Brasil reduz taxa de analfabetismo, mas enfrenta desafios, aponta IBGE
Apesar da redução histórica da taxa de analfabetismo, dados do IBGE mostram desigualdades por idade e raça
Por Rosana Bomfim.
Nesta segunda-feira (8/9), o Brasil celebra o Dia Mundial da Alfabetização, data instituída pela ONU em 1967 para reforçar a importância do letramento como instrumento de desenvolvimento social e econômico. No país, a ocasião é marcada por uma análise detalhada do IBGE. Dados do instituto mostram que, em 2024, 9,1 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais ainda eram analfabetos, equivalente a 5,3% da população, melhor resultado da série histórica, iniciada em 2016.
Apesar disso, o número absoluto revela que o desafio persiste, especialmente entre idosos e grupos racializados. Entre pessoas com 60 anos ou mais, 14,9% não sabiam ler nem escrever, sendo 21,8% entre pretos e pardos, contra 8,1% entre brancos.
O Ministério da Educação (MEC) atua para reduzir essas disparidades por meio de programas estruturados, como o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA) e o Pacto pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos (Pacto EJA).
O CNCA, que abrange praticamente todos os estados e municípios do país, tem focado na alfabetização até o 2º ano do ensino fundamental. Em 2024, o Indicador Criança Alfabetizada mostrou que 59,2% das crianças das redes públicas foram alfabetizadas, um aumento de 3,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
O programa inclui ações como o Pro-LEEI, voltado à formação continuada de educadores da educação infantil, e os Cantinhos da Leitura, instalados em cerca de 51 mil escolas, que incentivam a leitura contextualizada e inclusiva.
Até o momento, 600 mil professores e gestores receberam capacitação, com investimento superior a R$ 700 milhões.
Para jovens e adultos, o Pacto EJA prevê 3,3 milhões de novas matrículas nos próximos quatro anos e mobiliza investimentos superiores a R$ 4 bilhões.
O programa prioriza populações vulneráveis, incluindo rurais, indígenas, quilombolas e pessoas privadas de liberdade, e reforça iniciativas como o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), que oferece 900 mil vagas em 2.786 municípios.
Em 2025, o PBA registrou 92 mil novas matrículas em 6.870 turmas distribuídas entre áreas urbanas e rurais.
Além disso, o MEC lançou iniciativas complementares, como o Pé-de-Meia EJA, beneficiando 170 mil estudantes nos últimos dois anos, e a Medalha Paulo Freire, que reconhece práticas inovadoras de educação de jovens e adultos.
Embora o Brasil tenha reduzido o analfabetismo de 11,5% em 2004 para 5,3% em 2024, o cenário ainda evidencia desigualdades etárias e raciais que exigem políticas de alfabetização contínuas e adaptadas às realidades locais.
Os programas do MEC demonstram avanços concretos, mas consolidar a alfabetização plena será um processo gradual, que depende da articulação entre governos, escolas, educadores e sociedade civil.
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