Enem dos Concursos terá provas a cada dois anos, prevê ministra
Ministra Esther Dweck afirma que tornar Enem dos Concursos uma política permanente evitará “choques geracionais”
Por Júlia Naomi.
“A nossa ideia é que a gente possa deixar tudo pronto para que essa política se torne uma política permanente”. Com essa declaração, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck anuncia o objetivo de tornar o Concurso Nacional Unificado (CNU), também chamado Enem dos Concursos, uma prova bianual. A afirmação foi feita nesta terça-feira (8), durante o programa Bom Dia, Ministra, transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Em 2025, acontece a segunda edição do processo seletivo, que está com inscrições abertas até o dia 20 de julho. Apesar disso, o prazo para solicitar isenção da taxa de inscrição termina nesta terça-feira (8). Nesta edição do CNU, são 3.652 vagas ofertadas em 32 órgãos públicos de todo o país.
A ministra relata ter o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como referência para a transformação do Enem dos concursos em uma prova de recorrência programada. “Nessa lógica que eu acho que toda política permanente deve ter, como é o Enem. Faz a primeira edição, aperfeiçoa para a próxima, até o momento que fica tão tranquilo, que você entra em um certo voo de cruzeiro. A gente está trabalhando com essa lógica”, afirma Esther Dweck.
Ela explica que a segunda edição do CNU foi realizada em 2025, após um ano da primeira edição, pois 2026 é um ano eleitoral, o que impõe restrições à aplicação do concurso. Dweck acrescenta que com a promoção recorrente do concurso, as vagas serão distribuídas ao longo dos anos de forma ideal, evitando “grandes choques de gerações” no serviço público.
“A gente espera que a partir de 2027 ele [o CNU] volte, e tenhamos novas edições. Acho que a ideia de ser bianual seria uma ideia bem razoável, de dois em dois anos, porque a gente olha, inclusive, que o ideal do serviço público são concursos para menos vagas para cada área. Mas, obviamente, somadas dão muitas vagas, e de forma mais perene e mais frequente, para que a gente não tenha grandes choques de gerações”, pondera.
Ministra considera déficit trabalhadores no serviço público nos últimos anos
Esther Dweck também afirma que está atuando para que a execução do concurso a cada dois anos seja viabilizada. “A gente está trabalhando para isso. Estamos documentando, estamos fazendo junto com várias instituições para que isso seja um conhecimento que fique no serviço público federal e que possa, então, ser replicado mais para frente”, disse.
Dweck argumenta pela necessidade de realizar concursos, uma vez que, segundo ela, entre 2010 e 2023, mais de 240 mil servidores do Executivo Federal encerraram suas carreiras no setor público. Ela ainda acrescenta que há previsão de que 180 mil pessoas se aposentem do serviço público nos próximos 10 anos.
“Pela falta de concurso que houve em um período recente, a gente tem uma média de idade muito avançada. Então, a gente tem uma preocupação em repor as saídas anteriores, porque houve concurso, mas não foi para as mesmas áreas onde houve saída. Então você teve um saldo líquido muito negativo em algumas áreas, onde você tem uma perda gigantesca de pessoas”, declara.
De acordo com a chefe da pasta de Gestão e da Inovação, a recomposição do quadro de servidores públicos do país ainda está abaixo das saídas nos últimos anos, não só devido a restrições orçamentárias, mas também por conta de avanços tecnológicos. “A digitalização faz com que a gente precise de menos servidores, mas não significa que não precisa contratar servidores”, observa.
Saiba mais sobre o Enem dos Concursos
Em 2025, o Enem dos Concursos terá dois dias de aplicação. No primeiro, 5 de outubro, acontecerá a prova objetiva. Os candidatos que obtiverem a pontuação mínima poderão fazer a segunda etapa, uma prova discursiva, no dia 7 de dezembro.
As provas, que têm estrutura diferenciada para cada nível de escolaridade (médio, técnico e superior), serão aplicadas em 228 cidades de todos os estados do país, além do Distrito Federal. Em menos de 24 horas após o lançamento, o CNU já contabilizava mais de 100 mil candidaturas distribuídas entre todos os nove blocos temáticos.
Nesta segunda edição do processo seletivo, será aplicada uma política afirmativa inédita, com a equiparação percentual de gênero, caso menos de 50% dos aprovados para o segundo dia de prova sejam mulheres.
A primeira edição do Concurso Público Nacional Unificado aconteceu em 18 de agosto de 2024 e integrou em uma única prova processos seletivos de 21 órgãos do governo federal. Mais de 2 milhões de pessoas se candidataram às 6.640 vagas ofertadas, mas apenas 970.037 compareceram.
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