A RESISTÊNCIA É FEMININA: Filhas de Gandhy enchem a avenida de axé e de luta por emancipação
A RESISTÊNCIA É FEMININA: Filhas de Gandhy enchem a avenida de axé e de luta por emancipação
Na tarde desta segunda-feira (27/2), todo o pessoal mandou descer para ver as Filhas de Gandhy, que desfilaram logo atrás da versão masculina do bloco afro, mais antiga e famosa. Elas, porém, tomaram a Avenida Oceânica, no Circuito Dodô (Barra-Ondina), com a mesma força do que os homens.
“Poderíamos estar todos juntos, não me agrada a ideia de desfilarmos atrás deles”, critica Asenate Franco, de 49 anos, na sua primeira vez vestida com os colares brancos, com o turbante e com a fantasia remetendo às vestes indianas.
LEIA MAIS: Rui Costa acompanha saída dos Filhos de Gandhy ao lado de Gilberto Gil
Embalada pelo Ijexá que tocava no trio, Asenate dançava com as amigas e com a filha, Lays Franco, de 25 anos, a quem trouxe da Boca do Rio para que a acompanhasse na sua estreia na avenida. “As Filhas de Gandhy representam muita coisa para as mulheres negras da Bahia”, defende a assistente social.
A versão feminina do famoso Afoxé nasceu em 1980, com o objetivo de integrar as mães, filhas e irmãs dos Filhos de Gandhy. Em 2017, porém, com cerca de 700 associadas, o bloco se tornou um espaço de produção cultural e artística levado em frente unicamente por mulheres.
LEIA MAIS: TRADIÇÃO: Samba, comida e muitos protestos marcam a Mudança do Garcia 2017
“As Filhas trazem essa resistência, esse empoderamento. Todo mundo conhece os Filhos, mas e quanto a nós? As pessoas precisam nos conhecer também!”, advoga a jornalista Suzana Batista, de 31 anos, dez deles seguindo as companheiras do Afoxé. Para a moradora da Ribeira, e para outras ouvidas pela reportagem, o bloco ainda é invisibilizado diante dos Filhos de Gandhy, louvados por Gilberto Gil e Jorge Ben e com espaço cativo no imaginário baiano.
Suzana acredita que o Afoxé traz uma força para que ela exerça a sua personalidade. A supervisora de atendimento Adriana Lima, de 40 anos, também, e exatamente por isso trouxe sua herdeira, Maria Lima, de apenas 8 anos, para o meio da avenida. “Já tem três anos que eu trago ela para o bloco. Ela, assim como todo mundo da família, já é fã”, explica ela, cujos parentes mais próximos também costumam perfumar a avenida com alfazema todo ano durante o Carnaval.
LEIA MAIS: ?VAZA?: Mudança do Garcia tem protesto contra presidente há 16 anos na Federação Bahiana de Futebol
Para quem é do Afoxé, família é algo sagrado. Assim como Adriana não desgruda de sua filha, Wellington Lucas, de 21 anos, preferiu ficar entre as mulheres, para acompanhar sua mãe e sua irmã, entre as Filhas de Gandhy. “É o mesmo axé, a mesma paz. Para mim, não faz diferença ficar entre os homens e as mulheres”, afirma o estudante, que desfila no bloco desde os 12 anos. A força que mora n’água, afinal, não faz distinção de cor.
O Aratu Online acompanhou parte do desfile dos Filhos de Gandhy ao vivo. Confira:
Acompanhe nossas transmissões ao vivo e conteúdos exclusivos na página facebook.com/aratuonline e também pelo youtube.com/portalaratuonline.