Cultura

A luta pela monocultura do abadá: após oito anos Os Palhaços do Rio Vermelho mantém tradição

A luta pela monocultura do abadá: após oito anos Os Palhaços do Rio Vermelho mantém tradição

Por Da Redação

A luta pela monocultura do abadá: após oito anos Os Palhaços do Rio Vermelho mantém tradiçãoDivulgação

O início foi em 1986, na Rua Ilhéus, no famoso bairro do Rio Vermelho onde o artista plástico Ruy Santana percebeu que a rua não estava mais interessante para brincar o carnaval e a fantasia já tinha sido substituída por mortalhas e abadás. Daí surgiu o Movimento Cultural Palhaços do Rio Vermelho, resgatando a fantasia, os desfiles das marchinhas dos antigos carnavais principalmente o Bando Anunciador do Carnaval, que existia no Rio Vermelho na década de 50/60. A manifestação compõe a diversidade e a preservação do bairro no verdadeiro pré-carnaval de cunho popular.


?No começo éramos 20, só confeccionávamos as perucas e a fantasia era livre, a maquiagem ficava por conta dos amigos artistas plástico. A intenção era sair com atitude, minha causa principal de atitude era a minha forma de protestar com alegria e brincadeira. Um protesto contra a monocultura do abadá?, revela.


O símbolo do paradoxo, do tudo ou nada, da alegria ou da tristeza, da sabedoria ou da ignorância, dos opostos complementares, tornou-se referência para outros blocos.


?Tivemos um período afastados da folia momesca e na nossa volta levamos Os Palhaços para dentro dos Mascarados, em 2010, até formamos uma ala de palhaços. Aí foi o impulso que precisávamos para retornar, mas com uma condição – ser no Rio Vermelho. Deixamos de ser bloco dos Palhaços passamos a ser Movimento Cultural Palhaços do Rio Vermelho. O ciclo histórico da nossa atitude tinha criado uma atitude mais ampla. A aceitação irrestrita e adesão da comunidade do bairro era de total apoio?, explica Ruy.


Para o desfile de 2018, os Palhaços vão intensificar ainda mais a sua atuação, ampliando as intervenções artístico-cultural no bairro. O Movimento vai aproximar várias linguagens artísticas como artes plásticas, circenses e teatrais, através de ações que vão transformar o Rio Vermelho em um grande picadeiro cultural.


A ideia é promover eventos que vão levar aos espaços públicos e privados milhares de pessoas, entre crianças, jovens e adultos que, movidos pela magia da figura do palhaço, transmitam a alegria e a leveza do circo, dos antigos carnavais sem cordas e a cultura da paz.


Apresentação


Com um público estimado de 6 mil pessoas desfilando pelas ruas do bairro do Rio Vermelho, gratuito, sem cordas, muita fantasia e participação da comunidade do bairro, com a presença de crianças, jovens, adultos e idosos, turistas, artistas e baianos de todas as partes. O desfile dos Palhaços do Rio Vermelho é um tributo à diversidade, à paz e à alegria.


A concentração será às 17h, na Quadra Esportiva na Rua da Paciência, com maquiadores, pernas de pau, malabaristas, palhaços, baianas, grupos folclóricos e culturais que animam a população do bairro para o cortejo, que seguirá até a Rua Fonte do Boi, acompanhado pela Banda Marmelada, Grupo Folclórico Zambiapunga de Taperoá, Os Enlatados de Madre de Deus (Bloco da Latinha), Ala das Baianas, Bagunçaço, As Xicas, Pau de Fita, grupo circense, entre outras manifestações. O desfile sai às 19h em direção as Ruas Odilon Gomes e Guedes Cabral, finalizando na Fonte do Boi.


Zambiapunga de Taperoá


O zambiapunga é uma herança africana. Ele chegou à Bahia trazido pelos negros bantos, escravizados na região do Congo-Angola e usados na Bahia para o incremento de atividades agrícolas, plantio de canaviais do Recôncavo e de grandes extensões de dendezeiros na região do litoral Baixo-Sul. É exatamente nesta região onde se concentra o zambiapunga, um folguedo que não existe em nenhum outro lugar do Brasil. Na África, até hoje há festas de mascarados com este mesmo nome, feitas para homenagear os ancestrais.


Na cidade baiana de Taperoá, onde a tradição é mais forte, a festa acontece, tradicionalmente, na madrugada de 1º de novembro, dia de Todos os Santos e véspera de Finados.


Grupo Cultural Bagunçaço


A mobilização denominada Movimento de Bandas de Lata teve início em 1991 e foi institucionalizada em 1992, com o nome de Grupo Cultural Bagunçaço. O Bagunçaço possui um trabalho que vai além das fronteiras de sua unidade central e atinge organizações comunitárias e inúmeras escolas da região. Mantém em Moçambique o projeto ?Instituto Juvenil Bagunçaço?. Todos os projetos desenvolvidos têm como propósito retirar as crianças das ruas. Acredita que a arte-educação é a chave que abre a possibilidade de transformar um anônimo em sujeito de sua própria história, da sua comunidade e do seu grupo étnico.


