim o pânico continua a assombrar o local um ano e três meses após 11 pessoas morreram soterradas e famílias perderem suas casas.
Em denúncia ao Aratu Online, a moradora Edilene dos Santos Sapucaia conta que teve que abandonar sua casa desde a tragédia, em abril de 2015, para morar de aluguel ? pago com o benefício concedido pela prefeitura para as vítimas do desabamento. O chamado aluguel social.
Após 13 parcelas do benefício, no valor de R$ 300, Edilene conta que parou de receber o dinheiro em maio deste ano. ?Eu estou morando de aluguel desde o ano passado, mas em abril desse ano, um engenheiro esteve aqui na minha casa no Barro Branco para fazer uma vistoria e disse eu poderia voltar pra casa, mas que quando chovesse era pra eu ir morar de aluguel novamente?, afirmou a dona de casa.
Procurada pelo Aratu Online, a Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps) ? responsável pelo auxílio ? explicou que, após a visita do engenheiro, foi gerada uma nova etapa burocrática para Edilene. Ainda segundo a assessoria de imprensa da pasta, a moradora deverá preencher um relatório socioeconômico na Secretaria da Defesa Civil. O documento então será encaminhado para a Semps e Edilene poderá voltar a receber o auxílio.
Além do auxílio, a moradora chama a atenção para o risco iminente de soterramento. ?Minha casa fica na parte de baixo do morro. Logo acima de mim mora uma vizinha que me disse que sentiu que a casa dela está abaixando porque o barro está cedendo com as chuvas?, disse.
A moradora conta que ela e os vizinhos tiveram que colocar lonas e plásticos improvisados sobre a terra para impedir o deslizamento com as chuvas. “A gente liga pra prefeitura, denuncia o que está acontecendo, mas eles não fazem nada. Nós (os moradores) é que tivemos que colocar a mão na massa e cobrir a terra com plásticos presos em arames”, afirmou.
Desempregada e agora sem receber o aluguel social, Edilene conta que terá que voltar para o Barro Branco junto com seu marido, também desempregado, e seus três filhos. ?Da última vez o barro invadiu minha casa. Morro de medo de as casas caíram em cima da minha e matar minha família. Agora eu já sei que todo o pesadelo vai voltar e quando chover forte eu vou ter que correr pra casa dos meus vizinhos que não têm casas acima da deles?, disse.