Proporcionar a crianças e adolescentes dos Alagados, atividades culturais e artísticas a fim de ocupar o tempo ocioso, evitando que os mesmos façam parte das estatísticas de criminalidade do país. O projeto irá promover oficinas musicais, de informática, de TV e de reforço escolar, com o objetivo de desenvolver o senso crítico, ecológico e a cultura da paz do indivíduo.


Os Enlatados de Madre de Deus (Bloco da Latinha)


Através da magia da figura do Palhaço, o nosso desfile dá a todos a possibilidade de participar de um grande circo a céu aberto, com interação entre as atrações circenses e os foliões. Propomos a criação de um espaço onde a beleza e a alegria do circo estão presentes de forma participativa.


Através da magia da figura do Palhaço, o nosso desfile dá a todos a possibilidade de participar de um grande circo a céu aberto, com interação entre as atrações circenses e os foliões. Propomos a criação de um espaço onde a beleza e a alegria do circo estão presentes de forma participativa.


Homenageados


Sr. Manteiga – Joaquim Manoel dos Santos.


80 anos, é o pescador mais antigo da colônia Z1, seu número de inscrição é 11. Em 67 anos de pescaria, ele se especializou em tarrafa de mergulho e de rede, uma raridade. Pescava agulha, xaréu, guaricema e petitinga, o que viesse na rede. É um dos fundadores da festa de Iemanjá, também participa da Galeota ?Gratidão do Povo?, há 43 anos faz parte da procissão do Bom Jesus dos Navegantes, sendo um dos marujos mais antigos.


Carmela Talento


Jornalista e moradora antiga do Rio Vermelho. Já foi repórter, editora, coordenadora chefe de assessoria, assessora de imprensa e secretária de comunicação. Antenada, acompanha de perto a política e tem a certeza que o Brasil só vai mudar quando a educação for tratada como prioridade máxima. A simplicidade é a sua principal característica. É a criadora do blog do Rio Vermelho.


Reisado


Pelos Palhaços do Rio Vermelho já passaram grandes artistas representando reis e rainhas, como a Baiana Claudinha do Acarajé (filha de Dinha do Acarajé), Carla Visi, Gerônimo Santana, Márcio Mello, Lazzo Matumbi, Sylvia Patrícia, Magary Lord, Armandinho Macedo e Marcia Castro. Esse ano os representantes da realeza são:


Andrezão Simões


Figura conhecida de todos, nosso novo Rei é uma pessoa que não passa despercebida, não só pela sua simpatia, mas também pela sua altura. Grande! Grande figura humana, grande radialista, grande agitador cultural. Comandante do Programa Roda Baiana, da Rádio Metrópole, oportuniza aos novos talentos da Bahia a mostrarem seus trabalhos, podemos dizer que ele é além de tudo isso, um pai e marido dedicado. Esse reisado será recheado de alegria e muito amor. Vida longa ao Rei!!!


Márcia Short


Com mais de 30 anos de carreira, nossa Rainha é um ícone da música baiana, integrou as bandas Papaléguas, Bamdamel e Bandabah. Seu canto potente, sua presença marcante nos palcos, seu empoderamento como mulher negra, filha de Oyá, faz de Marcia Short rainha em sua vida. Mãe de dois filhos, Daniel e Valentina, luta pelos seus direitos, seu povo, sua música, sua família. É um grande exemplo de garra e superação, tudo isso regado de muita alegria, coisa que não vai faltar no seu reinado.


Camisas Colaborativas


Os Palhaços do Rio Vermelho têm a tradição de lançar, anualmente, uma camisa promocional que são vendidas para a renda ser revertida para o desfile (cobrir os custos). Cada ano um artista plástico é convidado para ilustrar a camisa. Artistas como Bel Borba, Cau Gomez, Ruy Santana já assinaram as criações. Em 2018 foi a vez de Ray Vianna. As camisas são vendidas por R$ 40 cada e estão disponíveis até o dia do desfile na Tropos, Pós Tudo, Boteco do França e Bar do Bahia (todos no Rio Vermelho).


Lavagem da escultura Odoyá (de Ray Vianna)


Esse ano, antes do desfile dos Palhaços, o artista Ray Vianna (que assina a camisa dos Palhaços em 2018) vai promover a Lavagem da sua escultura, intitulada Odoyá, que fica na Praia de Santana. O evento começará às 15h e se unirá ao desfile dos Palhaços.


Serviço:


A luta pela monocultura do abadá após oito anos Os Palhaços do Rio Vermelho mantém tradição 1

Foto: Divulgação


Desfile Palhaços do Rio Vermelho


Quando: 27 de janeiro de 2018


Horário: Concentração às 17h e saída do desfile às 19h


Onde: Quadra Esportiva na Rua da Paciência


Reis: Andrezão Simões e Márcia Short


 


Acompanhe nossas transmissões ao vivo e conteúdos exclusivos no www.aratuonline.com.br/aovivo e no facebook.com/aratuonline.


Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Aratu On

O Aratu On é uma plataforma focada na produção de notícias e conteúdos, que falam da Bahia e dos baianos para o Brasil e resto do mundo.

Política, segurança pública, educação, cidadania, reportagens especiais, interior, entretenimento e cultura.
Aqui, tudo vira notícia e a notícia é no tempo presente, com a credibilidade do Grupo Aratu.

Siga-nos

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria. Conheça nossa Política de Privacidade e consulte nossa Política de Cookies.